Agostinho Costa Sousa lê "Mandriões no Vale Fértil", de Albert Cossery
- Paulo Jorge Pereira
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Nascido egípcio, Albert Cossery viveu durante cerca de 60 anos no quarto de um hotel em Paris, onde morreu, com 94 anos, a 22 de junho de 2008. Um excerto da obra "Mandriões no Vale Fértil" é a proposta que Agostinho Costa Sousa hoje apresenta.
A cidade do Cairo foi o cenário para o nascimento de Albert Cossery, a 3 de novembro de 1913. Estudante em escolas francesas, lia no Cinema as legendas dos filmes à mãe que era analfabeta. Influenciado pelos irmãos, ávidos leitores de autores como Dostoievski, Baudelaire ou Nietzsche, sonhou logo em criança com o ofício da escrita. A ironia e um certo ceticismo foram marcas logo nos primeiros textos, publicados em revistas, que acabaram por ser a essência da obra de estreia, o romance "Os Homens Esquecidos de Deus", logo no final dos anos 20. Mesmo assim, faz uma pausa na Literatura e trabalha num navio, viajando sobretudo entre Port Saïd e Nova Iorque. Pouco depois da publicação do livro "A Casa da Morte Certa", o pós-guerra é o momento escolhido para se fixar em Paris, num quarto de hotel no boémio bairro de Saint-Germain-des-Près em que viverá até ao final dos seus dias. Aqui vai conhecer e travar amizade com Juliette Gréco, Camus, Giacometti, entre outros, ao mesmo tempo que escreve e publica. "Mandriões no Vale Fértil", de que hoje aqui entra um excerto pela voz de Agostinho Costa Sousa, é de 1948. Os livros seguintes demoram mais tempo a surgir: "Mendigos e Altivos" (1955), "A Violência e o Escárnio" (1964).
Pelo meio, entre 1945 e 1961 foi casado com Monique Chaumette - atriz que, hoje com 98 anos, de 1962 a 2006 foi a mulher de Phillipe Noiret, inesquecível em filmes como "Cinema Paraíso" (1988) ou "O Carteiro de Pablo Neruda" (1994).
Os últimos livros mantêm a tendência de longos intervalos entre si: "Uma Conjuntura de Saltimbancos" (1975), "Uma Ambição no Deserto" (1984) e "As Cores da Infâmia" (1999).
Como sempre seguiu uma linha de rejeitar qualquer posse material, apesar de ter recebido diversos prémios, nunca deixou de viver no quarto de hotel de Paris em que foi encontrado morto, a 22 de junho de 2008.
Antígona/Tradução de Júlio Henriques
De 1995 é a obra "Conversas com Cossery", na qual o escritor aborda, em diálogo com Michel Mitrani, diferentes facetas da sua vida.
Agostinho Costa Sousa reside em Espinho e socorre-se da frase de Antón Tchekhov: "A medicina é a minha mulher legítima, a literatura é ilegítima" para se apresentar. Estreou-se a ler por aqui a 9 de maio de 2021 com "A Neve Caindo sobre os Cedros", de David Guterson, seguindo-se "As Cidades Invisíveis", de Italo Calvino, a 16 do mesmo mês, mas também leituras de obras de Manuel de Lima e Alexandra Lucas Coelho a 31 de maio. "Histórias para Uma Noite de Calmaria", de Tonino Guerra, foi a sua escolha no dia 4 de junho. No dia 25 de julho, a sua escolha recaiu em "Veneno e Sombra e Adeus", de Javier Marías, seguindo-se "Zadig ou o Destino", de Voltaire, a 28. O regresso processou-se a 6 de setembro, com "As Velas Ardem Até ao Fim", de Sándor Márai. Seguiram-se "Histórias de Cronópios e de Famas", de Julio Cortázar, no dia 8; "As Palavras Andantes", de Eduardo Galeano, a 11; "Um Copo de Cólera", de Raduan Nassar, a 14; e "Um Amor", de Sara Mesa, no dia 16. A 19 de setembro, a leitura escolhida foi "Ajudar a Estender Pontes", de Julio Cortázar. A 17 de outubro, a proposta centrou-se na poesia de José Carlos Barros com três poemas do livro "Penélope Escreve a Ulisses". Três dias mais tarde leu três poemas inseridos na obra "A Axila de Egon Schiele", de André Tecedeiro.
