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  • Paulo Jorge Pereira

"1984", de George Orwell


É talvez a mais conhecida distopia de sempre e foi escrita por um jornalista que sempre deixou bem clara a sua oposição a qualquer tipo de totalitarismo: "1984", de George Orwell, tornou famosa a frase: "Big Brother is watching you."



Chamava-se Eric Arthur Blair, mas o que entrou na História foi o seu pseudónimo literário: George Orwell. Nascido em território da Índia então parte do império britânico, em Motihari, a 25 de junho de 1903, foi levado pela mãe para Inglaterra ainda muito pequeno, vivendo em Shiplake, localidade entre Oxford e Londres. Estudaria na escola de São Cipriano, em Eastbourne, Sussex, começando a publicar poesia num jornal local e conquistando bolsa de estudo que lhe permitiu entrar no Wellington College e, depois, uma nova bolsa para estudar em Eton. Aqui teria Aldous Huxley, autor do "Admirável Mundo Novo", como professor de Francês durante algum tempo. Deixaria Eton em 1921 e, no ano seguinte, iria tornar-se membro da Polícia Imperial Indiana, viajando para a então Birmânia. Porém, em 1927 adoeceu, vítima de dengue, e durante o período de convalescença acabou por considerar que seria melhor afastar-se do corpo policial. Demitiu-se e passou a empenhar-se exclusivamente na escrita, voltando a Inglaterra.

Crítico das desigualdades sociais, Orwell fez a experiência de viver como sem-abrigo, relatando mais tarde esses tempos, bem como os que se seguiram em Paris, na obra "Down and Out in Paris and London". Na capital francesa, contudo, chegou a beneficiar do apoio de uma tia que ali morava. Foi escrevendo para diferentes jornais, mas, em 1929, outra doença deixou-o muito debilitado, a tal ponto que acabou por ser assaltado no quarto onde vivia, ficando sem o pouco dinheiro que tinha. Em dificuldades para sobreviver, chegou a sacrificar-se em tarefas como lavagem de pratos numa luxuosa unidade hoteleira. Não escrevia apenas romances, também se dedicava à escrita de ensaios e, por vezes, a tarefa era compensadora - chegou a publicar em diferentes jornais e revistas. Irrequieto, curioso e inconformado com os perigos do fascismo que avançava pela Europa, decidiu rumar a Espanha e, integrado no Partido Operário de Unificação Marxista (POUM), combateu na guerra civil pelos Republicanos contra as tropas do futuro ditador, o general Franco. Seria mesmo ferido, de tal forma que a sua voz sofreu modificações, uma vez que o tiro lhe atingiu as cordas vocais. Participar na guerra civil espanhola também lhe rendeu relatos para um livro, no caso intitulado "Homenagem à Catalunha" e publicado em 1938. Embora já tivesse ensaios publicados, "Dias da Birmânia" (1934) foi o seu primeiro romance, seguindo-se outros como "A Filha do Pároco" (1935), "O Vil Metal" (1936), "Um Pouco de Ar, por Favor" (1938), "O Triunfo dos Porcos" (1945) e "1984". Publicado em 1949, este último tornou-se um clássico imortal, tal como "O Triunfo dos Porcos". Três anos antes, Orwell deixara uma espécie de previsão: caso a União Soviética não se democratizasse, o regime ruiria com fragor.


Coleção Mil Folhas (Público)/Tradução de Ana Luísa Faria


O livro de Orwell tem, pelo menos, duas adaptações ao grande ecrã (uma de 1956, outra do próprio ano de 1984), além de ter sido uma série da BBC e uma ópera, cuja estreia aconteceu a 3 de maio de 2005.

A 21 de janeiro de 1950, vítima de tuberculose, George Orwell exalava o último suspiro. Enterrado na All Saints' Churchyard, a sua lápide não faz qualquer alusão ao seu pseudónimo, antes o identificando apenas como Eric Arthur Blair.

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