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Paulo Jorge Pereira

Especial Dia Internacional do Livro Infantil com Eliana Miranda de Sousa e Paulo Jorge Pereira

No Dia Internacional do Livro Infantil que hoje se assinala aqui ficam três propostas: uma de Eliana Miranda de Sousa ("Selma", de Jutta Bauer) e outras duas minhas ("Abraças-me?", de João Borges de Oliveira e "O Têpluquê e Outras Histórias", de Manuel António Pina).



O centro do mundo da alemã Jutta Bauer é a cidade de Hamburgo, na qual nasceu em 1955, onde foi estudante de design e se mantém como uma das grandes ilustradoras à escala global. Eliana Miranda de Sousa permite-nos descobrir um pouco do seu trabalho com a apresentação deste "Selma". Ao longo dos anos, o trabalho de Bauer tem sido agraciado por diversas vezes, destacando-se os prémios da IBBY (1994); o German Youth Literature Prize, prémio de Literatura Alemã dedicado à juventude (2001) e a consagração é total em 2010 ao receber o Prémio Hans Christian Andersen, famoso como uma espécie de mini-Prémio Nobel da Literatura para os mais jovens.

Outras obras da germânica: "A Cobra Laranja", "Quando a Mãe Grita", "O Anjo da Guarda do Avô" e "O Bichinho de Conto".


Gatafunho


Em 2001, o livro "Schreimutter", que escreveu e ilustrou, foi agraciado com o prémio alemão dedicado à literatura para os mais jovens.

Eliana Miranda de Sousa é livreira no maravilhoso espaço literário que é a Livraria Lello, no Porto.


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No Dia Internacional do Livro Infantil, a obra "Abraças-me?", de João Borges de Oliveira, é uma das propostas que valem bem a pena.



João Borges de Oliveira é o diretor artístico da Boutique da Cultura, incubadora de Artes com diversos projetos culturais sobre os quais pode saber mais em boutiquedacultura.org. Mas esta breve descrição deixa muito por dizer sobre a multiplicidade de papéis que o João exerce, uma vez que o seu envolvimento nos variados projetos da entidade é marcante e fundamental. A escrita e, neste caso, a escrita para crianças é um dos seus trunfos, mas João Borges de Oliveira também brilha no palco quando faz teatro.

Nesta obra maravilhosa que estabelece os princípios do respeito pelo próximo de um ponto de vista pedagógico e esclarecido, o autor beneficia também de um brilhante trabalho com as ilustrações que tornam o livro ainda mais rico.

No prefácio, Catarina Furtado, que tem intensa atividade no plano humanitário, sendo inclusive embaixadora da boa vontade do Fundo das Nações Unidas para a População, sintetiza: "Escrevo aqui, neste maravilhoso e simples livro, que nos inspira a sermos também nós maravilhosos para os outros que, de tão diferentes, são afinal tão iguais a nós."

Num tempo de egoísmos e de cada um se fechar em si próprio empurrado por coisas tão estranhas como pandemias e confinamentos, este livro recorda-nos o essencial: somos todos humanos, merecemos ser respeitados por igual e não discriminados devido a preconceitos.

João Borges de Oliveira já aqui apresentou diversas leituras, entre as quais "Jesus Cristo Bebia Cerveja", de Afonso Cruz.


Alfarroba/Ilustrações de Sérgio Condeço


Catarina Furtado associou-se à obra de João Borges de Oliveira e escreveu o prefácio.

Sobre o livro de João Borges de Oliveira, Catarina Furtado escreve ainda no prefácio: "É simples, mas exige um exercício diário de imaginação: E se fôssemos nós? Não precisaríamos que nos abraçassem e dissessem: «Está tudo bem, estás em segurança e terás aqui, no meu país, todas as condições dignas a que tens direito?!»


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No Dia Internacional do Livro Infantil, aqui fica um pequeno exemplo do talento de Manuel António Pina com "O Têpluquê e Outras Histórias".



