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  • Paulo Jorge Pereira

Agostinho Costa Sousa lê "Poemas e Fragmentos", de Safo

O poeta Eugénio de Andrade traduziu poesia de Safo, que viveu no século VII A. C., e hoje cabe a Agostinho Costa Sousa apresentar três exemplos incluídos na obra "Poemas e Fragmentos".



Platão chamou-lhe "A Décima Musa" e é um dos nomes maiores da História da poesia. Sendo uma das poucas mulheres da Antiguidade Clássica cuja obra ultrapassou a barreira do tempo, apesar da destruição de que foi alvo por cristãos dos séculos IV e XI, a parte do trabalho poético de Safo, que viveu na Grécia Antiga durante o século VII A.C. e chegou aos nossos dias - uma ode e perto de 200 fragmentos, tendo em conta diversas citações de autores antigos e papiros encontrados no Egito -, tem sido objeto de inúmeras análises e interpretações. Tendo vivido na ilha de Lesbos, a sua poesia e o seu nome passaram a ser associados, sobretudo a partir do século XIX, ao amor lésbico, ainda que sejam contraditórias e recheadas de dúvidas as análises à sua sexualidade.

Terá nascido na cidade de Mitilene, no ano de 612 A. C., acabando condenada ao exílio pela ditadura de Pitaco, primeiro em Pirra, mais tarde na Sicília, onde teria casado com um homem rico, vindo a ser mãe de Cleis. No regresso a Mitilene após a morte do marido, Safo criou uma escola só para mulheres, sublinhando a importância da poesia, da dança e do canto. É daqui que nascem a teses de que seria apaixonada pelas alunas, tendo mesmo uma favorita, Átis.

O poeta Eugénio de Andrade, nascido em 1930 e falecido em 2005, multipremiado, incluindo com o Prémio Camões, fez a tradução publicada pouco depois da Revolução, em 1974, mas a reedição de abril do ano passado tem já por base uma segunda análise, de 1977, feita a partir de indicações da investigadora Maria Helena Rocha Pereira. Eugénio de Andrade refere-e ao trabalho de Safo de forma elogiosa, salientando "os versos incomparáveis onde a experiência íntima e devastadora da paixão, aliada a um sentimento muito vivo da natureza, é comunicada sem ênfase e sem patetismo, com uma naturalidade até então desconhecida, e que a poesia ocidental não terá voltado a conhecer".


Assírio & Alvim


A tradução de Eugénio de Andrade foi publicada em 1974, tendo sido reeditada em abril do ano passado em função de uma análise datada de 1977.

Agostinho Costa Sousa reside em Espinho e socorre-se da frase de Antón Tchekhov: "A medicina é a minha mulher legítima, a literatura é ilegítima" para se apresentar. "A Arquitetura é a minha mulher legítima, a Leitura é uma das ilegítimas", refere. Estreou-se a ler por aqui a 9 de maio com "A Neve Caindo sobre os Cedros", de David Guterson, seguindo-se "As Cidades Invisíveis", de Italo Calvino, a 16 do mesmo mês, mas também leituras de obras de Manuel de Lima e Alexandra Lucas Coelho a 31 de maio. "Histórias para Uma Noite de Calmaria", de Tonino Guerra, foi a sua escolha no dia 4 de junho. No passado dia 25 de julho, a sua escolha recaiu em "Veneno e Sombra e Adeus", de Javier Marías, seguindo-se "Zadig ou o Destino", de Voltaire, a 28. O regresso processou-se a 6 de setembro, com "As Velas Ardem Até ao Fim", de Sándor Márai. Seguiram-se "Histórias de Cronópios e de Famas", de Julio Cortázar, no dia 8; "As Palavras Andantes", de Eduardo Galeano, a 11; "Um Copo de Cólera", de Raduan Nassar, a 14; e "Um Amor", de Sara Mesa, no dia 16. A 19 de setembro, a leitura escolhida foi "Ajudar a Estender Pontes", de Julio Cortázar. A 17 de outubro, a proposta centrou-se na poesia de José Carlos Barros com três poemas do livro "Penélope Escreve a Ulisses". Três dias mais tarde leu três poemas inseridos na obra "A Axila de Egon Schiele", de André Tecedeiro. A 29 de novembro apresentou "Inquérito à Arquitetura Popular Angolana", de José Tolentino de Mendonça. De dia 1 do mês seguinte é a leitura de "Trieste", escrito pela croata Dasa Drndic e, no dia 3, a proposta foi um trecho do livro "Civilizações", escrito por Laurent Binet. No dia 5, Agostinho Costa Sousa dedicou atenção a "Viagens", de Olga Tokarczuk. A 7, a obra "Húmus", de Raul Brandão, foi a proposta apresentada. Dois dias mais tarde, a leitura foi dedicada a um trecho do livro "Duas Solidões - O Romance na América Latina", com Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa. Seguiu-se "O Filho", de Eduardo Galeano, no dia 20. A 23, Agostinho Costa Sousa trouxe "O Vício dos Livros", de Afonso Cruz. Voltou um mês mais tarde com "Esta Gente/Essa Gente", poema de Ana Hatherly. No dia 26 de janeiro, apresentou "Escrever", de Stephen King. Quatro dias mais tarde foi a vez de Maria Gabriela Llansol com "O Azul Imperfeito".

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