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  • Paulo Jorge Pereira

Berta Rodrigues lê "O Rapaz de Bronze", de Sophia de Mello Breyner

Updated: Jun 19, 2020

A jornalista apresenta um excerto do livro infantil que Sophia de Mello Breyner Andresen escreveu em 1966. Mãe de cinco filhos, a autora aventurou-se na literatura para crianças precisamente a pensar neles.



Sophia de Mello Breyner Andresen contou por diversas vezes em entrevistas como entrara no universo da literatura infantil. Tudo se iniciara quando os filhos estavam doentes com sarampo e era preciso que "estivessem quietos". Contava-lhes histórias, mas depressa se irritou ao perceber que a linguagem utilizada não era aquela que considerava mais adequada. Olhava-a como demasiado "sentimental", no fundo, algo que lidava com as crianças como se estas não fossem capazes de entender a beleza de tudo o que é simples e respeitador da inteligência. Assim, passou a recorrer a histórias relacionadas com os seus próprios tempos e lugares de menina, algumas delas em parte contadas pela sua mãe. A primeira foi "A Menina do Mar". O impulso inicial foi crescendo na mesma medida em que os filhos a estimularam a criar mais e mais com a sua curiosidade insaciável. Sophia contava aos filhos e depois procurava passá-las para o papel, respeitando com fidelidade aquilo que dissera em voz alta. E chegou a um ponto em que algumas das histórias tiveram tanto de contadas quanto de escritas.

No caso d'"O Rapaz de Bronze", o livro está recheado de momentos maravilhosos que acontecem num jardim de sonho. Foi editado pela primeira vez em 1966 com ilustrações de Fernando de Azevedo (as edições seguintes teriam ilustração de Júlio Resende) e está repartido em quatro capítulos: As Flores, O Gladíolo, Florinda e A Festa. Antes deste já estavam editadas outras histórias suas para crianças: "A Menina do Mar" e "A Fada Oriana" (ambos de 1958), "A Noite de Natal" (1964) e "O Cavaleiro da Dinamarca" (1965). Mais tarde vieram "A Floresta" (1968), "O Tesouro" (1970) e "A Árvore" (1985).

A obra de Sophia é vasta, tem componente maioritária de poesia, mas vai muito além dela e já foi objeto de apresentação aqui no blog no Especial 25 de Abril. Nascida no Porto a 6 de novembro de 1919, Sophia de Mello Breyner Andresen publicou dezenas de livros, recebendo o Prémio Camões em 1999. Faleceu em Lisboa a 2 de julho de 2004.


Porto Editora

"As três borboletas partiram, voando, a levar o recado, mas pelo caminho foram poisando em muitas flores, a quem iam dizendo a notícia. E logo o jardim se encheu dum rumor de conversas de flores", lê-se no capítulo intitulado Florinda.

Licenciada em Comunicação Social pela Universidade Nova de Lisboa, Berta Rodrigues tem desenvolvido o seu trabalho na área do Desporto. Entre 1992 e 1998 fê-lo no Público, mudando-se em seguida para A Bola. Mas não ficaria muito tempo, saindo em 2000 para ser peça importante na equipa fundadora do site MaisFutebol, espaço a que permanece dedicada. O seu talento e sensibilidade para abordar protagonistas e temas diversificados estão distribuídos com eloquência em muitas páginas de cativante leitura. Mas não só - Berta Rodrigues é também coautora dos primeiros livros do alpinista João Garcia (primeiro português no cume do Evereste e o décimo alpinista do mundo a subir as 14 montanhas do planeta com mais de oito mil metros sem usar oxigénio artificial): "A Mais Alta Solidão" e "Mais Além - Depois do Evereste".

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