A 29 de novembro apresentou "Inquérito à Arquitetura Popular Angolana", de José Tolentino de Mendonça. De dia 1 do mês seguinte é a leitura de "Trieste", escrito pela croata Dasa Drndic e, no dia 3, a proposta foi um trecho do livro "Civilizações", escrito por Laurent Binet. No dia 5, Agostinho Costa Sousa dedicou atenção a "Viagens", de Olga Tokarczuk. A 7, a obra "Húmus", de Raul Brandão, foi a proposta apresentada. Dois dias mais tarde, a leitura foi dedicada a um trecho do livro "Duas Solidões - O Romance na América Latina", com Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa. Seguiu-se "O Filho", de Eduardo Galeano, no dia 20. A 23, Agostinho Costa Sousa trouxe "O Vício dos Livros", de Afonso Cruz. Voltou um mês mais tarde com "Esta Gente/Essa Gente", poema de Ana Hatherly. No dia 26 de janeiro, apresentou "Escrever", de Stephen King. Quatro dias mais tarde foi a vez de Maria Gabriela Llansol com "O Azul Imperfeito". "Poemas e Fragmentos", de Safo, e "O Poema Pouco Original do Medo", de Alexandre O'Neill, foram outras recentes participações. Seguiram-se "Se Isto É Um Homem", de Primo Levi, e "Se Isto É Uma Mulher", de Sarah Helm. No dia 18 de março, a leitura proposta foi de um excerto de "Augustus", de John Williams. A 24, Agostinho Costa Sousa leu "Silêncio na Era do Ruído", de Erling Kagge; a 13 de abril, foi a vez do poema "Guernica", de Rui Caeiro e, no dia 20, apresentou um pouco de "Great Jones Street", de Don DeLillo.
No Especial dedicado ao 25 de Abril, a sua escolha foi para "O Sangue a Ranger nas Curvas Apertadas do Coração", escrito por Rui Caeiro, seguindo-se "Ararat", de Louise Glück, no Dia da Mãe e do Trabalhador, a 1 de maio. "Ver: Amor", de David Grossman, foi a proposta de dia 17. No dia 23, a leitura proposta trouxe Elias Canetti com um pouco da obra "O Archote no Ouvido".
A 31 de maio surgiu com "A Borboleta", de Tonino Guerra. A 5 de junho trouxe um excerto do livro "Primeiro Amor, Últimos Ritos", de Ian McEwan. A 17, a escolha recaiu sobre "Hamnet", de Maggie O'Farrell. A 10 de julho, o trecho selecionado saiu da obra "Ofuscante - A Asa Esquerda", do romeno Mircea Cartarescu. No dia 19 de julho apresentou "Uma Caneca de Tinta Irlandesa", de Flann O'Brien. A 31 de julho leu um trecho da obra "Por Cuenta Propia - Leer y Escribir", de Rafael Chirbes. No dia 8 de agosto foi a vez de "No Entres Docilmente en Esa Noche Quieta", de Ricardo Menéndez Salmón. A 15 de agosto apresentou "Julio Cortázar y Cris", de Cristina Peri Rossi. Uma semana mais tarde, a leitura foi de um trecho da obra "Música, Só Música", de Haruki Murakami e Seiji Ozawa. De 12 de setembro é a sua leitura de um poema do livro "Do Mundo", cujo autor é Herberto Helder. "Instruções para Engolir a Fúria", de João Luís Barreto Guimarães, foi a leitura a 16 de setembro e já aqui regressou. A 6 de outubro leu um trecho da obra "Jakob, O Mentiroso", de Jurek Becker.
