É com o começo do livro "Foi Ele?" que Agostinho Costa Sousa volta ao trabalho literário de Stefan Zweig, cuja estreia aqui promoveu no final do ano passado.
Historiador e biógrafo, jornalista e dramaturgo, autor de poesia, de ensaios, de contos e novelas, Stefan Zweig nasceu a 28 de novembro de 1881 em Viena. Filho do casal judeu formado pelo abastado industrial Moritz Zweig e por Ida Brettauer, filha de um banqueiro, o fascismo do chanceler Engelbert Dollfuss (Austrofascismo), que antecedeu a anexação da Áustria por Hitler em 1938 - Dollfuss seria assassinado num ensaio de golpe de Estado falhado por nazis austríacos, em julho de 1934, prosseguindo Kurt Schuschnigg a ditadura até ser afastado do poder e, ao recusar a anexação, ser colocado pelos nazis em prisão domiciliária. Mais tarde seria preso em campos de concentração (Dachau e Sachsenhausen), acabando libertado pelo Exército dos EUA. Morreria em 1977, de novo na Áustria -, levou-o a exilar-se por sua própria iniciativa. Antes, era já um admirado escritor, depois de ter estudado Filosofia, História e Literatura, integrando o movimento Jovem Viena e publicando também em revistas literárias desde os 17 anos. Seria amigo de nomes como Thomas Mann, Hermann Hesse, Arthur Schnitzler, Maximo Gorki e James Joyce. Em Salzburgo, teria oportunidade de ser anfitrião de compositores como Richard Strauss e Alban Berg. Trocou cartas com Sigmund Freud, Rainer Maria Rilke, Auguste Rodin, Romain Rolland ou Hugo von Hofmannsthal.
Publica um primeiro livro de poesia sob o título de "Cordas de Prata" (1902). Os contos "O Amor de Erika Ewald" são de 1904 e vai sempre publicando. Casado com a escritora Friderike von Winsternit desde 1915 e vivendo em Salzburgo, os primeiros momentos de êxito chegariam com as peças "A Metamorfose da Comédia" e "A Mansão à Beira-Mar", ambas de 1922, tal como o romance "Amok". Publica com regularidade e, em 1927, apresenta "Confusão de Sentimentos", que reúne três novelas. No começo dos anos 30, separa-se da mulher e passa a viver com Charlotte Elizabeth Altmann (conhecida como Lotte), sua secretária, com quem viajará para o exílio em 1934.
Passam então por Inglaterra e Nova Iorque. Em setembro de 1936, o autor participa no XIV Congresso Internacional de Escritores em Buenos Aires e é um dos 80 que deixam bem clara a sua oposição aos nazis, alertando para os tempos tenebrosos que aí vinham (o filme "Stefan Zweig - Adeus, Europa", que Maria Schrader apresentou em 2016, retrata parte do seu percurso no exílio e das angústias que o levariam ao suicídio). De 1937 é a biografia "Magalhães, o Homem e o seu Feito", mas no seu trabalho literário constam outras de nomes como Montaigne (de que hoje Agostinho Costa Sousa aqui apresenta um trecho), Dostoievski, Stendhal, Tolstoi, Dickens, Maria Antonieta, Rainer Maria Rilke, Fouché, Nietzsche, Romain Rolland ou Balzac. Visita Portugal em 1938 e, no ano seguinte, nove dias depois da invasão da Polónia pelas tropas de Hitler, é bem claro na carta que dirige a Romain Rolland: "Não vejo qualquer saída para este terrível lamaçal."
Em 1940, Stefan e Lotte rumam ao Brasil, fixando aí residência em Petropólis. O escritor dá palestras pelo país, acompanhado pela mulher. Publica "Brasil, País do Futuro" (1941) e "Schachnovelle - A Novela de Xadrez" (1942), adaptado ao cinema em 2021 por Philipp Stölzl). Sem conseguir ficar indiferente às notícias dos horrores da II Guerra Mundial que chegam da Europa, profundamente afetado por um mundo em que os fascismos parecem levar vantagem, torna-se demasiado inquieto e angustiado. Conclui as memórias, com o título "O Mundo que eu Vi", pouco antes de se suicidar com a mulher, a 22 de fevereiro de 1942. Na última frase afirma: "Mas toda a sombra é, em última análise, filha da luz. E só quem conheceu a claridade e as trevas, a guerra e a paz, a ascensão e a descida, viveu de facto."
Assírio & Alvim
Autor de vasta obra multifacetada, Stefan Zweig foi um dos escritores mais admirados do seu tempo.
Agostinho Costa Sousa reside em Espinho e socorre-se da frase de Antón Tchekhov: "A medicina é a minha mulher legítima, a literatura é ilegítima" para se apresentar. Estreou-se a ler por aqui a 9 de maio de 2021 com "A Neve Caindo sobre os Cedros", de David Guterson, seguindo-se "As Cidades Invisíveis", de Italo Calvino, a 16 do mesmo mês, mas também leituras de obras de Manuel de Lima e Alexandra Lucas Coelho a 31 de maio. "Histórias para Uma Noite de Calmaria", de Tonino Guerra, foi a sua escolha no dia 4 de junho. No dia 25 de julho, a sua escolha recaiu em "Veneno e Sombra e Adeus", de Javier Marías, seguindo-se "Zadig ou o Destino", de Voltaire, a 28. O regresso processou-se a 6 de setembro, com "As Velas Ardem Até ao Fim", de Sándor Márai. Seguiram-se "Histórias de Cronópios e de Famas", de Julio Cortázar, no dia 8; "As Palavras Andantes", de Eduardo Galeano, a 11; "Um Copo de Cólera", de Raduan Nassar, a 14; e "Um Amor", de Sara Mesa, no dia 16. A 19 de setembro, a leitura escolhida foi "Ajudar a Estender Pontes", de Julio Cortázar. A 17 de outubro, a proposta centrou-se na poesia de José Carlos Barros com três poemas do livro "Penélope Escreve a Ulisses". Três dias mais tarde leu três poemas inseridos na obra "A Axila de Egon Schiele", de André Tecedeiro.
