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Paulo Jorge Pereira

"A Oeste Nada de Novo", de Erich Maria Remarque

O romance de Erich Maria Remarque de que aqui se apresenta um excerto, "A Oeste Nada de Novo", é considerado um fortíssimo manifesto antiguerra. Adaptado ao cinema por Lewis Milestone recebeu dois Óscares e outras duas nomeações.



"A Oeste Nada de Novo" (no original, "Im Westen Nichts Neues") não é apenas a obra mais famosa de Erich Maria Remarque, pseudónimo de Erich Paul Remark, nascido em Osnabrück, a 22 de junho de 1898. É também o título de um dos primeiros filmes que transmitiram a imagem crua da guerra e, em particular, da I Guerra Mundial (na qual o escritor participou, tendo inclusive sido ferido por diversas vezes) numa perspetiva pacifista. O mais famosos e apreciado tem realização de Lewis Milestone em 1930, tendo sido argumentistas Maxwell Anderson, George Abott e Del Andrews. As interpretações ficaram a cargo de Lew Ayres, Louis Wolheim, John Wray, Raymond Griffith e George "Slim" Summerville.



Ganharia dois Óscares (melhor filme e melhor realizador), embora estivesse ainda nomeado para outros dois (melhor argumento e melhor fotografia).

Depois, a versão de 1979 para televisão, com Richard Thomas e Ernest Borgnine como protagonistas e realização de Delbert Mann - esta seria muito menos popular, visto que o filme de 1930 era demasiado marcante.

A verdade é que o livro e, por consequência, os filmes têm muito de autobiográfico, uma vez que Remarque já estava na luta das trincheiras do primeiro conflito à escala mundial com apenas 18 anos (em 1920 publicara o primeiro livro, "Die Traumbude"). Contou episódios que vivera, descreveu o grande fosso entre o idealismo de se ser patriota e a realidade nua e crua da guerra, sofrendo a sua obra consequências: sob o regime nazi, "A Oeste Nada de Novo" seria proibido e inclusive queimado publicamente, porque o consideraram uma obra antipatriótica. Noutros países seria, pelo contrário, visto como demasiado alemão e muitos germânicos que não puderam vê-lo no seu país acabaram por encontrá-lo disponível e contribuir para o sucesso em França, na Holanda e na Suíça.

Depois da guerra, Remarque teria diversos empregos - bibliotecário, empresário, editor e professor - e, após a publicação do livro "A Oeste Nada de Novo", continuou a escrever, fugindo da ameaça nazi e refugiando-se na Suíça com a primeira mulher, Ilse Jeanne Zamboui, com quem se casou e de quem se divorciou duas vezes: "O Caminho do Regresso" (1931), uma espécie de sequela do livro mais famoso, "Três Camaradas" (1937), "Desenraizados" (1941), "Arco do Triunfo" (1946), "A Centelha da Vida" (1952), "Tempo para Amar e Tempo para Morrer" (1954), "O Obelisco Negro" e "A Última Estação" (ambos de 1956), "O Céu Não Tem Lacaios" (1961) e "Uma Noite em Lisboa" (1963).


Publicações Europa-América/Tradução de Mário C. Pires


"A Oeste Nada de Novo" foi o primeiro filme sonoro a receber o Óscar que o consagrou como melhor película.

Remarque e a mulher receberam a nacionalidade norte-americana em 1947. Depois do segundo afastamento, o escritor conheceu e casou-se com a atriz Paulette Godard em 1958, mantendo-se o casal até à morte de Remarque, a 25 de setembro de 1970. "Sombras no Paraíso" seria publicado postumamente em 1977.

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