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  • Paulo Jorge Pereira

Ricardo Costa Correia lê "Os Três Mosqueteiros", de Alexandre Dumas

Clássico da Literatura designada como "de capa e espada" que apaixonou gerações, a obra de Dumas começou por ser um folhetim publicado em jornal (1844). Mas logo ganhou estatuto de livro, tornando-se uma obra adorada à escala universal, sobretudo pelo público jovem.



Quem não conhece o lendário lema ("Um por Todos e Todos por Um"), as voltas e reviravoltas do trio que, afinal, era um quarteto, formado por D'Artagnan, Athos, Porthos e Aramis? Tudo começa quando o gascão D'Artagnan chega a Paris para se tornar membro do corpo de elite da guarda real, formado pelos mosqueteiros. Dumas aproveitou para transformar o livro numa miscelânea de personagens reais (a rainha Ana de Áustria, o duque de Buckingham ou o cardeal Richelieu) e outras imaginárias (os quatro mosqueteiros, Milady de Winter ou Constance Bonacieu), construindo um enredo recheado de episódios empolgantes, suspense, aventura e romance. Ao longo do tempo não faltaram adaptações da obra à 7ª Arte, mas também para televisão e desenhos animados: quem não se lembra de D'Artacão?

Alexandre Dumas pai (para evitar confusões com o filho escritor que usou o mesmo nome e publicou, por exemplo, "A Dama das Camélias") ganhou maior notoriedade não só com "Os Três Mosqueteiros", mas também com outra obra famosa à escala mundial: "O Conde de Monte Cristo", estreado em 1844. Nascido a 24 de julho de 1802 em Villets-Cotterêts (França), neto de um marquês (Alexandre Antoine Davy de la Pailleterie) e de uma escrava negra de Santo Domingo (Marie-Césette Dumas), órfão do pai, um general (Thomas Alexandre Davy de la Pailleterie), com apenas quatro anos, estudou num colégio religioso, notabilizando-se pelos dotes de aprendizagem de Latim e Gramática. Iria trabalhar num cartório, ali conhecendo Adolphe van Leuven com quem escreveu a peça "O Major de Estrasburgo" (1821). Dois anos depois foi viver para Paris e procurou trabalho junto de um amigo do pai, o general Foy. Este, impressionado com a caligrafia do jovem, concluiu que Dumas podia ser muito útil ao Duque de Orléans, futuro rei Luís Filipe. Assim desbravou caminho até à Comédie Française, na qual se estreou em 1829 com "Henrique III e a sua Corte". A revolta liberal de 1830, à qual se associou o escritor, conduziu o Duque de Orleáns ao trono numa altura em que Dumas era já um dramaturgo com êxito. Com uma agitada vida sentimental, fora pai do futuro escritor também com o seu nome em 1824, fruto de uma das inúmeras ligações que teve, neste caso com Catherine Labay.

Prosseguiu a escrita de peças até que, em 1844, publicou os dois livros que lhe asseguram a maior fatia de fama. A partir daí só escreverá romances, dois deles ainda com ligação à obra "Os Três Mosqueteiros": "Vinte Anos Depois" (1845) e "O Visconde de Bragelonne", no qual se inclui "O Homem da Máscara de Ferro" (1847). Criou um teatro que viria a falir em 1850, obrigando-o a vender o seu castelo, viajou muito, pela Europa e por África, mas, sob o peso das dívidas, foi perseguido pelos credores e exilou-se em Bruxelas, em 1851, numa altura em que a situação política e social em França era instável: o rei fora deposto e instalara-se o Segundo Império sob liderança de Napoleão III. Ainda regressou a Paris em 1854, mas só por alguns anos. Viaja para a Rússia em 1858, voltando a solo francês no ano seguinte. Ruma a Itália em 1860, tornando-se mesmo num dos participantes da campanha de unificação de Itália pelas tropas de Garibaldi. Com a vitória deste, é nomeado diretor de Belas Artes. Volta a Paris em abril de 1864, mas não deixa de fazer viagens e conferências no estrangeiro. Em setembro de 1870, sofre um acidente vascular cerebral que o deixa muito debilitado e fica em casa do filho na localidade de Puys, próxima de Dieppe. Aí acaba por morrer a 5 de dezembro.


Tradução de Carlos Rodrigues (Livraria Civilização Editora)

Dumas foi sepultado no cemitério da localidade em que nasceu, mas, em 2002, com Jacques Chirac como Presidente, o corpo foi exumado e colocado no Panteão de Paris ao lado de outros grandes nomes da Cultura francesa.

Com formação na área das Matemáticas, mas sempre rodeado por quem gostava de Cultura em geral, livros e leituras em particular, Ricardo Costa Correia nasceu em Lisboa e, logo aos 15 anos, com uma professora como principal impulsionadora, escreveu as primeiras histórias. À medida que ia crescendo, a paixão e os conhecimentos relativos à História, sobretudo de Portugal, também se desenvolviam. Através de blogs, foi exercitando esse gosto que acabaria por concretizar numa engenhosa aventura literária, começada com "O Segredo dos Bragança" em 2017. Logo no ano seguinte, abraçou uma nova e maior história a partir do seguinte pressuposto: e se D. Sebastião não tivesse morrido na batalha de Alcácer Quibir em 1578? Assim escreveu "O Regresso do Desejado, Vol. I, Ascensão" (2018) e "O Regresso do Desejado, Vol. II, Inquisição" (2019). Entretanto, o autor recebeu convite de um produtor norte-americano interessado em transformar a história numa série e, com Pedro Gonçalves, cuida neste momento de adaptar a obra ao pequeno ecrã. Na forja está o terceiro capítulo da saga, com lançamento previsto para breve. Todos os títulos sob a chancela Ego Editora.


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