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Paulo Jorge Pereira

Sandra Escudeiro lê "Infância e Palavra", de Luísa Dacosta

Luísa Dacosta, grande escritora transmontana que viveu em Matosinhos, e o seu "Infância e Palavra" são as opções de Sandra Escudeiro hoje aqui regressadas.



Chamaram-lhe Maria Luísa Saraiva Pinto dos Santos, mas o nome literário que escolheu foi Luísa Dacosta. Nasceu em Vila Real (Trás-os-Montes) em 1927. As histórias, de início contadas pela mãe, pela tia, por uma ama; mais tarde já decifradas pela leitura, foram a sua primeira grande paixão, em especial as histórias maravilhosas de Hans Christian Andersen. "Outra coisa que guardo com muita força é o azul amassado com violetas das encostas do Marão, que se viam do meu quintal, e que eram para mim uma barreira", escreveu, num dos seus diários.

Lutadora incansável desde criança, não se deixou intimidar pelas dificuldades que, naquele tempo, caracterizavam a vida no interior, e, depois de licenciada em Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tornou-se docente de Língua Portuguesa no 2.º ciclo do ensino básico, exercendo sobretudo no Porto, entre 1968 e 1997. Escreveria muito para crianças, mas também para leitores mais crescidos. No primeiro caso, à sua escrita juntaram-se maravilhosos trabalhos de pintores e ilustradores como Cristina Valadas, Jorge Pinheiro, Armando Alves, Ângela Melo, André Letria, Júlio Resende, Karin Somero, Francisco Santarém, Tiago Manuel, Maria Mendes, Manuela Bacelar ou Marques Cruz, entre outros.

Da sua vasta obra fazem parte títulos como "Província" (1955), "O Príncipe que Guardava Ovelhas" (1970), "O Elefante Cor de Rosa" (1974), "Teatrinho do Romão (1977), "A Menina Coração de Pássaro" (1978), "A-Ver-o-Mar" (1980), "Nos Jardins do Mar" (1981), "Vovó Ana, Bisavó Filomena e Eu" (1983), "Corpo Recusado" e "Batalha de Aljubarrota" (os dois de 1985), "História com Recadinho" (1986), "Os Magos que Não Chegaram" (1989), "Morrer a Ocidente" e "Sonhos na Palma da Mão" (ambos de 1990), "Na Água do Tempo: Diário" (1992), "Lá Vai uma... Lá Vão Duas…" (1993), "Aleluia, na Manhã" (1994), "Robertices" (1995), "A Sombra do Mar" (1999), "O Planeta Desconhecido e Romance da que Fui Antes de Mim" (2000), "Infância e Palavra" e "A Rapariga e o Sonho" (os dois de 2001), "Natal com Aleluia" (2002), "O Perfume do Sonho, na Tarde" (2004), "Houve um Tempo, Longe" e "Sargaços" (ambos de 2005), "O Rapaz que Sabia Acordar a Primavera", "A Maresia e o Sargaço dos Dias" e "De Mãos Dadas, Estrada Fora" (todos de 2007), "Marés de Mar" e "Um Olhar Naufragado: Diário II" (os dois de 2008).

Na atividade paralela de crítica literária colaborou com inúmeros jornais e revistas. Além disso, entre meados dos anos 70 e 80, integrou o Conselho de Imprensa. Também se dedicou à tradução com exemplos como "As Estrelas Empalidecem", de Karl Bjarnhof (1960), "Planetarium", de Nathalie Sarraute (1963) ou Simone de Beauvoir ("Morte Serena", 1966).

Morreu a 15 de fevereiro de 2015, após uma vida inteira a bater-se pela Educação e pela Cultura.


ASA


A escritora recebeu, entre outras distinções, o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens em 1994 pela obra "Lá Vai Uma... Lá Vão Duas..."

Sandra Escudeiro, que se identifica como "uma amante da Leitura", mas também artesã, tem presença regular aqui no blog, nasceu em 1973 e vive em Vila Nova de Famalicão. É a dinamizadora do "Clube de Leitores", na biblioteca escolar da Escola Básica de Ribeirão, onde trabalha há 11 anos. Por outro lado, é também artesã e, em part time, dedica-se à trapologia desde 2009. Inspira-se na literatura e nos seus autores, idealiza e constrói bonecos exclusivos em trapos designados "Bonecos Urbanos", aqui surgindo as "Figuras Literárias", isto é, bonecos que caracterizam os mais importantes escritores, diversas personagens das histórias infantis bem como outros seres idealizados na imaginação da criadora. Podem acompanhar aqui o seu maravilhoso trabalho: bonecosurbanos.blogspot.com. Está já nas dezenas a sua participação aqui no blog. Tudo começou com a leitura do poema "A Espantosa Realidade das Coisas", de Alberto Caeiro, heterónimo de Fernando Pessoa, a 15 de junho; seguiram-se "O Limpa-Palavras", de Álvaro Magalhães, a 26 desse mês; "Canção na Massa do Sangue", de Jacques Prévert, a 30 de julho; "Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres", de Clarice Lispector, a 2 de outubro; "Só" e "O Poço é o Pêndulo", de Edgar Allan Poe, foram as suas leituras de 2 de novembro; no dia 21 desse mês regressou com "Os Transparentes", de Ondjaki. E aproveitou o centenário da escritora Clarice Lispector para regressar, participando nessa edição especial com Inês Henriques e recorrendo à leitura de dois fragmentos da obra da brasileira, no dia 10 de dezembro. A 23 desse mês voltou, então para apresentar um excerto do livro "O Pintor Debaixo do Lava-Louças", de Afonso Cruz.

Seguiu-se a presença de 24 de janeiro quando apresentou o poema "Quarto Crescente", do livro "Luto Lento", escrito por João Negreiros. A 10 de fevereiro leu "Devia Morrer-se de Outra Maneira", escrito por José Gomes Ferreira. Cerca de um mês mais tarde foi uma das vozes que contribuíram para o Especial dedicado ao Dia Internacional da Mulher, lendo um excerto de "Insubmissão", de Maria Teresa Horta. A 26 de março trouxe um trecho da obra "A Desumanização", de Valter Hugo Mãe. "A Infinita Fiadeira", de Mia Couto, foi a sua proposta de 6 de maio. A 30 desse mês trouxe "A Cor Azul", de Jaime Soares. A 26 de junho apresentou "Já Não me Deito em Pose de Morrer", de Cláudia R. Sampaio. "Terra do Pecado", de José Saramago, foi a proposta que leu a 16 de novembro, dia em que o escritor completaria 99 anos. "O Perfume", de Patrick Süskind, foi a sua leitura a 2 de fevereiro. A 26 de abril trouxe "O Vício dos Livros", de Afonso Cruz. "Infância e Palavra", de Luísa Dacosta, foi a sua proposta de 20 de maio. A 8 de junho propôs "Kafka à Beira-Mar", de Haruki Murakami. De 7 de dezembro é o regresso da obra "A Cor Azul", de Jaime Soares. A 20 de janeiro voltou a leitura da obra "Os Transparentes", de Ondjaki e, no último dia desse mês, o regresso foi feito com "O Limpa-Palavras", de Álvaro Magalhães.

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