Morreu com apenas 31 anos e só veria o seu talento reconhecido muito mais tarde. "O Livro de Cesário Verde" foi a única obra que publicou, mas a sua poesia haveria de marcar gerações até à atualidade. "Deslumbramentos", que aqui se apresenta, é apenas um exemplo da sua escrita inigualável. Hoje e nos próximos dias, as leituras têm como cenário a bela paisagem de Marvão.
Estar muito à frente do seu tempo e ser um dos pioneiros do Modernismo custou a José Joaquim Cesário Verde a mais absoluta indiferença dos contemporâneos am relação ao seu trabalho literário. Porém, muito tempo depois da sua morte, que se registou de modo prematuro, quando tinha apenas 31 anos, Fernando Pessoa não hesitou em chamar-lhe "Mestre". Filho de um casal com posses - o pai, com ascendência genovesa, era comerciante e lavrador -, Cesário Verde nasceu na Rua dos Fanqueiros, em Lisboa, a 25 de fevereiro de 1855. Cedo se sentiu atraído pelas Letras, essa seria a sua área de estudo, embora depressa abandonasse o estatuto de aluno. Dedicou-se a escrever poesia que ia publicando em diversos periódicos (Diário de Notícias, Branco e Negro, um semanário; mas também revistas como Renascença ou O Occidente e ainda uma publicação intitulada O Azeitonense).
A intensa atividade poética foi escondendo debilidades da sua saúde, mas, de súbito, o diagnóstico de tuberculose pulmonar surgiu como a espada de Dâmocles sobre a cabeça do vate. Não era a primeira vez que a temível doença causava devastação e morte na família - a irmã, Maria Júlia, morreu em 1872; um irmão, Joaquim Tomás, perderia a vida 10 anos mais tarde. Nos dois casos, sempre devido à tuberculose pulmonar (Jorge dos Santos, o seu outro irmão, teria mais saúde, vivendo até 1961). Uma outra irmã, Adelaide Eufémia, morrera vítima de anginas em 1859.
Em 1880, "O Sentimento d'Um Ocidental" surge no Jornal de Viagens e estabelece-se como marca indelével da sua poesia. A publicação do único livro de Cesário Verde aconteceria apenas no ano seguinte (1887) ao da morte do autor, que faleceu a 19 de julho de 1886. Só a aplicação e dedicação do amigo Silva Pinto, a quem conhecera durante os estudos de Letras, permitiu que a obra nascesse.
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"Deslumbramentos", o poema que aqui se apresenta, é um dos mais belos que integram a obra de Cesário Verde.
"O Livro de Cesário Verde" transformou-se num legado inesquecível e marcante, mas também numa homenagem de Silva Pinto ao autor.
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