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Paulo Jorge Pereira

Fernanda Silva lê "O Sol e o Menino dos Pés Frios", de Matilde Rosa Araújo

Escrever para crianças porque foram elas que a ensinaram: foi essa a filosofia de Matilde Rosa Araújo, cuja vida teve dedicação quase total a essa missão. Aqui se recupera o momento em que Fernanda Silva escolheu "O Sol e o Menino dos Pés Frios" para recordar a escritora que nunca deixou de defender as crianças.



Aos 84 anos, em declarações à RTP, surpreendia-se porque, nessa fase da vida, "ainda tinha a infância" dentro de si. A obra de Matilde Rosa Lopes de Araújo, dedicada a crianças e jovens, é uma das mais importantes da Literatura em português. Nascida em Lisboa, a 20 de junho de 1921, Matilde tinha um irmão e uma irmã e estudou em casa com o apoio de professores particulares, começando a ler com apenas cinco anos. Na entrevista à estação pública de televisão, a escritora confessou que o facto de estudar em casa "deixou uma ausência de comunicação com os outros". O primeiro livro, oferta do pai, foi "O Romance da Raposa", de Aquilino Ribeiro. Vivia perto do Jardim Zoológico e, gostando muito de animais, fazia-lhe "impressão e pena" ouvir "os pesadelos das feras" ali bem perto. Como disse à RTP, gostava tanto de plantas que "pedia licença quando passava pelos canteiros de flores". A palavra e a escrita eram também paixões e "tinha uma caligrafia muito bonita". O cenário dos estudos e da convivência só se alterou quando conseguiu aceder à Faculdade de Letras da capital, em 1945. "Fiz muitos amigos que continuam a sê-lo, vivos ou na memória. Costumo dizer que o grande tesouro são os amigos", defendeu na televisão. Aluna de Vitorino Nemésio (ouviu-o ler excertos de "Mau Tempo no Canal"), iria licenciar-se em Filologia Românica ao mesmo tempo que desenvolvia a escrita literária, ainda antes de ser docente no ensino técnico-profissional e, mais tarde, formadora de professores na Escola do Magistério Primário. De 1943 é "A Garrana", primeira obra de ficção que publicou, depois de ganhar o concurso "Procura-se um novelista", organizado pelo jornal O Século e pelo Rádio Clube Português. Alimentou colaborações com jornais e revistas como Graal ou Mundo Literário.

Ensinou camadas da população mais desfavorecida, passando por Barreiro, Almada, Leiria, Caldas, Elvas, Portalegre, entre outras localidades. Sensibilizada pela pobreza com que tomava contacto, foi percebendo as desigualdades sociais gritantes da ditadura que ficaram espelhadas em parte da sua obra poética. Em Portalegre conheceu o escritor José Régio, "uma pessoa encantadora e cheia de gentileza", como recordou à RTP. Na literatura para os mais novos entraria em 1957 com "O Livro da Tila", escrito "em viagens de comboio" (e que mereceu tratamento musical de Fernando Lopes-Graça, considerando a escritora que foi como ter "a formiga e o gigante" em trabalho conjugado), mas outros se seguiriam como "O Palhaço Verde" (1960), "História de Um Rapaz" (1963), "O Cantar da Tila" (este de poesia, 1967), "O Sol e o Menino dos Pés Frios" (1972), que aqui se apresenta e que se apresentou de forma inovadora, ilustrado com imagens do fotógrafo Augusto Cabrita, "O Gato Dourado", "Balada das Vinte Meninas" e "As Botas do meu Pai" (todos de 1977), "A Velha do Bosque" (1983), "As Fadas Verdes" (1994), o "Capuchinho Cinzento" (2005) ou "Lucilina e Antenor" (2008, ilustrado por Constança Lucas).

Vários livros da autora foram ilustrados por Maria Keil, uma amiga de quem dizia ser "uma menina cheia de talento". Além da literatura para os mais jovens, Matilde Rosa Araújo foi escrevendo para os adultos: "Praia Nova" (1962), "O Reino das Sete Pontas" (1974), "Voz Nua" (obra de poesia, 1982), "A Estrada Fascinante" (1988) ou "O Chão e a Estrela" (1997).

Várias vezes alvo de distinções e honrarias, em 1980 foi galardoada pela Fundação Calouste Gulbenkian (Grande Prémio de Literatura para a Infância), instituição que voltou a premiá-la em 1996 pelo livro de poemas para crianças "As Fadas Verdes". Manteve contacto com as crianças, cujos direitos defendeu sempre, visitando escolas com regularidade até ter uma idade avançada. "Aprende-se muito com eles", admitia aos 84 anos na RTP. Na madrugada de 6 de julho de 2010, aos 89 anos, terminou o caminho da imortal escritora em defesa das crianças. Gerações de leitores dos seus livros para os mais jovens e para adultos passaram a tê-la viva nos seus corações.


