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  • Paulo Jorge Pereira

Sónia Borges lê "A História Fabulosa de Peter Schlemihl", de Adelbert von Chamisso

Regresso ao momento em que um excerto da primeira obra do poeta e botânico alemão Adelbert von Chamisso foi a escolha de leitura proposta pela ilustradora Sónia Borges.



Um rapaz pobre que vende a sua sombra em troca de um pagamento em moedas de ouro: este é o resumo da obra de Adelbert von Chamisso, sexto dos sete filhos do conde Chamissot de Boncourt, tendo a família fugido de França na sequência da Revolução de 1789. Passam pela Flandres e ainda por cidades como Düsseldorf, Wurtzburg e Bayreuth, fixando-se em Berlim. O seu nome verdadeiro era Louis Charles Adelaïde de Chamissot e nasceu no castelo de Boncourt, na região de Champagne, a 30 de janeiro de 1781.

Com o exílio da família entra ao serviço da princesa Frederica Luísa da Prússia, estuda no Collège Français de Berlim, aprende o idioma alemão durante a adolescência e acaba por alistar-se no exército (regimento de infantaria de Götze) que irá combater e ser derrotado pelas tropas napoleónicas. Nesta fase toma contacto com os serões literários da comunidade judaica em Berlim, com relevo para o de Rahel Lewin, mais tarde casada com o amigo Karl August Varnhagen.

Depois de dez anos a usar farda e permanecendo em Berlim, embora a família regresse a França, Chamisso acompanha, em 1803, as conferências de August Wilhelm Schlegel acerca de literatura e, com apoio de nomes como Julius Eduard Hitzig (escritor) ou Karl August Varnhagen (cronista e diplomata), funda o jornal Nordsternbund, em cuja revista Musanalmanach vão surgir pela primeira vez versos da sua autoria. Mais tarde passa por uma fase depressiva, vivendo dois anos em casa do amigo Édouard Hitzig.

Em 1810 volta a Paris, conhece Alexander von Humboldt, mantém uma relação sentimental com Helmina von Chezy - que será a Minna d'"A História Fabulosa de Peter Schlemihl" - e integra o grupo de Madame de Staël, seguindo-a no exílio suíço. Aqui desperta o seu interesse pela Botânica, nunca esquecendo a frase do naturalista Albrecht von Haller: "A Suíça é o jardim botânico da Europa." De regresso a Berlim em 1812, matricula-se na Universidade e dedica-se ao estudo da Medicina e das Ciências Naturais. No verão do ano seguinte escreve "A História Fabulosa de Peter Schlemihl" que é publicado em 1814.

É no âmbito da sua paixão e dos seus conhecimentos de Botânica que irá participar numa volta ao mundo a bordo do navio russo Rurik, sob comando de Otto von Kotzebue, entre 1815 e 1818. Uma aventura que tanto o leva a conhecer a alegria das descobertas científicas quanto a solidão e a tristeza por algumas das recolhas que faz serem lançadas ao mar durante a limpeza do barco. Por onde passa sente-se impressionado com a Natureza - no Brasil, são também o comércio de escravos e a pesca da baleia que lhe causam impressão. Realiza um trabalho científico notável para a época e, anos mais tarde, o reconhecimento das suas capacidades garante-lhe convite do Imperador da Prússia para dirigir o Jardim Botânico de Berlim. Terá depois direito a entrar na Academia de Ciências por indicação do famoso Alexander von Humboldt.

Além do livro apresentado aqui pela voz de Sónia Borges, escreveu "Viagem à Volta do Mundo", "Observações e Opiniões Durante uma Viagem Exploratória sob o Comando de Kotzebue" e "A Língua dos Havaianos". Morreu a 21 de agosto de 1838.


Tradução de João Barrento (Assírio & Alvim)


"A História Fabulosa de Peter Schlemihl" é a única obra de Chamisso que está traduzida em português.

Sónia Borges é ilustradora e, como se define a si própria, "apaixonada por pessoas, histórias, livros e desenhos!" Podem saber mais sobre o seu trabalho aqui.

A obra "A História Fabulosa de Peter Schlemihl" tem escolha de ilustrações da artista Lourdes Castro.

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