"Rebeldes", de Sándor Márai, foi a leitura do dia 11. Mircea Cartarescu e "Duas Formas de Felicidade" surgiram dois dias mais tarde. Seguiu-se "Diários", do poeta Al Berto, a 17 de outubro. Três dias mais tarde propôs "A Herança de Eszter", de Sándor Márai. A 2 de novembro apresentou "Os Irmãos Karamazov", de Fiódor Dostoiévski. Data de 22 de novembro a leitura de "Nicanor Parra: Rey y Mendigo", de Rafael Gumucio. A 30 de novembro leu "Schiu", de Tonino Guerra. No passado dia 12 trouxe "Montaigne", de Stefan Zweig. Recuperei a sua leitura do poema "Instruções para Engolir a Fúria" no dia 16 quando o autor, João Luís Barreto Guimarães, foi distinguido com o Prémio Pessoa. A 23 apresentou um excerto de "Silêncio na Era do Ruído", de Erling Kagge. No dia 6 de janeiro a escolha recaiu sobre "Lições", de Ian McEwan. A 16 de janeiro apresentou "Stalinegrado", de Vasily Grossman. No dia 30 leu um excerto da obra "A Biblioteca à Noite", de Alberto Manguel. De 7 de fevereiro é a leitura de "Remodelações Governamentais", de Mário-Henrique Leiria. A proposta de dia 22 de fevereiro foi "Roseira de Espinho", de Nuno Júdice. No dia 7 de março propôs "Método de Caligrafia para a Mão Esquerda", de António Cabrita. No Especial dedicado ao Dia Mundial do Teatro, a 27 de março, apresentou "Memórias", de Raul Brandão. De 30 de março é a leitura de um trecho da obra "Rebeldes", de Sándor Márai. A 10 de abril propôs "O Amante da Minha Mãe", de Urs Widmer. De 21 de abril é a leitura de um trecho do conto "A Primavera", escrito por Bruno Schulz. Do Especial dedicado ao 25 de Abril constaram poemas de Sara Duarte Brandão. A 2 de maio propôs "A Musa Irregular", de Fernando Assis Pacheco. "Ravel", de Jean Echenoz, é de 6 de junho.
"Tristia", de António Cabrita, foi a sua leitura a 9 de junho. A 23 leu "Foi Ele?", de Stefan Zweig. No dia 7 de julho trouxe "Cartas 1955-1964, volume II", de Julio Cortázar. "Uma Faca nos Dentes", de António José Forte, chegou a 21 de julho. De 30 de agosto é a leitura de um trecho da obra "Servidão Humana", de Somerset Maugham. "Nosotros", de Manuel Vilas, foi a leitura no dia 18. De 22 de setembro é a leitura da obra "A Religião da Cor", de Jorge Sousa Braga. "Exercícios de Humano", de Paulo José Miranda, foi a leitura de 11 de outubro. A 17, "Flores Silvestres", de Abbas Kiarostami, foi a proposta. "Uma História de Xadrez", de Stefan Zweig, foi a leitura de 7 de novembro. Manoel Barros e "O Poeta" surgiram a 13. "A Saga/Fuga de J.B.", de Gonzalo Torrente Ballester, foi a leitura de dia 27.
De 11 de dezembro é a leitura de "Uma Arquitetura", de Luiza Neto Jorge. "Viagens com o Charley", de John Steinbeck, foi lido no dia 29. A 5 de janeiro trouxe "A Gaivota", de Sándor Márai. A leitura de 15 de janeiro foi "En Esta Noche, En Este Mundo", de Alejandra Pizarnik. De 23 de janeiro é a leitura de um excerto da obra "O Pêndulo de Foucault", de Umberto Eco. A 5 de fevereiro trouxe "O Mal de Montano", de Enrique Vila-Matas. De 26 de fevereiro é a leitura de um trecho da obra "A Pesca à Linha - Algumas Memórias", de António Alçada Baptista. A 14 de março propôs "Servidão Humana", de Somerset Maugham. De 25 de março é "Nítido Nulo", de Vergílio Ferreira. A 16 de abril propôs "Diário Volúvel", de Enrique Vila-Matas. "Vozes", de Antonio Porchia, é de 22 de abril. De 15 de maio é a leitura de um trecho da obra "A Rapariga dos Olhos de Ouro", de Honoré de Balzac. A 10 de junho propôs "Re-Camões", de E. M. de Melo e Castro. De 19 de julho é a leitura de um trecho da obra "A Raça Maldita", de Marcel Proust. A 26 de julho trouxe de novo a obra "A Axila de Egon Schiele (poesia reunida 2014-2020)", de André Tecedeiro. De 26 de agosto é a leitura de "A Pesca à Linha - Algumas Memórias", de António Alçada Baptista. Voltou a 21 de outubro com o espanhol Carlos Marzal e o poema "Os Restos de um Naufrágio", inserido na obra "Os Ossos do Meu Duplo", com seleção poética de Luís Filipe Parrado e tradução de Diogo Vaz Pinto.
"Ver no Escuro", de Cláudia R. Sampaio, é de 10 de dezembro. A 6 de janeiro leu dois poemas de "Herbarium", de Emily Dickinson. A 11 de fevereiro trouxe "O Fio da Navalha", de Somerset Maugham.
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