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Paulo Jorge Pereira

Clara Oliveira lê "Cal", de José Luís Peixoto

A proposta de leitura de Clara Oliveira que hoje se recupera faz parte da obra "Cal", de José Luís Peixoto, escritor que já esteve em foco aqui no blog quando a atriz Débora Ribeiro leu um poema do livro "A Criança em Ruínas". Em 2020, quando esta leitura aqui se estreou, era possível participar no maravilhoso projeto Pé d'Orelha, através do qual era possível ouvir poesia pelas vozes de Clara Oliveira e Inês Severino.



O mais jovem vencedor do Prémio José Saramago (recebeu-o com apenas 27 anos) volta a estar no centro das atenções aqui no blog, depois de a atriz Débora Ribeiro apresentar, a 30 de junho de 2020, um poema da obra "A Criança em Ruínas", que foi distinguida com o galardão da Sociedade Portuguesa de Autores. O próprio José Saramago se encarregou de avaliar as qualidades de Peixoto: "Uma das revelações mais surpreendentes da literatura portuguesa. É um homem que sabe escrever e que vai ser o continuador dos grandes escritores", defendeu.

E o percurso do multipremiado autor não tem defraudado essas elevadas expectativas. Muito antes dos elogios de Saramago, Peixoto nasceu na aldeia de Galveias, em Ponte de Sor, a 4 de setembro de 1974. Toda a infância e adolescência foi passada nesta zona do Alto Alentejo até ao momento em que rumou a Lisboa para os estudos superiores na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova. Aqui se licenciou em Línguas e Literaturas Modernas (especialidade de Estudos Ingleses e Alemães), seguindo-se anos como professor, missão que o levou mesmo a Cabo Verde. A estreia literária aconteceu em 2000 com a publicação de "Morreste-me" e, ainda nesse ano, de "Nenhum Olhar". De 2001 é a atribuição do Prémio José Saramago, distinção que ajudou na decisão de passar a ser um profissional da escrita. Logo nesse ano estreou-se na poesia com "A Criança em Ruínas", do qual aqui se apresentou um excerto.

Entre romance e poesia, José Luís Peixoto passou a publicar com regularidade: "Uma Casa na Escuridão", "A Casa, a Escuridão", "Antídoto", "Cemitério de Pianos", "Cal", "Gaveta de Papéis", "Livro", "Abraço". Em 2012 estende a sua influência às áreas de literatura de viagem ("Dentro do Segredo - Uma Viagem na Coreia do Norte") e infantojuvenil ("A Mãe que Chovia"). Quando torna a publicar é para o regresso aos romances com "Galveias" e "Em Teu Ventre". Em 2016, ganha o Prémio Oceanos para "Galveias", melhor livro do ano publicado em língua portuguesa no Brasil, segundo o júri "um mergulho no Portugal profundo, rural, com uma narrativa que alinha personagens emblemáticas desse universo arcaico" - fora finalista em 2009 com "Cemitério de Pianos" -, e volta a dedicar-se aos mais jovens ("Todos os Escritores do Mundo Têm a Cabeça Cheia de Piolhos") e às viagens ("O Caminho Imperfeito"). Entretanto, desenvolve colaboração como cronista no jornal "Ponto Final" de Macau.

A obra de Peixoto já fora abordada aqui em diferentes ocasiões: primeiro, pela voz de Débora Ribeiro, que trouxe "A Criança em Ruínas", a 30 de junho de 2020; a 8 de agosto, Clara Oliveira apresentou um trecho de "Cal"; a 30 de novembro, eu li um pouco de "Nenhum Olhar".

Hoje é Clara Oliveira quem volta com um dos contos que estão em "Cal" (onde também há poemas e até uma peça de teatro) e que se intitula "O Grande Amor do Mudo".


Quetzal Editores


Os poemas "Olhe os Seus Netos. Eles Hão-de Querer que o Avô", "As Mulheres de 80 Anos Sentam-se em Todas as Cadeiras" e "A Gente Corremos pelas Ruas da Vila" tiveram estreia na obra "Cal", publicada em 2007.

Clara Oliveira traça uma espécie de síntese de si própria: "Clara Oliveira é uma rapariga que ainda não sabe o que quer ser quando for grande. Nesse caminho da procura tem feito teatro, dito poesia, escrito e contado histórias. Tem uma companhia de teatro que se chama Sopros a par com Inês Severino. São asas de uma mesma ave." Vale a pena lembrar que Inês Severino já apresentou uma leitura aqui no blog: "Sós", de Pedro Fiúza, a 14.

Voltando a Clara Oliveira, veja-se como apresentava então algo de maravilhoso: "O último projeto voador da Sopros chama-se Pé d'Orelha. Pretende tocar os corações a quem se atrever a telefonar. Temos poemas, textos poéticos, histórias para partilhar e não custa nada:



Pé d'Orelha


Queres ouvir um poema ou uma pequena história?


Duas vozes bonitas para te fazer a vontade.


Anda, liga! Não custa nada!


928056848 Clara


919170047 Inês


Devolvemos chamada caso não nos seja possível atender. Até já!"

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