Chimamanda Ngozi Adichie está de regresso, agora com o livro de contos intitulado "A Coisa à Volta do Teu Pescoço". Antes passara aqui pelo blog com o pequeno-grande livro "Notas Sobre o Luto", um exercício doloroso que a escritora publicou após a morte do pai. Pouco depois disso, outra experiência de perda lhe marcou a vida, uma vez que acabou por ficar sem a mãe.
Uma dúzia de contos, outras tantas histórias em que Chimamanda Ngozi Adichie deixa marcas bem visíveis sobre aquilo que é a sua visão acerca do sofrimento das mulheres e também sobre as múltiplas incongruências dos seres humanos: assim é "A Coisa à Volta do Teu Pescoço". Entre a Nigéria e os Estados Unidos, entre justiça e injustiça, de erros a caminhos certos, dos desvios ao rumo adequado, a escritora volta a impor a qualidade da sua escrita, a lucidez da sua inteligência e a liberdade da sua visão.
A 20 de maio, o trabalho literário de Chimamanda estreou-se aqui com um excerto da obra "Notas Sobre o Luto", centrado no seu pai. Professor universitário da disciplina de Estatística e intelectual respeitado, James Nwoye Adichie morreu no ano passado, deixando em choque a família. Filha que tivera parte do seu processo de crescimento no próprio recinto universitário, a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie escreveu "Notas Sobre o Luto" como uma forma de exorcizar a dor e a falta de respostas que explicassem os motivos desta perda tão profunda. Raízes para se tornar uma mulher emancipada e acérrima defensora dos ideais feministas já Chimamanda tinha em casa, pois tanto o exemplo do pai, impulsionador do crescimento profissional da mulher, como o da mãe, Grace Ifeoma, que se tornou a primeira mulher a exercer o cargo de administradora no estabelecimento de ensino, lhe deram pistas para a sua formação.
Chimamanda Adichie nasceu na Nigéria, a 15 de setembro de 1977, tendo começado por dedicar-se, no capítulo dos estudos superiores, às áreas de Medicina e Farmácia. Porém, após ano e meio nestas rotinas, a sua viagem rumo aos Estados Unidos já tinha um objetivo bem diferente: Chimamanda pretendia estudar Comunicação e Ciência Política. Estreou-se em Filadélfia, mas juntou-se à irmã na Universidade do Connecticut. Seguiu-se um mestrado na área da escrita criativa (Universidade Johns Hopkins, em Baltimore) e, por fim, na Universidade de Yale, outra vertente dos estudos superiores, então como mestre de artes em Estudos Africanos.
D. Quixote/Tradução de Ana Saldanha
A proposta de hoje, que promove o regresso de Chimamanda Ngozi Adichie aqui ao blog, materializa-se numa dúzia de contos.
O seu primeiro livro, intitulado "A Cor do Ibisco", surgiria apenas em 2003, seguindo-se "Meio Sol Amarelo", ambos distinguidos com prémios. Além de prosseguir na escrita, incluindo contos para a revista New Yorker, Chimamanda passou também a dar palestras, entrando em várias edições das TED Talks com relevo para as participações de 2009 ("The Danger of a Single Story") e de "Todos Devemos ser Feministas" (versão em livro de 2014). No ano anterior fora premiada por "Americanah". E, se "Querida Ijeawele - Como Educar para o Feminismo", é de 2017, no ano seguinte surgiu "O Perigo de uma História Única".
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