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  • Paulo Jorge Pereira

António Varela lê "Em Busca do Tempo Perdido (vol. I)", de Marcel Proust

António Varela, diretor de comunicação do Comité Olímpico de Portugal, selecionou uma parte do monumental trabalho de Proust, "Em Busca do Tempo Perdido", escrito a partir de 1913.



Os sete volumes de "Em Busca do Tempo Perdido" constituem-se como obra monumental de Marcel Proust, mas a sua vida foi muito mais do que isso. Valentin Louis Georges Eugène Marcel Proust nasceu a 10 de julho de 1871, em Neully-Auteil-Passy, na região parisiense. O pai era médico, mas nem isso impediu que Marcel tivesse problemas de saúde (asma) desde muito novo. Estudante do Lycée Condorcet e extremamente dotado para tudo o que dissesse respeito à área de Letras, entre 1889 e 1890 cumpriu o serviço militar no Regimento de Infantaria em Orléans. Numa fase de boémia travou conhecimento com figuras como Charles Maurras, Anatole France e Léon Daudet ao frequentar os salões da princesa Mathilde, de Madame Strauss e de Madame Caillavent. O ofício da escrita tem início para Proust em 1892 quando, apoiado por diversos amigos, cria a revista Le Banquet e colabora com a Revue Blanche. Seguiu-se uma fase de indecisões: estudante na École Livre de Sciences Politiques, acabou por desviar-se de uma possível carreira diplomática e entrou na Sorbonne, onde acabaria por obter o bacharelato em Artes (1895). Ainda antes da aposta na Literatura desenvolveria trabalho na Biblioteca Mazarino da capital francesa e, em 1896, publicou uma obra de relatos e ensaios, "Os Prazeres e os Dias", com prefácio de Anatole France. "Jean Santeuil" é a obra em que se empenha até 1904, mas acabará por deixá-la inacabada.

Proust também se dedica às traduções, como no caso dos livros do crítico de arte inglês John Ruskin - "La Bible d'Amiens" e "Sesamo et le Lys" são exemplo disso mesmo. Entretanto, em 1903, o irmão (Robert) casa-se e abandona a casa paterna, precisamente no mesmo ano em que morre o pai. De 1905 é a morte da mãe de Proust que, apesar de ver a sua situação financeira muito melhorada em função da herança, sofre rude golpe, não escondendo a amargura da solidão e a debilidade da sua saúde. É neste contexto que resolve tornar-se uma espécie de eremita, afastando-se para escrever "Em Busca do Tempo Perdido". Ele é o protagonista numa trama que visa contar a história do seu percurso para chegar a escritor, envolvendo uma série de pensamentos acerca de temáticas como amor, o decurso do tempo, a homossexualidade ou a arte. Combray é o local da imaginação de Proust onde tudo se passa e remete para a aldeia de Illiers, na qual grande parte das suas férias na infância foram passadas. Os sete volumes, alguns deles adaptados ao cinema muito mais tarde, são publicados a um ritmo elevado: "No Caminho de Swann" (1913), "À Sombra das Raparigas em Flor" (1919), "O Caminho de Guermantes" (1921), "Sodoma e Gomorra" (1922), "A Prisioneira" (1923), "A Fugitiva" (1925) e "O Tempo Redescoberto" (1927). Mas os três últimos já são póstumos, publicados pelo irmão, uma vez que o estado de saúde de Proust sofre considerável agravamento devido ao esforço que fez para escrever praticamente sem pausas e o escritor acaba por morrer a 18 de novembro de 1922, vítima de bronquite aguda.

A 7ª Arte interessou-se várias vezes por parcelas da obra de Marcel Proust. Em 1984, pela mão do realizador germânico Volker Schlondörff, foi adaptado "Um Amor de Swann", relativo ao primeiro dos sete volumes, com Jeremy Irons e Ornella Muti; de 1999 é "O Tempo Redescoberto", realizado por Raúl Ruiz, tendo como protagonistas Catherine Deneuve e Marcello Mazzarella; finalmente, em 2000, Chantal Akerman realiza, a partir do penúltimo volume da obra de Proust, "A Fugitiva", com Olivia Bonamy, Sylvie Testud e Stanislas Merhar.


Tradução de Pedro Tamen (Relógio d'Água)

Os três últimos volumes da monumental obra de Proust foram publicados de forma póstuma entre 1923 e 1927, pois o autor morrera de bronquite em 1922.

Entre 1988 e 2017, António Varela foi jornalista no Record, desempenhando diversas missões na redação, de estagiário a membro da chefia e da direção. Nascido em Estremoz, apaixonado por futebol em particular e por Desporto e negócio em geral, os primeiros textos foram publicados no quinzenário Brados do Alentejo e enviou cartas para o Off-Side. Depois de alguns dias no jornal A Capital, o Record tornou-se uma espécie de segunda casa. Licenciado em Comunicação Social pela Universidade Nova, foi também ali que se tornou mestre em Ciências da Comunicação com uma dissertação depois tornada livro: "A Ascensão Mediática de Vale e Azevedo". E por falar em livros: criou a coleção Pippa Palito e Rafa Trivela dedicada à filha Sofia e à sua vontade de praticar futebol. Professor convidado do Mestrado em Direção e Gestão Desportiva (Universidade de Évora), é diretor de comunicação do Comité Olímpico de Portugal. Está a preparar o doutoramento em Ciências da Comunicação na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova com o tema "Jornalismo Desportivo em Portugal - Os Efeitos da Internet na Quebra de Vendas das Edições Impressas (1996-2020)".

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