Entre 30 de maio e 3 de junho vai estar em Lisboa com o novo livro, intitulado "Dia". Mas aqui recorda-se uma leitura de outra obra de Michael Cunningham: "As Horas". Este foi o primeiro título de "Mrs. Dalloway", escrito por Virginia Woolf. E Cunningham aproveita a ideia-base do livro de Woolf para abordar a vida da escritora sem limitar a imaginação e, acima de tudo, para mostrar como a sociedade patriarcal trata as mulheres.
Michael Cunningham nasceu em Nova Iorque, a 6 de novembro de 1952, tendo passado parte da fase inicial da existência em Cincinnati, no Ohio. Estudaria Literatura Inglesa, licenciando-se na Universidade de Stanford em 1975. Mas não parou a sua formação por aqui e, matriculado na Universidade do Iowa, conseguiu cinco anos mais tarde um mestrado em Belas Artes. Começou a publicar em diversas revistas ainda nos anos 80 até colocar o livro "Golden States" no mercado em 1984. Foi, contudo, a partir de 1989, quando um dos seus contos ("White Angel") entrou na antologia de Best American Short Stories, que ganhou alguma evidência. No ano seguinte, o seu romance "Uma Casa no Fim do Mundo" recebeu elogios de forma generalizada, foi adaptado ao cionema e desbravou caminho para que Cunningham obtivesse, em 1993, uma bolsa Guggenheim. "Sangue do Meu Sangue" (1995) foi o romance seguinte, mas não seria ainda esse o passo mais determinante na sua carreira.
Com "As Horas", homenagem ao livro e à autora que o fizeram sonhar com a profissão de escritor, Cunningham foi distinguido duplamente, uma vez que recebeu o Pulitzer, mas também o PEN/Faulkner, sempre na categoria de ficção. Escrito em 1998, a obra teve adaptação ao grande ecrã em 2002 com realização de Stephen Daldry e interpretações de Nicole Kidman, Julianne Moore, Meryl Streep, Ed Harris, John C. Reilly e Claire Danes e valeu o Óscar de melhor atriz a Kidman. É uma hábil abordagem do escritor à vida de Virginia Woolf, aproveitando a ideia da escritora para "Mrs. Dalloway" (que começou por chamar-se "As Horas"), mas, sobretudo, incluindo outras histórias, e mostra como a sociedade patriarcal trata as mulheres.
A partir daqui, passou a ser um escritor com muito mais popularidade, publicando "Dias Exemplares" (2005), "Ao Cair da Noite" (2010) e "A Rainha da Neve" (2014) antes de "Um Cisne Selvagem e Outros Contos" (2015). Em 2019, Cunningham esteve em Portugal numa residência literária. E vai voltar, entre 30 de maio e 3 de junho, agora concentrado no novo livro, "Dia".
Público (Coleção Mil Folhas)/Tradução de Fernanda Pinto Rodrigues
Aos 15 anos, quando leu "Mrs. Dalloway", de Virginia Woolf, Cunningham decidiu que tudo faria para ser escritor.
Assumidamente homossexual, Cunningham tem partilhado a sua vida, nos últimos cerca de vinte anos, com o psicanalista Ken Corbett. Em conjugação com a escrita de romances e contos, é docente de escrita criativa na Universidade de Yale.
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