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Paulo Jorge Pereira

Patrícia Adão Marques lê "Mãe, Eu Quero Ir-me Embora", de Maria do Rosário Pedreira

Updated: Apr 10, 2022

Na segunda participação aqui no blog, Patrícia Adão Marques apresenta o poema "Mãe, Eu Quero Ir-me Embora", escrito por Maria do Rosário Pedreira e integrado no livro "O Canto do Vento nos Ciprestes".



A partir de 2010, o nome de Maria do Rosário Pedreira ficou mais associado à essência do trabalho desenvolvido no Grupo Leya, designadamente a revelação de jovens autores portugueses como Ana Margarida de Carvalho, José Luís Peixoto, Nuno Camarneiro, Valter Hugo Mãe, João Tordo, João Pinto Coelho, entre outros. Três anos depois, em entrevista ao programa Ensaio Geral, da Rádio Renascença, sintetizava a sua filosofia: "É muito mais fácil fazer dinheiro com um livro de um apresentador de televisão do que com um de um escritor jovem e desconhecido, mas eu acho é que não podemos deixar de publicar o escritor jovem e desconhecido só por causa do dinheiro. Quando saíram as primeiras obras do Kafka, venderam 400 exemplares, mas hoje ainda lemos o Kafka", dizia.

Mas, para lá do seu trabalho no universo editorial, Maria do Rosário Pedreira é escritora com vasta obra publicada, englobando poesia (sem esquecer as letras de diversos fados nas vozes de Ana Moura, Carminho, Carlos do Carmo, Cristina Branco, Aldina Duarte e António Zambujo, por exemplo, tendo mesmo publicado uma antologia intitulada "Esse Fado Vaidoso"), romance, crónicas e literatura para os mais jovens. Nascida em Lisboa, a 21 de setembro de 1959, licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas no ramo de Estudos Franceses e Ingleses. Na sua formação sobressai também o curso de Língua e Cultura do Instituto Italiano de Cultura, linha que acabou por conduzi-la a uma formação universitária de verão em Perugia como bolseira do governo italiano. Além disso, passou ainda quatro anos no Goethe Institut. Começou por ser professora, mas, perto do final dos anos 80, entraria no maravilhoso mundo da edição e das traduções, tornando-se autora do Clube das Chaves, em parceria com Maria Teresa Maia Gonzalez, até 1998 (em 1989, sob o pseudónimo de Maria Helena Salgado, publicara o livro de poesia "Água das Pedras").

Pelo meio publicou um romance, "Alguns Homens, Duas Mulheres e Eu" (1993), mas também poesia ("A Casa e o Cheiro dos Livros", que aqui se apresenta, em 1996) e outra coleção de cariz juvenil - "Detetive Maravilhas", cujo percurso, iniciado em 1997, não deixou de prosseguir. Para os mais jovens, Maria do Rosário Pedreira escreveu ainda "A Ilha do Paraíso" (2000), "A Biblioteca do Avô" (2005), "A Minha Primeira Amália", ilustrado por João Fazenda (2012) e "Portuguesas Extraordinárias", com ilustrações de Elsa Martins (2018), da qual apresenta neste blog um excerto. No âmbito poético, "O Vento nos Ciprestes" (2001) e "Nenhum Nome Depois" (2004) surgiriam antes da edição de "Poesia Reunida" (2012). Mais recentes são "Adeus, Futuro" e "O Meu Corpo Humano", editados em 2021 e 2022, respetivamente.

Coordenadora de serviços editoriais na Gradiva, assumiu a responsabilidade da Sociedade Portugal-Frankfurt 97 como diretora de publicações, editou os catálogos dos pavilhões oficiais temáticos da Expo-98 e foi redatora de publicações dedicadas ao Festival dos 100 Dias e Mergulho no Futuro, apresentadas durante a Exposição Universal em Lisboa. Diretora editorial da Temas e Debates no Grupo Bertelsmann, sairia em 2005 para assumir funções de edição na QuidNovi, papel que trocou em 2010 pela missão de editar novos autores portugueses no Grupo Leya. Casada com o também escritor e editor (na Porto Editora) Manuel Alberto Valente, dedica-se ainda a um blog pessoal que pode ser visto aqui.

