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Paulo Jorge Pereira

"Mary Ventura e o Nono Reino", de Sylvia Plath

É um pequenino livro recheado de significado. "Mary Ventura e o Nono Reino" dá muito que pensar, tendo sido escrito por Sylvia Plath em 1952 quando tinha apenas 20 anos.



Nascida em Boston, no Massachusetts, a 27 de outubro de 1932, Plath teria uma vida trágica, mas entregou-se à escrita desde muito cedo, publicando poesia, um romance, um diário e diversos contos - aliás, com apenas oito anos, já estava a ser objeto de publicação. A secção infantil do jornal Boston Herald encarregou-se de dar atenção à sua poesia numa estreia precoce. Foi escrevendo contos, mas passou pelos primeiros desequilíbrios de foro psicológico e tentou suicidar-se quando já estudava no Smith College, acabando por ser internada numa entidade psiquiátrica. Recuperou e, com a ida para Nova Iorque, passou a dispor da oportunidade de escrever na revista Mademoiselle. O alto nível da sua escrita tinha paralelo com a inteligência invulgar que revelava também a estudar e, ao conseguir a bolsa Fulbright para a Universidade de Cambridge, viajou rumo a Inglaterra.

Em fevereiro de 1956, aqui iria conhecer uma espécie de algma gémea, o poeta Ted Hughes, com quem se casou decorridos quatro meses. Cerca de um ano mais tarde, Sylvia e o marido rumaram aos Estados Unidos e passaram a viver em Boston. Oportunidade ideal para que Sylvia Plath aprofundasse estudos e travasse conhecimento com outros escritores, nomeadamente Anne Sexton. No final dos anos 50, Sylvia engravida e o regresso a Inglaterra deixa marido e mulher a viverem em North Tawton. Frieda nasce em 1960 e Nicholas é o segundo filho, dois anos mais tarde.

Sylvia vive então uma fase pujante também do ponto de vista literário, pois "Colossus", o seu primeiro livro de poesia, é publicado em território inglês e, mais tarde, também nos EUA. Porém, a felicidade dura pouco tempo, pois Ted alimenta outro relacionamento, neste caso com Assia Wevill, uma alemã cuja família fugira do regime de Hitler, procurando refúgio na Palestina antes da passagem para Inglaterra. O divórcio chega ainda em 1962 e Sylvia mergulha na depressão. Escreve "Ariel" e volta para a capital britânica com os filhos, aprofundando a aposta na escrita. É o momento em que publica o romance "A Campânula de Vidro", reflexão sobre parte daquilo que está a viver.

No entanto, nem a escrita lhe dá a liberdade que procura para escapar à melancolia. A 11 de fevereiro de 1963, numa gelada manhã londrina, a escritora recorre ao gás do apartamento e suicida-se.


Relógio d'Água/Tradução de Helena Briga Nogueira


Plath suicidou-se a 11 de fevereiro de 1963, numa gelada manhã londrina.

O viúvo, Ted Hughes, prossegue o relacionamento com Assia Wevill, mas não se coíbe de procurar outras mulheres: Brenda Hedden e Carol Orchard, com quem acabará por casar-se em 1970, são apenas dois exemplos. Entretanto, Assia ficara grávida e será mãe de uma menina, Alexandra Tatiana Elise, a quem o casal trata por Shura. Mas o distanciamento entre Ted e Assia aumenta a cada dia que passa e o desespero toma conta dela: a 23 de março de 1969, seis anos depois do suicídio de Plath, Assia toma comprimidos e dá-os também à filha. Para se certificar de que não falhará, abre o gás. Mãe e filha são encontradas mortas pelos bombeiros horas mais tarde. Hughes continuou a escrever poesia e livros para os mais jovens até morrer, a 28 de outubro de 1998.

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