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Paulo Jorge Pereira

Inês Henriques lê "Sartre e Beauvoir: A História de uma Vida em Comum", de Hazel Rowley

Não foram casados, mas formaram aquele que ficou conhecido como um dos casais mais importantes do século XX. No livro "Sartre e Beauvoir: A História de uma Vida em Comum", Hazel Rowley conta como foi a convivência de duas personalidades inesquecíveis e Inês Henriques lê um excerto da obra.



Não só não foram casados como mantiveram uma relação de caráter aberto, dois elementos que representaram para muitos uma coexistência escandalosa. Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre marcaram a História como intelectuais de invulgar dimensão. Brilhantes na escrita e nas reflexões, os dois foram tratados quase como estrelas de cinema em muitas ocasiões. Ela, professora, romancista, ensaísta, filósofa, símbolo do feminismo, causa em que se empenhou de corpo e alma; ele, professor, criador, ícone maior e impulsionador do Existencialismo, filósofo, romancista e dramaturgo, vencedor do Nobel da Literatura em 1964, galardão que rejeitou.

Simone Lucie Ernestine Marie Bertrand de Beauvoir nasceu em Paris a 9 de janeiro de 1908, morrendo também na capital francesa a 14 de abril de 1986. Conheceu Sartre na Sorbonne, e chegou a ser pedida em casamento no ano de 1929, mas recusou e combinaram que o seu relacionamento seria aberto, admitindo casos com outras pessoas. Da sua obra literária e ensaística, "O Segundo Sexo", dedicado à análise da opressão sofrida pelas mulheres às mãos dos homens, é o seu título mais famoso.

Espírito livre, sempre disponível para se bater pelos direitos das mulheres, escreve frases como "É pelo trabalho que a mulher vem diminuindo a distância que a separava do homem, somente o trabalho poderá garantir-lhe uma independência concreta" ou "Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância."

Jean-Paul Charles Aymard Sartre, nascido na capital francesa a 21 de junho de 1905 e ali falecido a 15 de abril de 1980, nunca pretendeu ser distinguido com galardões e, por essa razão, recusaria o Prémio Nobel da Literatura em 1964. Muito antes disso já revelara brilhantismo como estudante na Sorbonne, mais tarde seria professor liceal de Filosofia entre parte da década de 30 (passou cerca de um ano em Berlim, numa fase em que Hitler despontava) e o começo dos anos 40 e começaria a escrever, estreando-se com "A Náusea" (1938). Participa na II Guerra Mundial, chega a ser aprisionado pelos nazis, envolve-se com a Resistência e será amigo do escritor Albert Camus (mas afastam-se de modo irrmediável depois de este publicar uma obra em que ataca com contundência o comunismo. Irá dirigir revistas e envolver-se ainda mais na escrita, sobretudo de ensaios e teatro, na política e na Filosofia. Será um dos contestatários ao colonialismo gaulês, erguendo a voz para que haja uma Argélia livre.

Pelo tempo fora continua a escrever, a viajar com Simone de Beauvoir (Brasil, Cuba, China e União Soviética são alguns dos seus destinos), revisora fortemente crítica dos seus escritos, mas também a aprofundar os seus conceitos filosóficos até morrer. Simone de Beauvoir, que acabara de sair de uma hospitalização, sofre profundo golpe, chega a desmaiar em casa e acaba por ter de ser internada de novo até recuperar.


Caderno/Tradução de Adalgisa Campos da Silva


"Ninguém nasce mulher - torna-se mulher", escreveu Simone de Beauvoir.

A paixão e o carinho pelos livros têm acompanhado a vida de Inês Henriques. Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas (Estudos Portugueses e Franceses), escolheu o Jornalismo como profissão e o Desporto como área de atuação. Realizado o curso profissional no CENJOR, foi estagiária na Agência Lusa, à qual voltaria mais tarde, e trabalhou no jornal A Bola antes de entrar na redação do Portal Sapo. Neste contexto, a proximidade do desporto adaptado levou-a a escrever "Trazer o Ouro ao Peito - a fantástica história dos atletas paralímpicos portugueses", publicado em 2016. Agora, apesar de já não estar no universo profissional do Jornalismo, continua atenta a essa realidade ao mesmo tempo que tem sempre um livro para ler. E vários autores perto do coração. Inês Henriques tem presença regular e já está na casa das dezenas em participações aqui no blog. Estreou-se a 27 de abril de 2020 com "Perto do Coração Selvagem", de Clarice Lispector; voltou a 10 de maio e leu um excerto de "A Disciplina do Amor", de Lygia Fagundes Telles; no último dia de maio apresentou parte de "351 Tisanas", obra de Ana Hatherly; a 28 de junho, propôs literatura de cordel, com um trecho do livro "Clarisvânia, a Aluna que Sabia Demais", escrito por Luís Emanuel Cavalcanti; a 22 de agosto apresentou um excerto da obra "Contos de Amor, Loucura e Morte", escrita por Horacio Quiroga; a 15 de setembro leu um trecho de "Em Açúcar de Melancia", de Richard Brautigan; a 18 de novembro voltou com "Saudades de Nova Iorque", de Pedro Paixão, e na quinta-feira, 10 de dezembro, prestou a sua homenagem a Clarice Lispector no dia em que a escritora faria 100 anos, lendo um conto do livro "Felicidade Clandestina". Três dias mais tarde apresentava "Os Sete Loucos", de Roberto Arlt. A 3 de janeiro leu um trecho de "Platero e Eu", de Juan Ramón Jiménez. No dia 8 foi a vez de ter o seu livro em destaque por aqui, quando li um excerto de "Trazer o Ouro ao Peito". A 23, a Inês voltou e leu um trecho do livro "O Torcicologologista, Excelência", de Gonçalo M. Tavares e no dia 1 de fevereiro foi uma das participantes no Especial dedicado ao Dia Mundial da Leitura em Voz Alta com "Papéis Inesperados", de Julio Cortázar. A 13 de fevereiro apresentou um excerto do livro "Girl, Woman, Other", de Bernardine Evaristo, participando a 8 de março no Especial dedicado ao Dia Internacional da Mulher com a leitura de um trecho do livro "A Ilha de Circe", de Natália Correia. A 5 de maio participou, com Armando Liguori Junior, no Especial dedicado ao Dia Mundial da Língua Portuguesa. No dia 22 de maio, ao lado de Raquel Laranjeira Pais e Rui Guedes, contribuiu para o Especial dedicado ao Dia do Autor Português. A 1 de junho interveio no Especial do Dia Mundial da Criança com "Ulisses", de Maria Alberta Menéres. No passado dia 7 de agosto, Inês Henriques leu um pouco da obra de estreia de Duarte Baião, "Crónicas do Desassossego". Chico Buarque e "Essa Gente" estiveram na sua leitura a 17 deste mês e, no dia 20, foi a vez de um pedaço do livro "À Noite Logo se Vê", de Mário Zambujal. "Sobre o Amor", de Charles Bukowski, foi a sua leitura de 7 de setembro, seguindo-se "Na América, Disse Jonathan", dois dias mais tarde. No domingo, dia 12, foi "Dom Casmurro", de Machado de Assis, a sua escolha para ler. Dia 15 foi o escolhido para apresentar "Coração, Cabeça e Estômago", de Camilo Castelo Branco. "Flores", de Afonso Cruz, foi a sua proposta no passado dia 17. A 21 de setembro apresentou "Normal People", de Sally Rooney.

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