Lara Cardella escreveu "Eu Queria Usar Calças" com apenas 19 anos e o sucesso da obra levou a vendas na ordem dos dois milhões de exemplares e também a uma adaptação cinematográfica. Hoje é um trecho desse livro que aqui se apresenta.
Nascida em Licata, a 13 de novembro de 1969, recorreu a aspetos da sua própria vida numa Sicília vincadamente machista do final dos anos 80 para escrever, aos 19 anos, "Eu Queria Usar Calças". E foi tão bem sucedida que o livro teve traduções para diversos idiomas, vendeu mais de dois milhões de cópias e teve direito a uma adaptação ao grande ecrã, numa realização de Maurizio Ponzi. Ao mesmo tempo, causou escândalo na sua região e foi olhada com desdém, sobretudo pelos setores mais conservadores da sociedade. Com o estímulo inicial, Lara Cardella empenhou-se ainda mais na escrita e foi publicando outras obras: "Intorno a Laura" (1991), "Fedra Se Ne Va" (1992) e "Una Ragazza Normale" (1994). Buscava níveis de sucesso mais aproximados do que obtivera com a estreia e chegou mesmo a tentar uma espécie de regresso ao livro de estreia com "Eu Queria Usar Calças 2" (1995). Mas, embora tenha melhorado as vendas, acaba por trocar de editora.
É já com a Rizzoli que publica "Detesto il Soft" (1997) e, três anos mais tarde, "Finestre Accese", neste caso com a temática da Mafia como epicentro da trama. Os anos seguintes deixam a autora num plano mais discreto, mas, em 2009, assinalando o 20º aniversário da sua obra com mais êxito, uma reedição é publicada, incluindo uma entrevista até então inédita de Lara Cardella. "Passaram 20 anos, mas nada mudou na Sicília e a única mulher siciliana livre sou eu", afirmava nessa entrevista. Casara-se, tivera um filho, divorciara-se, tornara-se professora depois de ter trabalhado em televisão na área desportiva e de, segundo relatava, ter sido afastada devido a ações de bastidores de Luciano Moggi - antigo diretor-geral da Juventus que seria condenado a ano e meio de prisão devido ao seu envolvimento no escândalo de corrupção que ficou conhecido como "calciopoli", levando à retirada dos títulos de 2004/05 e 2005/06 à equipa de Turim que foi mesmo despromovida ao escalão secundário.
Em 2012, então já na editora Barberà, apresenta "131 km/h" e, no ano seguinte, publica "Io Non Farò Rumore". Mas não voltou a ter a visibilidade do primeiro romance.
Difusão Cultural/Tradução de M. L. Maia
Lara Cardella voltou, em 2009, a falar sobre a violação de que fora alvo por parte do então ex-marido sem que houvesse qualquer punição da justiça italiana.
Na entrevista de 2009 voltou a falar da violação de que fora alvo por parte do ex-marido, nunca punida pela justiça italiana, e também de como esteve à beira da morte nessa fase e da luta pela custódia do filho: foi salva pela amiga Loredana Bertè, ex-mulher do famoso tenista sueco Bjorn Borg, que pediu para arrombarem a porta do seu apartamento porque Lara não atendia o telefone - ingerira medicamentos e estava em coma. Transportada ao hospital, acabaria por recuperar.
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