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  • Paulo Jorge Pereira

Alexandra Jacob lê "Presença", de Mário Quintana

É com o poema "Presença", de Mário Quintana, que Alexandra Jacob volta a participar aqui no blog, deixando um exemplo da obra premiada que o escritor, tradutor e jornalista brasileiro foi publicando ao longo de décadas.



Tradutor, poeta e jornalista, Mário de Miranda Quintana nasceu em Alegrete, quase a 500 km de Porto Alegre, no Brasil, a 30 de julho de 1906. Ao longo da sua atividade na área da tradução iria ser responsável por traduzir mais de uma centena de obras, incluindo, por exemplo, "Mrs Dalloway", de Virginia Woolf, "Palavras e Sangue", escrita por Giovanni Papini, ou "Em Busca do Tempo Perdido", de Marcel Proust. Antes, porém, passou pelo Colégio Militar, na cidade de Porto Alegre, ali se iniciando no ofício da escrita e mostrando alguns dos seus poemas na revista da instituição. Sob o pseudónimo de JB iria apresentar um soneto nas páginas do jornal de Alegrete em 1923. No ano seguinte deixou o Colégio Militar e trabalhou na livraria Globo, mas decorridos apenas três meses voltou à cidade natal e ocupou-se com a farmácia do pai, Celso de Oliveira Quintana. A mãe morreu em 1926, ano em que o seu conto "A Sétima Passagem" foi distinguido pelo Diário de Notícias de Porto Alegre. Cerca de um ano mais tarde, Quintana perdeu também o pai. No jornal O Estado do Rio Grande, em 1929, inicia o trabalho como tradutor e jornalista, continuando a publicar poemas da sua autoria em jornais e revistas. "Palavras e Sangue", de Giovanni Papini, é o primeiro livro traduzido por si que tem publicação em 1934. Dois anos mais tarde está a trabalhar na Livraria do Globo, ao lado de Érico Veríssimo, numa fase em que os seus poemas são divulgados pela revista Ibirapuitan. Publica um livro pela primeira vez em 1940, apresentando poemas no livro "A Rua dos Cataventos". Nas décadas seguintes publicará mais de duas dezenas de livros, entre poesia e literatura infantil, mas também antologias. De 1953 a 1977 trabalha para o Correio do Povo, sendo um dos colunistas na página dedicada à área da Cultura.

Ao longo dos anos vive a maior parte do tempo em unidades hoteleiras: de 1968 a 1980 no Hotel Majestic, do qual é despejado quando fica desempregado e sem possibilidades de pagar a renda após o encerramento do jornal Correio do Povo; mas o futebolista Paulo Roberto Falcão acolhe-o num quarto do Hotel Royal, do qual é dono. Mais tarde, Quintana acabará por viver no apart-hotel Porto Alegre Residence.

A obra de Quintana foi galardoada com o Prémio Machado de Assis em 1980 e com o Jabuti no ano seguinte. Fumador dos 14 aos 82 anos, o escritor morreria aos 87 anos, a 5 de maio de 1994, no hospital Moinhos de Vento em Porto Alegre, vítima de insuficiência cardíaca, depois de uma infeção intestinal, uma pneumonia, falhas respiratórias e do sistema renal. "Sonhava viver pelo menos até aos 94 anos e queria chegar ao século XXI", afirmou na altura a sobrinha-neta Elena Quintana Oliveira, herdeira da sua obra e que morreu no início de julho do ano passado aos 63 anos. Os cuidados com os direitos da obra de Quintana passaram então para Paula Quintana Biazus, jornalista e fotógrafa que é sobrinha de Elena.


Editora Nova Aguilar


"Quando eu for, um dia desses/Poeira ou folha levada/No vento da madrugada/Serei um pouco do nada/Invisível, delicioso/ Que faz com que o teu ar/Pareça mais um olhar/Suave mistério amoroso/Cidade de meu andar/(Deste já tão longo andar!)/E talvez de meu repouso...": escrever sobre a morte foi algo que Mário Quintana incluiu na sua obra poética.

Alexandra Jacob tem participação regular aqui no blog, não apenas a ler alguns dos seus trabalhos, mas também com leituras de excertos de obras publicadas por diferentes autores. Estreou-se a 28 de julho com a leitura de "Minha Mão-Flor", poema que está integrado na antologia de mulheres poetas "Elas, As Mãos, O Infinito", um projeto ligado ao movimento Mulherio das Letras, grupo com mais de sete mil escritoras, ilustradoras, editoras, livreiras, investigadoras, entre outras. Seguiu-se "Desde Então", também publicado na referida antologia, e que Alexandra Jacob apresentou aqui no passado dia 3. No dia 19 foi a vez do seu poema "O Lugar Onde o Peixe Pára", espécie de homenagem à Piracicaba natal.

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