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  • Paulo Jorge Pereira

"1Q84", de Haruki Murakami

O seu nome tem sido muitas vezes mencionado sempre que se aproxima a data de divulgação do Nobel da Literatura, mas o prémio vai sempre para outros. Haruki Murakami, um dos mais populares autores japoneses da atualidade, é o protagonista na leitura de hoje com um excerto de "1Q84".




"Pessoas que estejam no meio da confusão gostam dos meus livros - por exemplo, quem vivia na União Soviética em transição para ser Rússia ou na Alemanha da queda do muro de Berlim", contou Haruki Murakami em 2018, numa entrevista ao mesmo jornal, o britânico The Guardian, que já o considerou "um dos grandes romancistas vivos". Nascido a 12 de janeiro de 1949 em Quioto, no Japão, Murakami iria estudar na Universidade de Waseda (Tóquio), com especial atenção às artes dramáticas. Mas não foi logo a escrita o centro das suas atenções profissionais, uma vez que seria proprietário de um bar de jazz (Peter Cat) de 1974 a 1982. Deitava-me às três ou quatro da manhã e a minha vida era uma enorme confusão", recordou na entrevista. "Quando decidi que seria escritor, tomei também a decisão de adotar um modo de vida saudável: deitar-me cedo, levantar-me cedo e fazer exercício físico. Devo ser forte fisicamente para escrever textos poderosos", sintetizou. Agora, é possível que saia da cama às quatro da manhã para escrever durante seis horas, ter dez páginas prontas por dia antes de uma corrida - tornou-se praticante de atletismo e chegou a entrar em ultra-maratonas - ou de ir nadar...

"Ouve a Canção do Vento" (1979) é o seu primeiro livro e a sua vida iria alterar-se de forma radical com a partida para a Europa em 1986, a que se seguiu viagem rumo aos Estados Unidos. "Norwegian Wood" (1987) assegurou-lhe a primeira grande fatia de popularidade (3,5 milhões de exemplares vendidos num ano e adaptação ao cinema) e, na referida entrevista de há dois anos no Guardian, o escritor afasta a ideia de que o seu estilo seja demasiado americanizado. "Quem cresceu no pós-guerra no Japão durante a ocupação norte-americana sabe com a sua cultura nos influenciou: ouvia jazz e música pop dos Estados Unidos, via programas de televisão deles - era uma espécie de janela para um outro mundo. Aos poucos, fui construindo o meu estilo; nem japonês, nem americano - o meu", explicou. Tradutor de Truman Capote, F. Scott Fitzgerald, J.D. Salinger ou John Cheever, Murakami tem acolhido as suas influências nos livros que publica. E não escreve apenas ficção - a propósito do atentado com gás sarin no metro de Tóquio em 1995, fez entrevistas a sobreviventes para escrever "Underground - O Atentado de Tóquio e a Mentalidade Japonesa" (2006).

Leya/Casa das Letras - Tradução de Maria João Lourenço e Maria João da Rocha Afonso


"A estrutura fundamental nas minhas histórias baseia-se na ideia de que é preciso passar pela escuridão para se chegar à luz", explicou ao diário The Guardian em outubro de 2018.

Grande parte da obra de Murakami está traduzida em português: "Sputnik, meu Amor" (2005), "Kafka à Beira-Mar" (2006), "Crónica do Pássaro de Corda" (2006), "Em Busca do Carneiro Selvagem" e "Dança, Dança, Dança" (ambos de 2007), "A Rapariga que Inventou um Sonho" e "After Dark - Os Passageiros da Noite" (os dois de 2008), "A Sul da Fronteira, a Oeste do Sol" e "Auto-retrato do escritor enquanto corredor de fundo" (ambos de 2007, este último em jeito de autobiografia), "O Elefante Evapora-se" (2010), "1Q84" (2011), "A Peregrinação do Rapaz sem Cor" (2014), "Os Assaltos à Padaria" (2015), "Ouve a Canção do Vento e Flíper" (2016), "Homens sem Mulheres" (2017), "A Morte do Comendador" (2018) e "A Menina dos Anos" (2020).

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