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Paulo Jorge Pereira

Joana M. Lopes lê "Do Desejo", de Hilda Hilst

Considerada uma das mais notáveis escritoras em língua portuguesa, Hilda Hilst e o seu livro "Do Desejo" são as escolhas no regresso às leituras de Joana M. Lopes.



Poderosa voz em defesa do feminismo, da libertação sexual e dos direitos das mulheres, escritora que repartiu o trabalho literário por poesia, ficção e teatro, publicando dezenas de obras entre os anos 50 e o final da década de 90. Neta, pelo lado do pai, de um imigrante que chegou ao Brasil oriundo da Alsácia-Lorena e filha de um jornalista que era também fazendeiro, enquanto a mãe tinha ascendência portuguesa, Hilda de Almeida Prado Hilst nasceu na paulista Jaú, a 21 de abril de 1930. Mal teve tempo para conviver com o pai, pois a mãe separou-se e levou-a para Santos. Numa entrevista em 1999, publicada nos Cadernos de Literatura brasileira do Instituto Moreira Salles, a escritora recordou como voltou a ver o pai quando já tinha 16 anos: "Meu pai estava na fazenda dele e pediu para me chamar - na verdade, meu pai já estava louco. Às vezes pegava na minha mão, acho que me confundia com a minha mãe, e então dizia para eu dar três noites de amor para ele. Era uma coisa terrível, constrangedora, eu ficava morta de vergonha, sem jeito."

Faria os estudos até se licenciar em Direito, no começo da década de 50, altura em que já publicara as primeiras obras de poesia, desde logo muio elogiadas: "Presságio" e "Balada de Alzira".

O regresso à fazenda de origem, na qual seria construída a moradia onde viveu e trabalhou até ao final dos seus dias, seria fundamental para o desenvolvimento do seu trabalho literário. Foi publicando e recebendo prémios, casou-se em 1968 com Dante Casarini (escultor), mas a separação, mesmo que continuassem a partilhar casa, aconteceu em 1980. Não parou de escrever, nem de ser distinguida com galardões, continuando a deixar marcas de erotismo na sua escrita. Pelos anos fora, Hilda Hilst foi traçando um percurso literário marcante, assinalado por traduções para inúmeros idiomas.

Em 2004, culminando período de internamento superior a um mês devido a fratura numa perna, Hilda Hilst sofreu paragem cardíaca, falência generalizada dos órgãos e não resistiu. Tinha 73 anos.


Biblioteca Azul


"Meu pai foi a razão de eu me ter tornado escritora", confessou Hilda Hilst, numa entrevista publicada em 1999.

Nascida em 1984, Joana M. Lopes é licenciada em Animação Cultural e mestre em Animação Artística, dedicando-se a programas no âmbito da mediação cultural além de ser artista plástica. Começou por dedicar-se à escrita de livros infantojuvenis, publicando "De onde Vêm as Bruxas" - que recebeu o prémio do Pingo Doce para Literatura Infantil -, "O que Tem a Barriga da Mãe?", "Corações aos Milhões", "Manuel, o Menino com Asas de Livros" e "Marcelo, o Presidente" antes da estreia no romance com "A Vida de um Homem que Perseguia Poemas", seguindo-se "Cabeça de Andorinha".

"A Chama de Adrião Blávio", publicado em 2020, é o seu segundo romance e já aqui foi abordado em diferentes momentos - a estreia aconteceu pela voz da própria autora, a 25 de setembro de 2020, regressou a 4 de novembro e também a 29 de agosto quando li um trecho pela segunda vez no Especial dedicado à Feira do Livro. Antes, a 3 de junho, Sara Loureiro lera um excerto do primeiro trabalho de Joana M. Lopes: "A Vida de um Homem que Perseguia Poemas".

A atividade da autora pode ser acompanhada através das redes sociais, seja no Facebook ou no Instagram.

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