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  • Paulo Jorge Pereira

João Reis lê "Quando Servi Gil Vicente"

Personalidade multifacetada, João Reis tem uma vida marcada não apenas pela escrita, mas também por inúmeras outras áreas às quais foi estando ligado. Aqui apresenta a leitura de uma parte do seu livro intitulado "Quando Servi Gil Vicente", surpreendendo os leitores com uma abordagem invulgar.



Pode alguém estudar Veterinária, licenciar-se em Filosofia, criar uma editora - neste caso, a Eucleia, na qual trabalhou entre 2010 e 2012 - e ser tradutor literário com especialização em línguas nórdicas? Pode, claro que sim! É o caso de João Reis que nasceu em Vila Nova de Gaia (1985) e, depois do que já foi referido, passou como trabalhador residente por Inglaterra, Suécia e Noruega, entre 2012 e 2015. Tornou-se tradutor literário com conhecimentos de especialista nas línguas nórdicas e isso transformou-o numa referência a traduzir obras de autores como August Strindberg, o islandês Halldór Laxness, vencedor do Nobel da Literatura em 1955, o norueguês Knut Hamsun, também laureado com o Nobel da Literatura (1920) ou o australiano Patrick White (Nobel da Literatura em 1973). Para lá de tudo isto, João Reis é escritor e "Quando Servi Gil Vicente" é já o seu quarto romance.

Em relação a Gil Vicente, visto como o primeiro grande autor português (e até ibérico, ao lado de Juan del Encina) de teatro, a sua vida e aquilo que fez estão, ainda, envoltos em grandes enigmas. Por exemplo, são desconhecidas as datas certas de nascimento e morte, calculando-se que a primeira tenha sido por volta de 1465 e a última cerca de 1536. Outra questão incerta é a cidade onde nasceu: Barcelos é uma das possibilidades, Lisboa e as Beiras estão na lista, embora Guimarães seja a mais provável, de acordo com os dados dos historiadores. Seguro é o seu casamento com Branca Bezerra, do qual resultaram os filhos Gaspar e Belchior. Após a morte de Branca, o viúvo casou-se com Melícia Rodrigues, de quem teve Paula e Luís Vicente, mas também Valéria Borges. Terá estudado em Salamanca e a primeira obra teatral que se conhece é o "Auto da Visitação" ou "Monólogo do Vaqueiro", em castelhano, e que teve apresentação para o casal real, formado por D. Manuel I e D. Maria, a propósito do nascimento do futuro D. João III, a 8 de junho de 1502, numa cerimónia em que também estava D. Leonor, viúva de D. João II e mãe de D. Manuel I, e que se tornaria sua protetora.

Outra dúvida acerca de Gil Vicente: terá sido ourives e, nesse papel, autor da célebre custódia de Belém para o mosteiro dos Jerónimos em 1506? Caso seja assim, Gil Vicente desempenharia outras missões nesse âmbito, inclusive no convento de Tomar, mas será sempre o teatro a principal marca da sua vida. Todos estudámos, pelo menos em parte, os Autos das Barcas (do Inferno, do Purgatório e da Glória), mas há muito mais - as comédias, as tragicomédias ("Amadius de Gaula" e "Exortação da Guerra" serão as mais conhecidas) e as farsas ("Quem Tem Farelos?", "Auto da Índia" e "Farsa de Inês Pereira" acima das restantes). Depois de uma vida intensa, terá morrido em 1536, embora também não seja conhecido o local.


20|20 Editora/Elsinore

Foi por considerar que "em Portugal não se vive dos livros" que João Reis deixou a editora que fundara em 2010 e se decidiu pela saída do país. Passou por Inglaterra, Suécia e Noruega, acabando por tornar-se tradutor literário de autores de línguas nórdicas.

Antes de "Quando Servi Gil Vicente", João Reis publicou "A Avó e e a Neve Russa", com o qual foi finalista do Prémio Fernando Namora em 2018, "A Noiva do Tradutor" e "A Devastação do Silêncio" (semifinalista do Prémio Oceanos em 2019). Mas em 2015 já estivera presente como finalista no Bare Fiction Prize (categoria de flash fiction) e, três anos mais tarde, recebeu uma bolsa de criação literária da DGLAB.

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