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Paulo Jorge Pereira

Fernanda Silva lê "A Desumanização", de Valter Hugo Mãe

A proposta de Fernanda Silva para hoje implica o regresso de uma obra e um autor já aqui abordados: "A Desumanização", de Valter Hugo Mãe, que Sandra Escudeiro propôs no passado dia 26 de março.



"Por vezes, tive a sensação de assistir a um novo parto da Língua Portuguesa", afirmou o próprio José Saramago depois de ler "O Remorso de Baltazar Serapião", a obra que valeu a Valter Hugo Mãe, em 2007, o galardão com o nome do vencedor do Prémio Nobel. Até esse momento inesquecível, o escritor fizera um longo caminho que começou a 25 de setembro de 1971, quando nasceu em Angola, na Vila Henrique de Carvalho, agora designada Saurimo. Acompanhou a família na vinda para Portugal e a infância foi vivida em Paços de Ferreira até à mudança para Vila do Conde, passando a habitar nas Caxinas. Fez o percurso escolar até à Universidade, licenciando-se em Direito e, mais tarde, obtendo pós-graduação em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea no Porto. A paixão pela escrita começa a ser alimentada através da poesia e, em 1996, publica "Silencioso Corpo de Fuga", seguindo-se "O Sol Pôs-se Calmo sem me Acordar", "Entorno a Casa Sobre a Cabeça" e "Egon Schielle auto-retrato de dupla encarnação". Entretanto, colabora na criação da Quasi edições, na qual são publicados livros de personalidades como Caetano Veloso, Mário Soares, Adriana Calcanhotto, Cruzeiro Seixas, Manoel de Barros, António Ramos Rosa, Adolfo Luxúria Canibal ou Ferreira Gullar. Participa na direção da revista Apeadeiro (2001/04) e, em 2006, cria a editora Objeto Cardíaco. Não deixara de escrever e publicar poesia, mas também entrara noutros territórios como o do romance - primeiro, em 2004, com "O Nosso Reino", depois com o tal livro premiado, "O Remorso de Baltazar Serapião".

Com talentos diversificados, salienta-se também nos desenhos, que terão direito a exposições, e ainda na área da música, cantando na banda Governo, cuja estreia se regista em 2008 no Teatro do Campo Alegre. Poesia e romances continuam e, a partir de 2009, entra num outro campo da escrita, apostando na literatura infantil. "A Máquina de Fazer Espanhóis" é um romance de 2010, ano em que também publica "Contabilidade" (poesia) e "As Mais Belas Coisas do Mundo" (infantil). "O Filho de Mil Homens" (2011) é o romance que antecede "O Paraíso São os Outros" (2014) e a sua inclusão como finalista do Prémio Oceanos com o livro de que aqui se apresenta um excerto, "A Desumanização", em 2015, ano em que publica "Contos de Cães e Maus Lobos". As obras mais recentes são "Homens Imprudentemente Poéticos" (2016), "Publicação da Mortalidade" (2018), "Serei Sempre o Teu Abrigo" e "Contra Mim", estes dois de 2020.

Em 2017, contou à revista Notícias Magazine "aquilo que de mais precioso" aprendera na vida: "Não importa o que ela nos faça, o importante é mantermo-nos de boa-fé e propensos à alegria." Na mesma entrevista, admite que "os livros são uma forma de fazer as pazes com a vida" e dois casos são citados: "A Máquina de Fazer Espanhóis" (morte do pai) e "O Filho de Mil Homens" (o facto de não ter filhos).

A primeira vez que a obra de Valter Hugo Mãe aqui foi abordada foi a 2 de junho do ano passado quando João Rasteiro leu um trecho de "Contos de Cães e Maus Lobos". A 2 de janeiro regressou quando li um pouco de "Contra Mim". A 26 de março, Sandra Escudeiro apresentou um excerto do livro de hoje: "A Desumanização". Já este mês, no dia 5, Armando Liguori Junior recorreu ao livro "A Máquina de Fazer Espanhóis" para o Especial sobre o Dia Mundial da Língua Portuguesa.


Porto Editora


"Os livros são uma forma de fazer as pazes com a vida", admitiu Valter Hugo Mãe em entrevista à Notícias Magazine.

Fernanda Silva tem participação regular aqui no blog. Tudo começou com "O Universo num Grão de Areia", de Mia Couto, a 28 de abril, seguindo-se "A Vida Sonhada das Boas Esposas", de Possidónio Cachapa (11 de maio), "Uma Mentira Mil Vezes Repetida", de Manuel Jorge Marmelo (8 de junho), "Bom Dia, Camaradas", de Ondjaki (27 de junho), "Quem me Dera Ser Onda", de Manuel Rui (5 de julho), e "O Sol e o Menino dos Pés Frios" (16 de julho), de Matilde Rosa Araújo. No dia 8 de outubro voltou com "O Tecido de Outono", de António Alçada Baptista e, a 27, leu "Histórias que me Contaste Tu", de Manuel AntónioPina, seguindo-se "Imagias", de Ana Luísa Amaral, a 12 de novembro, e "Os Memoráveis", de Lídia Jorge, apresentado no passado dia 16. A 23 de novembro, Fernanda Silva leu um trecho do livro "Do Grande e do Pequeno Amor", de Inês Pedrosa e Jorge Colombo. A 5 de dezembro apresentou "O Cavaleiro da Dinamarca", de Sophia de Mello Breyner Andresen e a 28 do mesmo mês fez a última leitura de 2020: "Na Passagem de um Ano", de José Carlos Ary dos Santos. A 10 de janeiro apresentou a sua primeira leitura de 2021 com "Cicatrizes de Mulher", de Sofia Branco, no dia 31 desse mês leu um trecho de "Mar me Quer", escrito por Mia Couto, e a 14 de fevereiro apresentou "Rodopio", de Mário Zambujal. A 28 de fevereiro foi a vez de ler um trecho do livro "A Instalação do Medo", de Rui Zink. No passado dia 8 de março, foi possível "ouvê-la" no Especial dedicado ao Dia Internacional da Mulher, lendo um excerto da história "As Facas de Nima", escrito por Sofia Branco e parte do livro "52 Histórias". A 13 de março apresentou "Abraço", de José Luís Peixoto. No dia 24, foi a vez de ler "Cadernos de Lanzarote", de José Saramago. A 27, a sua leitura de um excerto da obra "O Marinheiro", de Fernando Pessoa, integrou o Especial dedicado ao Dia Mundial do Teatro. A 28 de março leu um pouco do livro "Uma Viagem no Verde", de José Jorge Letria. Voltou a 10 de abril com a leitura de um trecho do livro "As Mulheres e a Guerra Colonial", de Sofia Branco. E, no feriado da Revolução dos Cravos, leu um pouco da obra "A Revolução das Letras", de Vergílio Alberto Vieira. No dia 29 de abril trouxe-nos de volta o trabalho literário de José Carlos Ary dos Santos e leu o poema "Mulher de Maio".


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