Foi a poesia que tornou Manuel António Pina mais conhecido de uma parte dos leitores, mas a sua obra que começou por conquistar mais seguidores é a literatura infantil, como é o caso de "O Têpluquê e Outras Histórias" (1976), de que aqui se apresenta um excerto, ou das "Histórias com Pés e Cabeça" (que foram a base de uma série infantil para TV no final dos anos 70), ensaios, novelas ou textos para teatro.

Nascido a 18 de novembro de 1943, no Sabugal, filho de um funcionário das Finanças, mudava de localidade de dois em dois anos, algo que o foi impedindo de fazer amigos com facilidade. Iria licenciar-se em Direito na Universidade de Coimbra - "fiz o curso todo sem assistir a uma aula de Direito, ia assistir às aulas de Literatura, do Paulo Quintela", confessou, em entrevista concedida a Anabela Mota Ribeiro -, exercendo advocacia antes de entrar na área da publicidade. No entanto, a atração pela comunicação conduziu-o mesmo ao jornalismo, tornando-se editor do Jornal de Notícias, além de participações na rádio e na televisão.

O seu trabalho literário deixou marcas indeléveis pela sensibilidade revelada na linguagem, mas também pelo modo como sempre fez parecer fácil a arte de jogar com as palavras e o ofício da escrita. Distribuídos por diferentes géneros publicou livros como "O País das Pessoas de Penas para o Ar" (1973), "Ainda Não É o Fim nem o Princípio do Mundo Calma É Apenas um Pouco Tarde" (1974), "O Têpluquê" (1976), "Gigões e Anantes" (1978), "O Pássaro da Cabeça" (1983), "Nenhum Sítio" (1984), "História com Reis, Rainhas, Bobos, Bombeiros e Galinhas" (também em 1984), "A Guerra do Tabuleiro de Xadrez" (1985), "Os Dois Ladrões" (1986), "Os Piratas" (também de 1986), "O Inventão" (1987), "O Caminho de Casa" (1988), "Um Sítio Onde Pousar a Cabeça" (1991), "Algo Parecido com Isto da Mesma Substância" (1992), "Farewell Happy Fields" (1993), "O Tesouro" (também em 1993), "Cuidados Intensivos" (1994), "O Anacronista" (ainda em 1994), "O Meu Rio é de Ouro" (1995), "Uma Viagem Fantástica" (1996), "O Escuro" (1997), "Anikki Bóbó" (também em 1997), "Aquilo que os Olhos Veem ou O Adamastor" (1998), "Nenhuma Palavra e Nenhuma Lembrança" (1999), "Morket" (ainda em 1999), "Le Noir" (2000), "Os Livros" (2003), "Pequeno Livro de Desmatemática" (2001), "A Noite" (também de 2001 e levado à cena pela Companhia de Teatro Pé de Vento), "Perguntem aos Vossos Gatos e aos Vossos Cães" (2002), "A Caneta Preta" (2007), "História do Sábio Fechado na sua Biblioteca" (2009) e, ainda em 2009, "O Cavalinho de Pau do Menino Jesus e outros Contos de Natal".

Fernanda Silva foi a primeira a abordar um trabalho de Manuel António Pina por aqui: leu, a 27 de outubro de 2020, um pouco de "Histórias que me Contaste Tu".


Porto Editora


"Todas as Palavras", editado pela Assírio e Alvim a título póstumo, reúne toda a poesia do autor.

Em 2011 foi agraciado com o Prémio Camões, o qual se juntou a galardões como o Prémio Literário da Casa da Imprensa (1978), por "Aquele Que Quer Morrer"; o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens e a Menção do Júri do Prémio Europeu Pier Paolo Vergerio da Universidade de Pádua por "O Inventão" (1988, ano em que também foi distinguido com o Prémio do Centro Português de Teatro para a Infância e Juventude pelo conjunto da obra); o Prémio Nacional de Crónica Press Clube/Clube de Jornalistas, em função das suas crónicas (1993); o Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários por "Atropelamento e Fuga" (2001); o Prémio de Poesia Luís Miguel Nava e o Grande Prémio de Poesia da APE/CTT, ambos por "Os Livros" (2005).

Morreu a 19 de outubro de 2012, vítima de cancro, no Hospital de Santo António (Porto). A título póstumo seria editado "Todas as Palavras", no qual se reúne toda a poesia do autor.

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