O trabalho de Maria do Rosário Pedreira como escritora já fora abordado aqui a 25 de agosto de 2020, quando Edite Queiroz apresentou um excerto do livro "A Casa e o Cheiro dos Livros", mas também a 9 de setembro desse ano, então numa leitura da própria autora dedicada ao seu livro "Portuguesas Extraordinárias".


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O poema hoje apresentado por Patrícia Adão Marques faz parte da obra "O Canto do Vento nos Ciprestes".

Patrícia Adão Marques estreou-se em leituras por aqui no passado dia 29 com "Eu Sei, Mas Não Devia", de Marina Colasanti, mas, conforme revela a sua nota biográfica, tem um longo e variado trabalho no universo da Cultura. "Cofundadora do Grupo TEMA-Mafra e membro da Direção do Teatro Independente de Oeiras, onde iniciou o percurso como atriz em 1996, é licenciada em Comunicação Empresarial pela Escola Superior de Comunicação Social, tendo feito formação artística em 2001/02 na ACT - Escola de Atores. Os estudos continuaram em ações promovidas por entidades como Chapitô, Teatro dos Aloés, Produções Fictícias", entre outras, sem esquecer "um curso de três meses no Michael Chekhov Acting Studio em Nova Iorque".

Por outro lado, "da sua experiência teatral constam passagens pelo Teatro A Barraca, Companhia do Chapitô, Teatro Mário Viegas, Teatro Villaret e Teatro Independente de Oeiras". O seu trabalho foi desenvolvido "em mais de 40 produções", tendo sido "dirigida por encenadores como Maria do Céu Guerra e Rita Lello (em A Barraca), Helder Costa, Carlos Thiré, Gina Tocchetto, Rui Rebelo, José Carlos Garcia, John Mowat - nestes quatro casos no Chapitô e para os mais novos -, Rita Lello, Moncho Rodriguez, António Pires, Frederico Corado, Carlos d'Almeida Ribeiro (no Teatro Independente de Oeiras), Lourenço Henriques, Durval Lucena" e outros.

Mas não se esgota aqui a sua atuação, pois Patrícia dispõe de "vasta experiência em teatro" para os mais novos, "incluindo musicais". No grande ecrã, a sua participação estende-se a filmes como "Quarta Divisão" (Joaquim Leitão), "A Corte do Norte" (João Botelho) ou "Os Imortais", de António-Pedro Vasconcelos. Em televisão há, por exemplo, a sua presença "no elenco fixo da novela "Ninguém como Tu", da TVI; a colaboração com o canal Q; as séries "Inferno" e "Inimigo Público", mas também "Bem-Vindos a Beirais", "Ministério do Tempo" ou "DaMood".

Outras vertentes da sua atividade são a locução e a dobragem "desde 2003. Neste capítulo sobressaem títulos como 'As Crónicas de Nárnia' (Disney e FOX), 'Handy Manny', 'Big Hero' e 'Violetta' (todos da Disney), neste último caso "dando voz à protagonista na versão portuguesa". O seu interesse e a sua atenção à poesia foram decisivos para que tenha "um canal no YouTube com vídeos" em que se apresenta a recitar e que está acessível aqui.

Multipremiada na área da realização de curtas-metragens, venceu o Prémio Melhor Curta-Metragem Portuguesa no Festival Massimo Troisi em Itália (2003) com "Coquelux - A Vingança das Galinhas" (realizado em parceria com o amigo e colega André Nunes) e o Prémio Melhor Vídeo no Festival Internacional de Avanca (2015), neste caso graças à curta "A Adorável Dor de Nunca te Ter" (parceria com Nuno Figueiredo), com base numa peça de Marguerite Duras, acessível aqui. Desse ano de 2015 é também a sua estreia como encenadora "com um musical infantil para o Grupo TEMA - Companhia de Teatro de Mafra".

Formação foi algo a que se dedicou entre 2008 e 2012 com "cursos e workshops" muitas vezes dedicados aos mais novos, com exemplos como "Workshop de Teatro para Crianças na ACT; curso de teatro na Oeiras International School; aulas em Montalegre ou no Teatro Independente de Oeiras". Atriz, locutora, dobradora, tem sido também produtora neste último teatro.

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