Livros Horizonte


"Gostava tanto de plantas que, quando passava pelos canteiros de flores, pedia licença", contou a sorrir em entrevista à RTP quando já tinha 84 anos.

Fernanda Silva tem participação regular aqui no blog. Tudo começou com "O Universo num Grão de Areia", de Mia Couto, a 28 de abril de 2020, seguindo-se "A Vida Sonhada das Boas Esposas", de Possidónio Cachapa (11 de maio), "Uma Mentira Mil Vezes Repetida", de Manuel Jorge Marmelo (8 de junho), "Bom Dia, Camaradas", de Ondjaki (27 de junho), "Quem me Dera Ser Onda", de Manuel Rui (5 de julho), e "O Sol e o Menino dos Pés Frios" (16 de julho), de Matilde Rosa Araújo. No dia 8 de outubro voltou com "O Tecido de Outono", de António Alçada Baptista e, a 27, leu "Histórias que me Contaste Tu", de Manuel António Pina, seguindo-se "Imagias", de Ana Luísa Amaral, a 12 de novembro, e "Os Memoráveis", de Lídia Jorge, apresentado no dia 16. A 23 de novembro, Fernanda Silva leu um trecho do livro "Do Grande e do Pequeno Amor", de Inês Pedrosa e Jorge Colombo. A 5 de dezembro apresentou "O Cavaleiro da Dinamarca", de Sophia de Mello Breyner Andresen e a 28 do mesmo mês fez a última leitura de 2020: "Na Passagem de um Ano", de José Carlos Ary dos Santos.

A 10 de janeiro apresentou a sua primeira leitura de 2021 com "Cicatrizes de Mulher", de Sofia Branco, no dia 31 desse mês leu um trecho de "Mar me Quer", escrito por Mia Couto, e a 14 de fevereiro apresentou "Rodopio", de Mário Zambujal. A 28 de fevereiro foi a vez de ler um trecho do livro "A Instalação do Medo", de Rui Zink. A 8 de março, foi possível "ouvê-la" no Especial dedicado ao Dia Internacional da Mulher, lendo um excerto da história "As Facas de Nima", escrito por Sofia Branco e parte do livro "52 Histórias". A 13 de março apresentou "Abraço", de José Luís Peixoto. No dia 24, foi a vez de ler "Cadernos de Lanzarote", de José Saramago. A 27, a sua leitura de um excerto da obra "O Marinheiro", de Fernando Pessoa, integrou o Especial dedicado ao Dia Mundial do Teatro. A 28 de março leu um pouco do livro "Uma Viagem no Verde", de José Jorge Letria. Voltou a 10 de abril com a leitura de um trecho do livro "As Mulheres e a Guerra Colonial", de Sofia Branco, que hoje aqui já se recuperou. E, no feriado da Revolução dos Cravos, leu um pouco da obra "A Revolução das Letras", de Vergílio Alberto Vieira. No dia 29 de abril trouxe-nos de volta o trabalho literário de José Carlos Ary dos Santos e leu o poema "Mulher de Maio". A 14 de maio trouxe "A Desumanização", de Valter Hugo Mãe, que hoje aqui regressa. No dia 23 deixou um pouco do livro "Paisagem com Mulher e Mar ao Fundo", de Teolinda Gersão. A 28 de maio apresentou "Nunca Outros Olhos seus Olhos Viram", de Ivo Machado. "Crónica de uma Travessia", de Luís Cardoso, foi o excerto apresentado a 3 de junho. "100 Histórias do meu Crescer", escrito por Alexandre Honrado, foi a escolha do dia 15. A 20 de junho, a proposta recaiu sobre uma parceria entre Manuel Jorge Marmelo e Ana Paula Tavares para o livro "Os Olhos do Homem que Chorava no Rio". "Mulheres da Minha Alma", de Isabel Allende, a 15 de outubro, foi outra das leituras de Fernanda Silva aqui no blog. A 12 de novembro, leu um pouco da obra "Lôá Perdida no Paraíso", de Dulce Maria Cardoso. De 10 de dezembro é "O Cavaleiro da Dinamarca", de Sophia de Mello Breyner, que já aqui regressou. Mia Couto e "O Caçador de Elefantes Invisíveis" surgiram a 7 de fevereiro de 2022 e voltam hoje. A 12 de março, a escolha de leitura de Fernanda Silva recaiu em "Breve História do Afeganistão de A a Z", de Ricardo Alexandre. No dia 31 registou-se o regresso da obra "O Cavaleiro da Dinamarca", de Sophia de Mello Breyner Andresen.

