"É uma das questões fraturantes da sociedade portuguesa e um dos grandes tabus", considera a jornalista Joana Gorjão Henriques acerca do tema de fundo do seu livro "Racismo no País dos Brancos Costumes" que hoje aqui regressa.
Nascida em Lisboa no ano de 1975, Joana Gorjão Henriques tem feito de grande parte do seu percurso no Jornalismo um espaço para a abordagem de temas que poucos mostram coragem para abordar. Estagiária do Público em 1999 na secção de Cultura, ali permaneceu durante dez anos, envolvendo-se na estreia do suplemento Ípsilon, do qual seria editora-adjunta entre 2007 e 2009. Uma interrupção de dois anos serviu-lhe para a bolsa de um ano relativa à Nieman Foundation for Journalism na Universidade norte-americana de Harvard e ainda para o estudo de Sociologia na London School of Economics, em Londres. Quando regressou ao diário Público, a sua integração concretizou-se na secção de Sociedade, aí passando a dedicar-se a questões do âmbito dos Direitos Humanos.
Racismo no sistema colonial e retratos das desigualdades raciais em Portugal transformaram-se em livros: "Racismo em Português" (2016) e "Racismo no País dos Brancos Costumes" (2018), de que aqui se apresenta um excerto. Entre os galardões que foi recebendo incluem-se o Prémio AMI - Jornalismo contra a Indiferença; por duas vezes o prémio de Jornalismo de imprensa escrita de Direitos Humanos e Integração, da Comissão Nacional da UNESCO; ainda em duas ocasiões, o prémio de imprensa escrita Comunicação "Pela Diversidade Cultural" do Alto Comissariado para as Migrações; o Prémio Gazeta de Imprensa; o prémio de jornalismo Corações com Coroa, nomeação para os prémios ibérico-latino Gabriel García Márquez e a medalha de ouro de Direitos Humanos da Assembleia da República.
Tinta da China (o livro inclui um DVD com as reportagens que lhe deram origem, realizado por Frederico Baptista)
Ao longo do seu percurso no Jornalismo, Joana Gorjão Henriques tem escrito sobre variados temas de Direitos Humanos como, por exemplo, racismo, violência doméstica ou migrantes.
"É uma das questões fraturantes da sociedade portuguesa e um dos grandes tabus", afirmou a jornalista numa entrevista concedida ao canal Q, a propósito de "Racismo no País dos Brancos Costumes", a 16 de maio de 2018. Em dezembro desse ano, ao agradecer a medalha de ouro de Direitos Humanos da Assembleia da República, afirmou: "Se existisse igualdade racial em Portugal não seria eu a estar aqui. Eu não represento ninguém, nem falo por ninguém. Mas se há algo que as reportagens que escrevi representam é uma falha gravíssima na democracia portuguesa que muitos têm denunciado há anos por outros meios, mas que tantos que aqui estão não ouviram. Não há democracia sem igualdade social."
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