Regresso ao momento em que a professora universitária Stefania Chiarelli escolheu "Felicidade Clandestina", obra de Clarice Lispector, apresentando um trecho do livro cuja publicação original remonta a 1971.
"Felicidade Clandestina" é, em simultâneo, um dos 25 contos que compõem o livro e o próprio título do mesmo. Lispector publicou-o em 1971, incluindo alguns contos que já conheciam publicação, pois Clarice escreveu-os a partir de 1967 sob a forma de crónicas no Jornal do Brasil, abordando temas como família, adolescência ou a sua infância no Recife. Os outros 24 contos que fazem parte da obra são os seguintes: "Uma Amizade Sincera", "Miopia Progressiva", "Restos do Carnaval", "O Grande Passeio", "Come, meu Filho", "Perdoando Deus", "Tentação", "O Ovo e a Galinha", "Cem Anos de Perdão", "A Legião Estrangeira", "Os Obedientes", "A Repartição dos Pães", "Uma Esperança", "Macacos", "Os Desastres de Sofia", "A Criada", "A Mensagem", "Menino a Bico de Pena", "Uma História de Tanto Amor", "As Águas do Mundo", "A Quinta História", "Encarnação Involuntária", "Duas Histórias a meu Modo" e "O Primeiro Beijo". Foi o quarto livro de contos da autora. "Clandestina Felicidade", uma curta-metragem de 1998, baseia-se precisamente em "Felicidade Clandestina".
A obra e a vida de Clarice Lispector foram abordadas aqui no blog, pela primeira vez, a 27 de abril de 2020 quando Inês Henriques leu um excerto de "Perto do Coração Selvagem". A 9 de julho, Stefania Chiarelli apresentou o trecho que aqui se recupera. A 15 de agosto, Maisa Barbosa leu um pouco de "Todas as Crónicas". Mais tarde, a 10 de dezembro, no Especial sobre o centenário da escritora, Inês Henriques e Sandra Escudeiro fizeram as suas propostas. Sandra Escudeiro regressou a Clarice em outubro quando leu um trecho da obra "Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres". A 1 de fevereiro de 2021, no Dia Mundial da Leitura em Voz Alta, foi Inês Henriques quem regressou ao trabalho literário da autora brasileira, propondo um pouco de "Todas as Crónicas".
Editora Rocco
"Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria", escreve Clarice Lispector no conto "Felicidade Clandestina".
Stefania Chiarelli é professora e pesquisadora de literatura brasileira na UFF - Universidade Federal Fluminense (Niterói, Brasil).
コメント