top of page
Search
Paulo Jorge Pereira

Alexandrina André lê "O Som e a Fúria", de William Faulkner

Leitora do Bibliomóvel de Penafiel na freguesia de Lagares e Figueira, Alexandrina André propõe um excerto do livro "O Som e a Fúria", de William Faulkner.



Um dos grandes nomes da literatura do século XX, William Cuthbert Faulkner nasceu em New Albany, no Estado do Mississippi, a 25 de setembro de 1897. "O Som e a Fúria", de que aqui se apresenta um excerto pela voz de Alexandrina André, é a sua obra-prima. Entre os ascendentes, Faulkner teve políticos e banqueiros, tendo o seu pai sido comerciante. Estudante universitário de Inglês, Francês e Espanhol durante um ano, o futuro escritor multipremiado exerceu diversas profissões: trabalhou numa livraria de Nova Iorque, foi carpinteiro, pintor e até chegou a ser responsável pelos Correios antes de apresentar o seu primeiro trabalho literário no âmbito da poesia: "The Marble Faun", em 1924. Dois anos mais tarde já publicava "A Recompensa do Soldado", sua primeira incursão no universo do romance.

O casamento com Estela Oldham é de 1929 e o casal fixa residência em Oxford. "Sartoris", apresentado nesse ano, será a primeira obra a decorrer no condado que Faulkner usará como cenário para obras futuras: Yoknapatawpha. Mas o mais importante trabalho da sua vida também surge nesse ano: trata-se do livro "O Som e a Fúria". Influenciado pela escrita de Sherwood Anderson, o autor publica "Na Minha Morte" (1930) e "Santuário" (1931), mas não tem ainda atenção suficiente de leitores num evidente contraste com o que sucede em relação aos críticos - estes, lendo também alguns contos que apresenta em jornais e revistas, vão percebendo o seu estilo e ficam cativados pela sua obra. Escreve outros romances, como "A Luz de Agosto" (1932), "Pylon" (1935), "Absalão, Absalão!" (1936), "Palmeiras Bravas/Rio Velho" (1939), "A Aldeia" (1940), "O Mundo não Perdoa" (1948), mas também poesia variada e contos, neste caso com alguns deles a serem depois adaptados ao grande ecrã. Em 1949 surge a consagração com a atribuição do Prémio Nobel, galardão ao qual juntaria outros como, por exemplo, duas vitórias no Prémio Pulitzer (em 1955 por "A Fábula" e em 1962 em função do romance "Os Desgarrados").

Face à escassez de recursos financeiros vai trabalhando como argumentista no cinema, sobretudo em parcerias com Howard Hawks: "To Have and Have Not" (1944) e "The Big Sleep", ambos com Humphrey Bogart e Lauren Bacall, serão os filmes mais famosos deste dueto. Mas também "O Mercador de Almas" (1958), com Paul Newman, Joanne Woodward e Orson Welles, e ainda "A Fúria do Destino" (1959), ambos realiados por Martin Ritt e este último inspirado no livro "O Som e a Fúria", são películas de referência.

Viajando para diferentes conferências e mesmo tomadas de posição no plano político, Faulkner seria escritor residente na Universidade de Virginia, em Charlottesville, aproveitando o facto de a filha e os netos ali viverem para comprar mesmo uma casa e ali passar algumas temporadas na parte final da sua vida, dedicando-se a passeios a cavalo e mesmo à caça. A saúde sofre de vários problemas, o escritor fica debilitado por algumas quedas quando cavalgava. Publica "Os Desgarrados" e, cerca de um mês mais tarde, a 6 de julho de 1962, é vitimado por um ataque cardíaco, morrendo em Byhalia, no Mississippi.


Publicações D. Quixote


Faulkner foi agraciado com o Nobel da Literatura em 1949, além de receber o Prémio Pulitzer em 1955 e 1962.

A presença da leitora Alexandrina André aqui no blog só é possível graças à ação incansável de Rui Guedes. Escritor e bibliotecário responsável pelo Bibliomóvel de Penafiel desde o início em abril de 2002, tem publicados dois livros para o público infantil - "Ri o Joaquim com Cócegas assim...", de 2016, e "Ao Fundo da Minha Rua...3 Contos", de 2017), estreando-se este ano na escrita para adultos com o livro "Traço contínuo", de que faz parte o texto lido neste vídeo. Para lá de descobrirem as suas obras literárias, vale a pena também perceberem como é o trabalho da Biblioteca de Penafiel, porque Portugal está muito longe de ser apenas Lisboa e as suas paisagens. E ainda tem muita gente que sabe bem que a Cultura é a nossa essência - só é pena que muita dessa gente seja cuidadosamente afastada de lugares de decisão. Pouco importa. A casa, a rua, a freguesia, o concelho, o país, o mundo e o universo podem ser melhorados todos os dias com atos, palavras, ideias e a magia infindável dos livros. E o Rui, ao lado de outros bravos cujas identidades poucos conhecem, aí estão, Humanidade fora, a demonstrar precisamente isso. A responsabilidade da cidadania não precisa de poder para ser exercida - basta querer. E a diferença fica feita numa série de pequenos gestos que, todos juntos, se transformam em grandiosas ações. Liderar pode e deve ser assim, um ato de generosidade e de ser solidário com quem nos rodeia e mais precisa de nós. Todos os dias.

Para quem não tenha informação suficiente sobre o projeto do Bibliomóvel de Penafiel, pode ler aqui uma reportagem maravilhosa, da autoria de Miguel Carvalho e Lucília Monteiro, na revista Visão de 16 de novembro. Leiam - vão ver que nunca se arrependem!

49 views0 comments

Commenti


bottom of page