Era apenas uma adolescente quando escreveu e publicou "Mortos ou Coisa Melhor", a proposta de hoje, com um excerto da obra de Violeta Hernando. E o pai admitiu que fora um amigo português, o editor Luís Oliveira, quem lhe fizera ver que existia qualidade na escrita da filha.
"Sexo, drogas e rock'n'roll": estes são os três ingredientes principais na receita que a então adolescente Violeta Hernando usou para escrever e publicar, em 1996, o livro "Mortos ou Coisa Melhor". A própria jovem explicou ao diário El País de 12 de março desse ano como tudo se passara: "Comecei a escrever ainda com 13 anos no verão passado. Fui levada a escrever pelas perguntas que faço a mim própria sobre o mundo - as duas protagonistas do livro fazem essas mesmas perguntas, questionam-se sobre o sentido da vida e outras coisas do género", descreveu, a propósito das duas raparigas na casa dos 20 anos que fazem uma viagem pelos Estados Unidos com o objetivo de estarem num concerto de rock. "Quis contar como é a juventude de agora e como olha para uma série de coisas que os adultos tentam ignorar", disse a adolescente ao diário espanhol.
O jornal identificava em seguida algumas das principais influências da escrita de Violeta, vindas quer do universo cinematográfico (Quentin Tarantino, Oliver Stone, Gus Van Sant ou Alex de la Iglesia), quer do musical, neste caso com uma lista interminável de referências - o próprio título da obra vem de uma canção de Christina Rosenvinge -, e ainda de Barry Gifford, autor do livro "Gente Noturna". "Não sou uma menina prodígio - sou apenas mais uma rapariga que escreve como tantas outras, mas com mais sorte", resumia. O seu pai, Alberto Hernando, também falava ao jornal acerca do trabalho da filha e deixava um dado no mínimo inesperado: "Foi um amigo português, o editor Luís Oliveira, quem me fez ver que havia qualidade na escrita da Violeta", admitia. E a edição portuguesa da obra tem precisamente a chancela da Antígona, casa fundada por Luís Oliveira.
Apesar da oportunidade de publicar o livro, Violeta mostrava vontade de ser cantora e, de facto, acabou por fundar uma banda a que chamou Violet Lades, acompanhada por Eduardo Chirinos (baixo) e Toni Lopez (bateria).
Antígona/Tradução de Júlio Henrique
Em vários capítulos do livro de Violeta Hernando lá estão pedaços de letras de músicos como Lou Reed, Leonard Cohen, Nick Cave, PJ Harvey, Jimi Hendrix, The Doors ou Iggy Pop a sublinhar a importância da música na forma de a autora encarar a vida.
Nascida na Catalunha, Violeta Hernando estudava numa escola pública de Barcelona quando se estreou no mundo literário. "As minhas amigas gostaram do livro", contou ao diário El País no referido artigo. Quanto aos professores, tinha uma impressão um pouco diferente: "Não falaram comigo, mas sei que o fazem nas minhas costas."
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