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  • Paulo Jorge Pereira

Agostinho Costa Sousa lê "Nicanor Parra: Rey y Mendigo", de Rafael Gumucio

A proposta de hoje, apresentada por Agostinho Costa Sousa, refere-se ao Chile e chega de um livro escrito por Rafael Gumucio sobre um poeta seu compatriota, irmão mais velho da gigante Violeta Parra e que, tendo uma vasta obra, ganhou o Prémio Cervantes em 2011: "Nicanor Parra - Rey y Mendigo".



Rafael Gumucio resolveu escrever a biografia de Nicanor Parra e publicou-a em 2018 (ano da morte do poeta, então já com 103 anos), numa altura em que ia já longo o seu percurso a publicar novelas, ensaios, peças de teatro, mas também artigos em jornais, guiões de cinema e televisão. E, ao lado de inúmeros outro escritores chilenos, a convivência em casa do biografado. Gumucio, que tinha ascendência ligada à política e à 7.ª Arte, nasceu a 18 de janeiro de 1970 e, por causa das ligações familiares à esquerda, acompanhou a família no exílio em França após o golpe militar de Pinochet que, a 11 de setembro de 1973, derrubou e assassinou o Presidente Salvador Allende, instaurando uma sangrenta e longa ditadura.

Teria formação nas áreas de Pedagogia e Literatura e, de volta ao Chile já livre da sinistra sombra do ditador, entraria não apenas na publicação de livros com "Invierno en la Torre", mas também no jornalismo. Viveria e escreveria em Espanha e nos EUA antes de outro regresso ao Chile. Casado, pai de duas filhas, continuou a dedicar-se à escrita, alargou o âmbito do seu universo ao pequeno e ao grande ecrã e ainda à área humorística até se tornar assessor de comunicação no Governo.

Quanto a Nicanor, ser o irmão mais velho de Violeta Parra - nome fundador da música popular chilena e voz emblemática contra a opressão em toda a América Latina - não ofuscou o poeta Nicanor Parra, cujo trabalho literário chegou a ser musicado pela irmã. Nascido a 5 de setembro de 1914, iria ter as artes dos números como matemático e dominar a ciência das letras enquanto poeta. Admirador de Whitman e Lorca, além dos primeiros trabalho literários, "Cancionero sin Nombre" (1937); "Poemas y Antipoemas" (1954) ou "La Cueca Larga" (1958), Nicanor publicou uma vasta obra depois de ter estudado nos Estados Unidos e enquanto era docente universitário de regresso ao Chile, exercendo forte influência sobre outros escritores: "Versos de Salón" (1962); "Manifiesto" (1963); "Canciones Rusas" (1967); "Obra Gruesa" (1969); "Los Profesores" (1971); "Artefactos" (1972); "Sermones y Prédicas del Cristo de Elqui" (1977); "Nuevos Sermones y Prédicas del Cristo de Elqui" (1979); "El anti-Lázaro" e "Plaza Sésamo" (ambos de 1981); "Poema y Antipoema de Eduardo Frei" (1982); "Cachureos, Ecopoemas, Guatapiques, Últimas Prédicas", "Chistes para Desorientar a la Policía", "Coplas de Navidad" e "Poesía Política" (todos em 1983); "Hojas de Parra" (1985); "Poemas para Combatir la Calvicie" (1993); "Páginas en Blanco" (2001); "Lear Rey & Mendigo" (2004); "Obras completas I & Algo +" e "Discursos de Sobremesa" (os dois em 2006).

Morreu a 23 de janeiro de 2018.


Literatura Random House/Tradução livre de Agostinho Costa Sousa


Rafael Gumucio foi visita de casa de Nicanor Parra e escreveu: "Vive en el infierno, pienso, o en el purgatorio, ese señor que hace chistes todo el tiempo, que camina como si bailara y odia el patetismo existencial o cualquier tipo de gravedad. No descansa nunca, aunque esté tranquilamente sentado frente al ventanal que da al mar."

Agostinho Costa Sousa reside em Espinho e socorre-se da frase de Antón Tchekhov: "A medicina é a minha mulher legítima, a literatura é ilegítima" para se apresentar. Estreou-se a ler por aqui a 9 de maio com "A Neve Caindo sobre os Cedros", de David Guterson, seguindo-se "As Cidades Invisíveis", de Italo Calvino, a 16 do mesmo mês, mas também leituras de obras de Manuel de Lima e Alexandra Lucas Coelho a 31 de maio. "Histórias para Uma Noite de Calmaria", de Tonino Guerra, foi a sua escolha no dia 4 de junho. No passado dia 25 de julho, a sua escolha recaiu em "Veneno e Sombra e Adeus", de Javier Marías, seguindo-se "Zadig ou o Destino", de Voltaire, a 28. O regresso processou-se a 6 de setembro, com "As Velas Ardem Até ao Fim", de Sándor Márai. Seguiram-se "Histórias de Cronópios e de Famas", de Julio Cortázar, no dia 8; "As Palavras Andantes", de Eduardo Galeano, a 11; "Um Copo de Cólera", de Raduan Nassar, a 14; e "Um Amor", de Sara Mesa, no dia 16. A 19 de setembro, a leitura escolhida foi "Ajudar a Estender Pontes", de Julio Cortázar. A 17 de outubro, a proposta centrou-se na poesia de José Carlos Barros com três poemas do livro "Penélope Escreve a Ulisses". Três dias mais tarde leu três poemas inseridos na obra "A Axila de Egon Schiele", de André Tecedeiro.

