Jornalista, crítico literário e escritor, Colm Tóibín usou a capital da Catalunha para um primeiro romance e, mais tarde, escreveu este ensaio de que se lê aqui um excerto: "Homenagem a Barcelona".
Romance, poesia, ensaio, teatro, contos: de tudo um pouco se faz a escrita do irlandês Colm Tóibín, nascido em Enniscorthy a 30 de maio de 1955. "Brooklyn", que foi adaptado ao cinema em 2015 com argumento de Nick Hornby, realização de John Crowley e Saoirse Ronan como protagonista, relata uma história da imigração irlandesa para os Estados Unidos. E, tendo em atenção a força que as suas personagens femininas costumam transmitir, o escritor é muitas vezes elogiado pelo conhecimento que revela do poder interior feminino. “Fui criado por mulheres, além da minha mãe, as suas irmãs andavam sempre lá por casa”, contou num documentário realizado pelo canal Deutsche Welle. “Conversavam muito e tudo o que diziam era muito interessante, ao contrário do que sucedia com os homens, todos demasiado rabugentos”, explicou.
Além do já referido "Brooklyn", Tóibín publicou obras como "The South", "The Heather Blazing", "A História da Noite", "O Navio-farol de Blackwater", "O Mestre", "The Testament of Mary", "Nora Webster" e "The House of Names". É também autor, entre outros, das coletâneas de contos "Mothers and Sons" e "The Empty Family". E, em "Homenagem a Barcelona" (1990), de que aqui se apresenta um excerto, é isso mesmo que está em causa: a celebração de uma cidade recheada de atrativos e que tem gerado paixões ao longo os séculos, incluindo por parte do autor, que lá viveu entre 1975 e 1978 e ali regressa com frequência, uma vez que se reparte entre Irlanda, Estados Unidos (onde ensina e vive o seu companheiro) e Espanha. Em território norte-americano ensina na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, procurando as atenções dos alunos para obras de escritores como Oscar Wilde, Beckett, Joyce, Swift, Eliot ou Wharton.
Colm Tóibín é filho de uma bibliotecária e de um professor. Foi aluno do St. Peter’s College, só aprendeu a ler quando tinha nove anos, algo que transtornava os pais, perdeu o pai, vítima de um aneurisma no cérebro, em 1968 com 12 anos e o choque levou-o a gaguejar, procurando ultrapassar o sofrimento com a escrita de poemas. Formado na Universidade de Dublin, viajou de seguida para Barcelona e voltou à Irlanda em 1978. Tudo parecia indicar que terminaria o mestrado, mas a vida alterou-lhe os planos e Colm Tóibín acabou por seguir carreira no jornalismo, dedicando-se à crítica literária (foi editor na revista Magill entre 1982 e 1985) ao mesmo tempo que preparava caminho para os seus próprios livros, alguns deles distinguidos com prémios e nomeações.
Editora Relógio d'Água/Tradução de Ana Falcão Bastos
Tóibín adora música de câmara, em especial barroca.
Homossexual assumido, o escritor empenhou-se na campanha que culminou, em 2015, com a aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo como lei na Irlanda. Três anos mais tarde, a vida sofreu inesperado abalo: diagnosticado com cancro, foi obrigado a submeter-se a sessões de quimioterapia e não pôde escrever durante dois anos. Quando recuperou, contrariando aquilo que sempre estivera convencido que aconteceria, acabou por escrever um artigo sobre os tempos vividos em tratamento e convalescença.
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