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  • Paulo Jorge Pereira

Agostinho Costa Sousa lê "Um Copo de Cólera", de Raduan Nassar

Prémio Camões em 2016, Raduan Nassar e "A Chegada", parte do livro intitulado "Um Copo de Cólera", são as propostas apresentadas hoje por Agostinho Costa Sousa.



Nascido a 27 de novembro de 1935 em Pindorama, no Estado de São Paulo, Raduan Nassar, descendente de libaneses que procuraram o Brasil para viver, foi o sétimo de uma dezena de filhos e teve estreia literária em 1975 com o livro "Lavoura Arcaica". Mas, até chegar aí, muito se passou na vida de um dos mais admirados escritores brasileiros vivos.

Da Pindorama natal, na qual passou a infância e uma parte da adolescência, Nassar rumou a São Paulo com os familiares, aqui estudando Direito e Filosofia. Só depois de ter abandonado este último por algum tempo, o anterior em definitivo, de conhecer alguns futuros escritores e de integrar um grupo de amigos com forte atração pela criação literária é que Raduan Nassar decidiu que a escrita seria o seu caminho principal no final da década de 50. Perder o pai em 1960 foi um rude golpe, levando o escritor a deixar em definitivo os negócios familiares. Pouco tempo depois é publicado o conto "Menina a Caminho" (nos anos 90, um livro sob o mesmo nome reunirá diversos contos). Esta é a altura escolhida por Nassar para rumar ao Canadá e, mais tarde, aos Estados Unidos, embora aqui permaneça pouco tempo.

De volta ao Brasil em 1962, Raduan Nassar retoma o contacto com os irmãos e conclui o curso de Filosofia, viajando em 1963 para a então Alemanha Federal e instalando-se na cidade de Lüneburg. No ano seguinte, a ditadura é instalada em solo brasileiro, mas nem isso o demove de regressar ao país, na sequência de breve passagem pelo Líbano para conhecer a origem da família. Começa por dedicar-se à criação de coelhos, deixa essa atividade e ajuda a criar o Jornal do Bairro. Os anos 60 estão a aproximar-se do final quando ensaia os passos iniciais do que será "Lavoura Arcaica" e ainda "Um Copo de Cólera".

Perde a mãe em 1971 e, dois anos mais tarde, conhece a docente alemã Heidrun Brückner, com quem irá partilhar a sua vida. De 74 é a sua saída do Jornal do Bairro, seguindo-se a elogiada publicação de "Lavoura Arcaica", livro que recebe vários prémios. Em 1978 é a vez da obra "Um Copo de Cólera", que terá adaptação cinematográfica, em 1995, o mesmo sucedendo ao livro de estreia em 2001. Ganha evidência internacional com traduções em vários idiomas, mas, em 1984, decide deixar a escrita e fixa residência na sua cidade de origem, passando depois para Buri, localidade do interior de São Paulo.

Distinguido com diversos galardões, o destaque vai para o Prémio Camões, que lhe foi atribuído em 2016.


Relógio d'Água


Tanto "Um Copo de Cólera" (1995) como "Lavoura Arcaica" (2001) tiveram direito a adaptação ao grande ecrã.

Agostinho Costa Sousa reside em Espinho e socorre-se da frase de Antón Tchekhov: "A medicina é a minha mulher legítima, a literatura é ilegítima" para se apresentar. "A Arquitetura é a minha mulher legítima, a Leitura é uma das ilegítimas", refere. Estreou-se a ler por aqui a 9 de maio com "A Neve Caindo sobre os Cedros", de David Guterson, seguindo-se "As Cidades Invisíveis", de Italo Calvino, a 16 do mesmo mês, mas também leituras de obras de Manuel de Lima e Alexandra Lucas Coelho a 31 de maio. "Histórias para Uma Noite de Calmaria", de Tonino Guerra, foi a sua escolha no dia 4 de junho. No passado dia 25, a sua escolha recaiu em "Veneno e Sombra e Adeus", de Javier Marías. O regresso processou-se com "As Velas Ardem Até ao Fim", de Sándor Márai, a 6 de setembro, seguindo-se "Histórias de Cronópios e de Famas", de Julio Cortázar, no dia 8, e "As Palavras Andantes", de Eduardo Galeano, a 11.

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