A 29 de novembro apresentou "Inquérito à Arquitetura Popular Angolana", de José Tolentino de Mendonça. De dia 1 do mês seguinte é a leitura de "Trieste", escrito pela croata Dasa Drndic e, no dia 3, a proposta foi um trecho do livro "Civilizações", escrito por Laurent Binet. No dia 5, Agostinho Costa Sousa dedicou atenção a "Viagens", de Olga Tokarczuk. A 7, a obra "Húmus", de Raul Brandão, foi a proposta apresentada. Dois dias mais tarde, a leitura foi dedicada a um trecho do livro "Duas Solidões - O Romance na América Latina", com Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa. Seguiu-se "O Filho", de Eduardo Galeano, no dia 20. A 23, Agostinho Costa Sousa trouxe "O Vício dos Livros", de Afonso Cruz. Voltou um mês mais tarde com "Esta Gente/Essa Gente", poema de Ana Hatherly. No dia 26 de janeiro, apresentou "Escrever", de Stephen King. Quatro dias mais tarde foi a vez de Maria Gabriela Llansol com "O Azul Imperfeito". "Poemas e Fragmentos", de Safo, e "O Poema Pouco Original do Medo", de Alexandre O'Neill, foram outras recentes participações. Seguiram-se "Se Isto É Um Homem", de Primo Levi, e "Se Isto É Uma Mulher", de Sarah Helm. No dia 18 de março, a leitura proposta foi de um excerto de "Augustus", de John Williams. A 24, Agostinho Costa Sousa leu "Silêncio na Era do Ruído", de Erling Kagge; a 13 de abril, foi a vez do poema "Guernica", de Rui Caeiro e, no dia 20, apresentou um pouco de "Great Jones Street", de Don DeLillo.

No Especial dedicado ao 25 de Abril, a sua escolha foi para "O Sangue a Ranger nas Curvas Apertadas do Coração", escrito por Rui Caeiro, seguindo-se "Ararat", de Louise Glück, no Dia da Mãe e do Trabalhador, a 1 de maio. "Ver: Amor", de David Grossman, foi a proposta de dia 17. No dia 23, a leitura proposta trouxe Elias Canetti com um pouco da obra "O Archote no Ouvido".

A 31 de maio surgiu com "A Borboleta", de Tonino Guerra. A 5 de junho trouxe um excerto do livro "Primeiro Amor, Últimos Ritos", de Ian McEwan. A 17, a escolha recaiu sobre "Hamnet", de Maggie O'Farrell. A 10 de julho, o trecho selecionado saiu da obra "Ofuscante - A Asa Esquerda", do romeno Mircea Cartarescu. No dia 19 de julho apresentou "Uma Caneca de Tinta Irlandesa", de Flann O'Brien. A 31 de julho leu um trecho da obra "Por Cuenta Propia - Leer y Escribir", de Rafael Chirbes. No dia 8 de agosto foi a vez de "No Entres Docilmente en Esa Noche Quieta", de Ricardo Menéndez Salmón. A 15 de agosto apresentou "Julio Cortázar y Cris", de Cristina Peri Rossi. Uma semana mais tarde, a leitura foi de um trecho da obra "Música, Só Música", de Haruki Murakami e Seiji Ozawa. De 12 de setembro é a sua leitura de um poema do livro "Do Mundo", cujo autor é Herberto Helder. "Instruções para Engolir a Fúria", de João Luís Barreto Guimarães, foi a leitura a 16 de setembro. A 6 de outubro leu um trecho da obra "Jakob, O Mentiroso", de Jurek Becker. "Rebeldes", de Sándor Márai, foi a leitura do dia 11. Mircea Cartarescu e "Duas Formas de Felicidade" surgiram dois dias mais tarde. Seguiu-se "Diários", do poeta Al Berto, a 17 de outubro. Três dias mais tarde propôs "A Herança de Eszter", de Sándor Márai. A 2 de novembro apresentou "Os Irmãos Karamazov", de Fiódor Dostoiévski.

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