A 3 de maio, a proposta de Fernanda Silva recaiu sobre "Afastar-se", de Luísa Costa Gomes. No dia 22, Manuel Jorge Marmelo e "A Última Curva do Caminho" foram objeto da sua atenção. A 22 de junho, "O Filho de Mil Homens", de Valter Hugo Mãe, foi a proposta. A 6 de agosto aqui se recuperou a sua leitura de "Imagias", de Ana Luísa Amaral, que já aqui regressou. No dia 20 foi o momento de reviver a proposta de "Uma Mentira Mil Vezes Repetida", de Manuel Jorge Marmelo. E a 26 voltou "Breve História do Afeganistão de A a Z", de Ricardo Alexandre, assinalando a sua sessão de autógrafos na Feira do Livro do Porto e que, mais tarde, aqui voltou no Dia Mundial da Rádio. A 31 de agosto regressou a sua leitura do trabalho literário de Ana Luísa Amaral. De 8 de setembro é a leitura de um excerto de "Lôá Perdida no Paraíso", de Dulce Maria Cardoso. "Cadernos de Lanzarote", de José Saramago, ressurgiu no dia 30. A 4 de outubro voltou Teolinda Gersão e a leitura de um trecho da obra "Paisagem com Mulher e Mar ao Fundo". No dia 12, o regresso coube a uma obra de Lídia Jorge intitulada "Os Memoráveis". A 26 voltou "Afastar-se", de Luísa Costa Gomes. "O Sol e o Menino dos Pés Frios", de Matilde Rosa Araújo, regressou a 17 de novembro. De 4 de dezembro é a releitura de um pouco da obra "A Instalação do Medo", de Rui Zink, que já aqui voltou.

No dia 15 recuperei "Os Olhos do Homem que Chorava no Rio", colaboração entre Ana Paula Tavares e Manuel Jorge Marmelo. No dia 21 apresentou "O Suave Milagre", de Eça de Queiroz, inserido no livro "As Mais Belas Histórias de Natal". "100 Histórias do meu Crescer", de Alexandre Honrado, voltou no dia de Natal. A 18 de janeiro voltou a sua leitura da obra "As Mulheres e a Guerra Colonial", de Sofia Branco.

"O Caçador de Elefantes Invisíveis", de Mia Couto, que já aqui voltou, foi a proposta que regressou a 29 de janeiro."O Crime do Padre Amaro", de Eça de Queiroz, foi a proposta de 6 de fevereiro. Uma semana mais tarde, no Dia Mundial da Rádio, voltou "Breve História do Afeganistão de A a Z", de Ricardo Alexandre. A 24 de fevereiro trouxe "Pensageiro Frequente", de Mia Couto. No dia 7 de março voltou "Os Olhos do Homem que Chorava no Rio", de Ana Paula Tavares e Manuel Jorge Marmelo. "Ventos do Apocalipse ", de Paulina Chiziane, foi a sua proposta a 13 de março. A 21 desse mês, Dia Mundial da Poesia, leu "Uma Viagem no Verde", de José Jorge Letria. De 4 de abril é a sua leitura de "Estarei Ainda Muito Perto da Luz?", de Manuel António Pina. A 4 de maio regressou o poema "Mulher de Maio", de José Carlos Ary dos Santos. Voltou a leitura de um excerto da obra "A Instalação do Medo" a 20 de maio. "Lôá Perdida no Paraíso", de Dulce Maria Cardoso, regressou a 27 de maio. De dia 16 de junho é o regresso da obra "O Caçador de Elefantes Invisíveis", de Mia Couto. A 24 voltou "O Sol e o Menino dos Pés Frios", de Matilde Rosa Araújo.

"Do Grande e do Pequeno Amor", de Inês Pedrosa e Jorge Colombo, regressou a 7 de julho. De 22 de julho é o regresso da obra "Os Memoráveis", de Lídia Jorge. A 2 de agosto voltou "Uma Mentira Mil Vezes Repetida", de Manuel Jorge Marmelo. "Cadernos de Lanzarote" voltou a 15 de setembro. "O Filho de Mil Homens", de Valter Hugo Mãe, reapareceu a 21. A 14 de outubro voltou "Rodopio", de Mário Zambujal. De 10 de novembro é o regresso da obra "Os Memoráveis", de Lídia Jorge. No dia 26 aconteceu o regresso da obra "O Cavaleiro da Dinamarca", de Sophia de Mello Breyner Andresen. A 13 de dezembro voltou "O Suave Milagre", de Eça de Queiroz. "O Filho de Mil Homens", de Valter Hugo Mãe, voltou a 13 de janeiro. A 25 foi o regresso de "Mar me Quer", de Mia Couto. Voltou a 22 de fevereiro a leitura de um trecho da obra "A Última Curva do Caminho", de Manuel Jorge Marmelo. A 18 de março trouxe "Misericórdia", de Lídia Jorge.

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