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Paulo Jorge Pereira

"Se Esta Rua Falasse", de James Baldwin

Voz sempre disponível para o combate contra o racismo e em defesa dos direitos civis nos Estados Unidos, James Baldwin e um trecho do seu "Se Esta Rua Falasse", também adaptado ao cinema, são as propostas para hoje.



James Arthur Baldwin, nascido a 2 de agosto de 1924 em Nova Iorque, foi um notável crítico social, poeta, romancista, dramaturgo e ensaísta. Passou a maior parte da infância e da adolescência no Harlem para onde a mãe se mudara depois de deixar o pai por causa de este ser toxicodependente e violento. Casou-se em seguida com David Baldwin, um pastor evangélico, tendo o jovem James ajudado a criar os seus irmãos. Mas James passou por tempos difíceis, chegando a ser alvo de abusos sexuais por parte de polícias quando tinha apenas dez anos ao mesmo tempo que sofria com o racismo à sua volta. Por isso, em 1948, resolveu fugir dessas realidades e passou alguns anos em Paris, publicando nessa fase o primeiro livro: "Se o Disseres na Montanha" (1953). Nunca mais deixou de escrever, fossem romances, ensaios ou peças de teatro.

Seguiram-se "Stranger in the Village" (1953), "The Amen Corner" (1954), "Notes of a Native Son" (1955), "O Quarto de Giovanni" (1956), "Sonny's Blues" (1957), "Nobody Knows my Name: More Notes of a Native Son" (1961), "Another Country" (1962), "The Fire Next Time" (1963), "Blues for Mister Charlie" (1964), "Going to Meet the Man" (1965), "Tell me How Long the Train's Been Gone" (1968), "A Rap on Race" (1971, neste caso em parceria com Margaret Mead), "No Name in the Street" (1972), "A Dialogue" (1973), "Se Esta Rua Falasse" (1974), "The Devil Finds Work" (1976), "Just Above my Head" (1979), "The Evidence of Things not Seen" (1985) e "The Price of the Ticket" (também de 1985).

"Se Esta Rua Falasse" seria adaptado ao cinema em 2018 pelo realizador Barry Jenkins, premiado por "Moonlight".


Editora Alfaguara/Tradução de José Mário Silva


James Baldwin foi o primeiro artista afroamericano a surgir na capa da revista Time.

Defensor dos direitos civis e voz marcante na luta contra o racismo, Baldwin foi abalado pelos assassínios de amigos como Martin Luther King, Malcolm X ou Medgar Evers, participou em diversos debates, incluindo na televisão, nos quais desmontou a argumentação de quem o enfrentava com ideias racistas. "I'm Not Your Negro", documentário de 2017 baseado em "Remember this House", projeto de que só deixou escritas três dezenas de páginas, apresenta também referências marcantes a todos esses momentos.

Morreu em Saint-Paul de Vence, no sul de França, a 1 de dezembro de 1987, vítima de cancro no estômago.

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