A proposta de leitura para hoje é, segundo Amílcar Mendes, o poema de Al Berto que retirou do livro "Salsugem" e se intitula "Se Um Dia a Juventude Voltasse".
Uma vida dedicada à Arte, com relevo para a poesia, pintura, edição e não só: assim foi, por um lado, a atividade de Al Berto, pseudónimo de Alberto Raposo Pidwell Tavares, nascido em Coimbra, a 11 de janeiro de 1948. Tinha ascendência inglesa pelo lado da avó paterna, desde tenra idade viveu em solo alentejano e a infância ficaria marcada pelo trágico desaparecimento do pai, vítima de acidente rodoviário. Moraria em Sines até à adolescência, fase em que seria deslocado para Lisboa, passando a desenvolver os dotes artísticos na Escola António Arroio. Com a Guerra Colonial no auge, escaparia ao serviço militar em 1967, vivendo em território belga numa comunidade hippie ao mesmo tempo que estudava pintura. Ao lado de outros artistas, como Joëlle de la Casinière - com quem terá mantido um relacionamento de que teria resultado um filho, numa altura em que também tinha outras relações homossexuais -, Carlos Ferrand, Olimpia Hruska, Michel Bonnemaison e Jacques Lederlain, cria o Montfaucon Center, com a morada no 25, rue de L'Aurore, bairro de Ixelles, na capital belga, em 1972 (no ano seguinte também Sophie Podolski entraria no espaço). Já mais empenhado no universo da escrita, Al Berto teria publicado pelo Research Center local o seu livro de estreia: "Projetos 69".
O regresso a Portugal aconteceria apenas depois da Revolução. De 1977 é o segundo livro do poeta, sob o título "À Procura do Vento num Jardim d'Agosto". Segue-se uma extensa lista que envolve não apenas poesia, mas também prosa e drama: "Meu Fruto de Morder Todas as Horas2 (1980), "Trabalhos do Olhar" (1982), "O Último Habitante" (1983), "Salsugem" e "A Seguir o Deserto" (ambos de 1984), "Três Cartas da Memória das Índias", "Uma Existência de Papel" e "Apresentação da Noite" (todos de 1985), a coletânea "O Medo - Trabalho Poético 1974-1986" (1987), "Lunário" (1988), "O Livro dos Regressos" (1989), "A Secreta Vida das Imagens" (1990), "Canto do Amigo Morto" e "O Medo - Trabalho Poético 1974-1990 (1991), "O Anjo Mudo" (1993), "Luminoso Afogado" (1995), "Horto de Incêndio" (1997) - de que aqui foi apresentado, a 8 de fevereiro, um exemplo por Amílcar Mendes com o poema "Não Cantes".
Um linfoma vitimou Al Berto a 13 de junho de 1997, quando tinha apenas 49 anos. E vieram as publicações póstumas: "O Medo" (1998), "Dispersos" e "Degredo no Sul" (os dois de 2007) e "Diários" (2012).
Sobre a relação que o poeta manteve com o irmão, Vicente Alves do Ó realizou o filme que se estreou em 2017.
Assírio & Alvim
Vinte anos depois da morte do poeta, Vicente Alves do Ó realizou um filme sobre a sua vida.
Amílcar Mendes, ator e "dizedor de poesia", que também foi coordenador das noites de Poesia do Pinguim Café e do Púcaros Bar, no Porto, deixa-nos uma leitura diferente. A sua estreia aqui no blog registou-se a 5 de junho de 2021 com um excerto de "Gin sem Tónica, mas Também", de Mário-Henrique Leiria. Do dia 3 de julho é a leitura de "Poemas de Ponta & Mola", de Mendes de Carvalho, seguindo-se "Poema do Gato", de António Gedeão, a 7 de julho; "Funeral", de Dinis Moura, a 14 de julho; a 24 desse mês, a escolha recaiu em "Quadrilha", de Carlos Drummond de Andrade; voltou à aposta em António Gedeão com "Trovas para Serem Vendidas na Travessa de São Domingos" a 6 de agosto; a 10 de setembro, o poema "Árvore", de Manoel de Barros, foi a proposta. "Socorro", de Millôr Fernandes, foi a escolha de dia 11 de outubro e, a 29, foi apresentado "História do Homem que Perdeu a Alma num Café", de Rui Manuel Amaral. A 7 de novembro, Amílcar Mendes trouxe "A História é uma História", de Millôr Fernandes. "Aproveita o Dia", de Walt Whitman, foi a proposta a 27 de novembro.
No dia 15 do mês seguinte, Amílcar Mendes leu "A Princesa de Braços Cruzados" , de Adília Lopes. A 19 surgiu "A Morte do Pai Natal", de Rui Souza Coelho. Quase um mês depois, a 17 de janeiro, apresentou "Uma Faca nos Dentes", de António José Forte. A 8 de fevereiro leu o poema "Não Cantes", de Al Berto. No dia 20, apresentou "Ano Comum", de Joaquim Pessoa. Uma semana mais tarde, a proposta centrou-se em dois textos de Mário-Henrique Leiria. E a 17 de março propôs "Breves Respostas às Grandes Perguntas", de Stephen Hawking. A 15 de abril regressou à poesia de Al Berto e a 21 de julho leu "Anúncios Paroquiais". Al Berto e o seu poema "Fragmentos de um Diário" foram o tema da leitura a 18 de agosto. A 14 de setembro apresentou "Fábula", de Joaquim Castro Caldas. De 9 de outubro é uma nova leitura de "Fragmentos de um Diário", de Al Berto. A 14 de de dezembro trouxe "Era Uma Vez um Pescador", de Rui Souza Coelho. "Deus", de Onofre Varela, foi a escolha na véspera de Natal. De 9 de janeiro é a sua leitura de "Biblioteca", com assinatura de Afonso Cruz. A 3 de fevereiro voltou com o mesmo autor. A 18 de abril recuperei a leitura do dia 119, inserido em "Ano Comum", como forma de homenagem no dia seguinte à morte do poeta. De 24 de abril é a leitura do Dia 243, também de Joaquim Pessoa e da obra já referida. A 5 de agosto voltaram dois textos de Mário-Henrique Leiria. "Quadrilha", de Carlos Drummond de Andrade, voltou a 31 de agosto.
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