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Paulo Jorge Pereira

Armando Liguori Junior lê "Encadernadinho"

A partir do poema "Enjoadinho", do imortal Vinicius de Moraes, Armando Liguori Junior propõe uma espécie de releitura com este seu poema intitulado "Encadernadinho", inserido no livro "A Poesia Está em Tudo".



Armando Liguori Junior, ator e jornalista de formação, tem vários livros publicados; três de poemas ("A Poesia Está em Tudo" – Editora Patuá 2020; "Territórios" – Editora Scortecci 2009; o recente "Ser Leve Leva Tempo", que já aqui apresentou a 5 de maio, Dia Mundial da Língua Portuguesa; e um de dramaturgia: "Textos Curtos para Teatro e Cinema (2017) – Giostri Editora). Atualmente mantém um canal no YouTube (Armando Liguori), dedicado a leituras literárias, especialmente de poesia.

Hoje apresenta um poema da sua obra "A Poesia Está em Tudo": intitula-se "Encadernadinho" e é uma espécie de releitura do poema "Enjoadinho", desse génio da Cultura que sempre será Vinicius de Moraes, cuja leitura pelo próprio aqui se recorda.

Marcus Vinícius da Cruz de Mello Moraes, que ganharia a alcunha de Poetinha, nasceu no Rio de Janeiro, a 19 de outubro de 1913, ali morrendo a 9 de julho de 1980. Escritor e compositor genial, cantor e diplomata, amante da vida boémia, colecionou nove casamentos e vários filhos. Na música estabeleceu parcerias memoráveis com nomes como Tom Jobim, João Gilberto, Chico Buarque, Toquinho, Baden Powell, Carlos Lyra, Ary Barroso, Pixinguinha, Edu Lobo, Dorival Caymmi, Maria Bethânia, entre muitos outros. Formado em Ciências Jurídicas e Sociais (1933), já escrevia poesia, livros e letras para músicas desde os anos 20. Amigo de inúmeros poetas, como por exemplo Manuel Bandeira ou Mário de Andrade, no plano político depressa se posicionou contra qualquer ideia de fascismo, colocando-se ao lado dos comunistas.

Teve alguns trabalhos no Brasil até obter uma bolsa que o levou à Universidade de Oxford, aí estudando Língua e Literatura Inglesa. Voltou a território brasileiro no começo dos anos 40 e, mais tarde, após um primeiro insucesso, foi admitido no chamado Minitério das Relações Exteriores em 1943. Foi vice-cônsul em Los Angeles, mas a morte do pai fê-lo regressar ao Brasil (1950), seguindo-se trabalhos em Paris e Roma - aqui ganharam evidência os serões em casa do escritor e historiador Sérgio Buarque de Holanda, pai de Chico.

Viria a compor com Tom Jobim canções como "Garota de Ipanema", "Chega de Saudade" ou "Eu Sei que Vou te Amar", a partir de meados dos anos 50, assumindo-se como figura maior do movimento Bossa Nova iniciado em 1958. Continua a publicar livros de poesia, é diplomata no Uruguai e compõe para cinema - com tanto sucesso que "Orfeu Negro" recebe a Palma de Ouro no Festival de Cannes (1959) e o Óscar para Melhor Filme Estrangeiro no ano seguinte. Alarga o conjunto de colaborações profícuas, participa em espectáculos, compõe para peças e filmes, o seu nome funciona como espécie de bandeira da Música Popular Brasileira. De 1967 é o filme "Garota de Ipanema", tendo a canção de Vinicius/Tom Jobim como tema principal, cujo sucesso estrondoso ganha dimensão universal.

Era demasiado para a ditadura que, enquanto Vinicius passava por Portugal com Chico Buarque e Nara Leão em atuações ao vivo, em 1968, decidiu demiti-lo e reformá-lo da carreira diplomática, acusando-o de devassidão e incumprimento dos deveres profissionais. Apesar da perseguição, prosseguiu de forma imparável o seu percurso como poeta e compositor sem igual, demonstrando a genialidade em novas parcerias e espectáculos no Brasil e noutros paíse da América do Sul e na Europa. De 1978 é o álbum "Vinicius e Amália" que marca a colaboração com a diva do fado.

Trabalhava em novos episódios da parceria com Toquinho quando se sentiu indisposto, no começo de julho de 1980. A 9 de julho, vítima de edema pulmonar, desaparecia um dos maiores nomes da Cultura do Brasil. A obra, essa, continua a ser exemplo e influência para todos.


Editora Patuá


O poema escrito por Armando Liguori Junior é uma forma de homenagem ao genial Vinicius de Moraes.

Armando Liguori Junior, ator e jornalista de formação, estreou-se nas leituras aqui para o blog com "Se te Queres Matar Porque Não te Queres Matar?", de Álvaro de Campos, a 15 de julho de 2020, seguindo-se "Continuidades", de Walt Whitman, a 7 de agosto e "Matteo Perdeu o Emprego", de Gonçalo M. Tavares, a 11 de setembro, várias leituras do meu "Murro no Estômago" (a 16 de outubro de 2020 e a 5 de setembro de 2021).

Em 2021, a 12 de fevereiro, apresentou "Pelo Retrovisor", de Mário Baggio, seguindo-se "A Gaivota", de Anton Tchekhov, a 27 de março, Dia Mundial do Teatro; "A Máquina de Fazer Espanhóis", de Valter Hugo Mãe, a 5 de maio, Dia Mundial da Língua Portuguesa; e, a 10 de junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, com leituras de "Cheira Bem, Cheira a Lisboa", de César de Oliveira, e um trecho de "Viagem", de Miguel Torga. A 26 de outubro surgiu "O Medo", de Carlos Drummond de Andrade, e Niels Hav com "Em Defesa dos Poetas" foi o passo seguinte, a 28. "Algo Está em Movimento", de Affonso Romano de Sant'Anna, surgiu a 30 de outubro. A 2 de março de 2022 leu "O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá", de Jorge Amado, e no dia 6 apresentou "A Máquina", de Adriana Falcão. "As Coisas", de Arnaldo Antunes, foi a proposta de 13 de março. A 5 de maio, Dia Mundial da Língua Portuguesa, leu "Ser Leve Leva Tempo". A 13, Armando Liguori Junior deixou outro exemplo de talento ao ler "Pássaro Triste", do seu livro "Toda Saída É de Emergência". No dia 19, Cecília Meireles e o poema "Escolha o seu Sonho" foram as propostas. Seguiu-se um excerto de "Macunaíma", de Mário de Andrade, a 27 de maio. De 3 de junho é a proposta de leitura de "Sapatos", de Rubem Fonseca. A 4 de novembro leu "Samadhi", de Leila Guenther. De dia 24 é "Carta a Meus Filhos sobre os Fuzilamentos de Goya", de Jorge de Sena. "O Gato e o Pássaro", de Jacques Prévert, foi lido a 29 de novembro.

A apresentação do livro "Ser Leve Leva Tempo" pode ser recordada aqui.

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