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  • Paulo Jorge Pereira

Especial Feira do Livro: "Apneia", de Tânia Ganho

Foi talvez a melhor surpresa da Feira do Livro em setembro do ano passado, uma das boas notícias literárias de 2020 e agora entre candidatos ao Prémio Oceanos: "Apneia", de Tânia Ganho, desafia os leitores a entrar numa viagem carregada de exigências emocionais ao lado de uma mulher que luta com todas as forças para salvar o filho, num contexto de violência doméstica e abuso de crianças. Aqui regressamos à leitura dessa obra inesquecível.



Vamos falar desta história durante muitos anos e, arrisco-me a dizer, este livro tem dimensão para se transformar, por direito próprio, num clássico contemporâneo. "Apneia", escrito por Tânia Ganho, é uma sucessão de nós que parecem apertar-se cada vez mais à volta do pescoço de uma mulher e do seu filho num cenário de violência doméstica e abuso de crianças em que o agressor recorre aos mais rebuscados estratagemas para disfarçar os seus atos inqualificáveis. Ao longo das mais de seis centenas de páginas, os leitores são arrastados para momentos de grande intensidade emocional, crueldade, frieza, hipocrisia, mas também de um amor incondicional, profundo e ilimitado que não conhece barreiras e vai superando sucessivos obstáculos, mesmo em momentos do maior desespero.


A experiência que os leitores vão vivendo é de revolta e incredulidade perante a diversidade de episódios de autêntica tortura a que mãe e filho são submetidos. No final, precisamos de respirar fundo para recuperar de tudo aquilo que fomos conhecendo ao longo da história, sobretudo por sabermos que, embora se trate de um romance e, portanto, de ficção, a autora realizou investigação rigorosa para construir uma história inesquecível.

Se "Apneia" deixa marcas e se instala na memória de todos nós, não é o primeiro livro de Tânia Ganho. Nascida em Coimbra no ano de 1973, foi aqui que a futura autora estudou Línguas e Literatura e até chegou a ser docente de Tradução no papel de assistente convidada pela Universidade. Traduzir era a sua área de eleição e assim se dedicou à legendagem na 7ª Arte ao mesmo tempo que traduzia livros de escritores tão diferentes como Anaïs Nin, Rachel Cusk, John Williams, Abha Dawesar, Ali Smith, Jeanette Winterson, Chimamanda Ngozi Adichie, David Lodge ou Annie Proulx. Mas também se dedicou à tradução na área da informação, trabalhando para a estação televisiva SIC. Até que, em 2005, escreveu e publicou o romance de estreia, intitulado "A Vida Sem Ti".


Decorridos dois anos, o nome de Tânia Ganho voltava a evidenciar-se no universo da escrita, publicando então o livro "Cuba Libre".



"A Lucidez do Amor" foi a aposta seguinte da autora, tendo chegado às livrarias em 2010.



Conquistado um certo ritmo de trabalho literário para lá das exigências da tradução, Tânia Ganho apresentou em 2012 o romance "A Mulher-Casa".



E assim se resume o percurso literário da autora que celebrou recentemente os 20 anos de traduções, num universo que engloba, além dos nomes referidos acima, obras de Leila Slimani, John Banville, Siri Hustvedt, Rebecca Solnit ou Alan Hollinghurst.


Casa das Letras/Leya


História poderosa a propósito de temas sensíveis (violência doméstica e abuso de crianças), "Apneia" é uma obra recheada de momentos fortes que gera revolta constante em quem lê.

Londres e Paris são cidades pelas quais passou também a vida de Tânia Ganho. Vencedora do Concurso Nacional de Contos "Ler Melhor para Viver Melhor" com apenas 12 anos, muito mais tarde, em julho de 2011, a autora chegaria ainda ao triunfo no Concurso de Contos Cidade de Aracatuba (Brasil) com "Perfeita Simetria".

E os seus em contos já chegaram às páginas de revistas como Egoísta e Portefólio. Agora, com "Apneia", está entre os candidatos ao Prémio Oceanos.

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