top of page
Search
  • Paulo Jorge Pereira

"Antologia Poética", de Alejandra Pizarnik

Alejandra Pizarnik e a sua "Antologia Poética" estão de volta, depois de a escritora Joana M. Lopes ter tomado a iniciativa de a apresentar.



Só em março de 2002 a poesia de Alejandra Pizarnik teve tradução para português, neste caso com o livro de que aqui a escritora Joana M. Lopes apresenta um trecho, embora fosse há muito apreciada no universo de quem se expressa em castelhano. Nascida em 1936, a 29 de abril, na cidade de Avellaneda, parte da província de Buenos Aires, com o nome de Flora Alexandra Pizarnik, teve como pais um casal de emigrantes judeus oriundos da Rússia e da então Checoslováquia. Chamavam-lhe carinhosamente em iídiche Bluma ou Blímele, cujo significado era flor ou o diminutivo florzinha. Literatura, jornalismo, filosofia e pintura, neste caso com Juan Batlle Planas, foram os objetos principais da sua curiosidade nos tempos de estudante. Lia muito, sobretudo autores que eram olhados com desconfiança naqueles tempos - Artaud, Sartre, Faulkner, mas também Baudelaire, Mallarmé ou Rimbaud.

Em 1955, a escrita mostrou-lhe o caminho para ousar a estreia na publicação com poesia: "La Tierra Más Ajena". Tomou, nessa altura, a decisão de alterar o nome e passou a chamar-se Alejandra Pizarnik. Entusiasmada com o primeiro livro, a jovem não se deteve e avançou para mais: "La Última Inocencia" (1956) e "Las Aventuras Perdidas" (1958).

O passo seguinte levou-a à Europa e, durante quatro anos, entre 1960 e 1964, morou em Paris. Absorveu a atmosfera inspiradora daqueles tempos antes do Maio de 68 e aproximou-se de outros escritores ao mesmo tempo que se dedicava a traduções do trabalho literário de nomes como Bonnefoy, Artaud, Michaux, entre outros. O compatriota Julio Cortázar e o mexicano Octavio Paz foram dois dos autores com quem teve oportunidade de conviver na sua passagem pela capital francesa e o segundo foi mesmo o prefaciador do livro que publicou antes de voltar a solo argentino: "Árbol de Diana" (1962).

De novo na Argentina, Alejandra Pizarnik publicou "Los Trabajos e Las Noches" (1965) antes de um terrível golpe emocional: a morte do pai, devido a enfarte, em 1967. Sentiu-se perdida, angustiada e só - apenas a amiga e poeta Olga Orozco a amparou no velório. Passa a ter comprimidos por companhia frequente e procura na escrita uma saída, um escape, uma forma de contornar a dor. Assim nasce "Extracción de la Piedra de Locura" (1968) antes de se mudar para casa da namorada que era fotógrafa. Conquista uma bolsa Guggenheim em 1969 e vive em Nova Iorque durante algum tempo. No entanto, não escapa ao desequilíbrio emocional e os comprimidos voltam a ganhar preponderância. Em 1970 surge a primeira tentativa de suicídio, algo que deixa amigos alarmados e leva Cortázar a escrever-lhe de Paris, suplicando-lhe que não se deixe abater pelo sofrimento.

"El Infierno Musical" (1971) é o livro que se segue e o último que publicará em vida. Volta a tentar o suicídio e a angústia, o desespero, o sofrimento, os comprimidos levam-na a um internamento numa instituição psiquiátrica. Tem direito a saídas temporárias e escolhe um fim de semana para usar uma dose esmagadora de barbitúricos e suicidar-se, a 25 de setembro de 1972.

Muito mais tarde serão publicados "Poesia Completa" (2000), "Prosa Completa" (2002) e "Diários" (2003). Quando o seu corpo foi encontrado, um poema não estava muito longe, escrito no quadro negro que usava para experimentar: "No quiero ir/nada más/que hasta el fondo."


Tinta da China/Tradução de Fernando Pinto do Amaral


Ingerindo meia centena de comprimidos, Alejandra Pizarnik suicidou-se à terceira tentativa, a 25 de setembro de 1972. Deixou uma obra que ainda está a ser descoberta por leitores.

A estreia da obra literária da autora argentina aqui no blog aconteceu por iniciativa da escritora Joana M. Lopes quando leu, no passado dia 4, os primeiros exemplos da sua poesia.

42 views0 comments
bottom of page