A 29 de novembro apresentou "Inquérito à Arquitetura Popular Angolana", de José Tolentino de Mendonça. De dia 1 do mês seguinte é a leitura de "Trieste", escrito pela croata Dasa Drndic e, no dia 3, a proposta foi um trecho do livro "Civilizações", escrito por Laurent Binet. No dia 5, Agostinho Costa Sousa dedicou atenção a "Viagens", de Olga Tokarczuk. A 7, a obra "Húmus", de Raul Brandão, foi a proposta apresentada. Dois dias mais tarde, a leitura foi dedicada a um trecho do livro "Duas Solidões - O Romance na América Latina", com Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa. Seguiu-se "O Filho", de Eduardo Galeano, no dia 20. A 23, Agostinho Costa Sousa trouxe "O Vício dos Livros", de Afonso Cruz. Voltou um mês mais tarde com "Esta Gente/Essa Gente", poema de Ana Hatherly. No dia 26 de janeiro, apresentou "Escrever", de Stephen King. Quatro dias mais tarde foi a vez de Maria Gabriela Llansol com "O Azul Imperfeito". "Poemas e Fragmentos", de Safo, e "O Poema Pouco Original do Medo", de Alexandre O'Neill, foram outras recentes participações. Seguiram-se "Se Isto É Um Homem", de Primo Levi, e "Se Isto É Uma Mulher", de Sarah Helm. No dia 18 de março, a leitura proposta foi de um excerto de "Augustus", de John Williams. A 24, Agostinho Costa Sousa leu "Silêncio na Era do Ruído", de Erling Kagge; a 13 de abril, foi a vez do poema "Guernica", de Rui Caeiro e, no dia 20, apresentou um pouco de "Great Jones Street", de Don DeLillo.
No Especial dedicado ao 25 de Abril, a sua escolha foi para "O Sangue a Ranger nas Curvas Apertadas do Coração", escrito por Rui Caeiro, seguindo-se "Ararat", de Louise Glück, no Dia da Mãe e do Trabalhador, a 1 de maio. "Ver: Amor", de David Grossman, foi a proposta de dia 17. No dia 23, a leitura proposta trouxe Elias Canetti com um pouco da obra "O Archote no Ouvido".
A 31 de maio surgiu com "A Borboleta", de Tonino Guerra. A 5 de junho trouxe um excerto do livro "Primeiro Amor, Últimos Ritos", de Ian McEwan. A 17, a escolha recaiu sobre "Hamnet", de Maggie O'Farrell. A 10 de julho, o trecho selecionado saiu da obra "Ofuscante - A Asa Esquerda", do romeno Mircea Cartarescu. No dia 19 de julho apresentou "Uma Caneca de Tinta Irlandesa", de Flann O'Brien. A 31 de julho leu um trecho da obra "Por Cuenta Propia - Leer y Escribir", de Rafael Chirbes. No dia 8 de agosto foi a vez de "No Entres Docilmente en Esa Noche Quieta", de Ricardo Menéndez Salmón. A 15 de agosto apresentou "Julio Cortázar y Cris", de Cristina Peri Rossi. Uma semana mais tarde, a leitura foi de um trecho da obra "Música, Só Música", de Haruki Murakami e Seiji Ozawa. De 12 de setembro é a sua leitura de um poema do livro "Do Mundo", cujo autor é Herberto Helder. "Instruções para Engolir a Fúria", de João Luís Barreto Guimarães, foi a leitura a 16 de setembro e já aqui regressou. A 6 de outubro leu um trecho da obra "Jakob, O Mentiroso", de Jurek Becker.
"Rebeldes", de Sándor Márai, foi a leitura do dia 11. Mircea Cartarescu e "Duas Formas de Felicidade" surgiram dois dias mais tarde. Seguiu-se "Diários", do poeta Al Berto, a 17 de outubro. Três dias mais tarde propôs "A Herança de Eszter", de Sándor Márai. A 2 de novembro apresentou "Os Irmãos Karamazov", de Fiódor Dostoiévski. Data de 22 de novembro a leitura de "Nicanor Parra: Rey y Mendigo", de Rafael Gumucio. A 30 de novembro leu "Schiu", de Tonino Guerra. No passado dia 12 trouxe "Montaigne", de Stefan Zweig. Recuperei a sua leitura do poema "Instruções para Engolir a Fúria" no dia 16 quando o autor, João Luís Barreto Guimarães, foi distinguido com o Prémio Pessoa. A 23 apresentou um excerto de "Silêncio na Era do Ruído", de Erling Kagge. No dia 6 de janeiro a escolha recaiu sobre "Lições", de Ian McEwan. A 16 de janeiro apresentou "Stalinegrado", de Vasily Grossman. No dia 30 leu um excerto da obra "A Biblioteca à Noite", de Alberto Manguel. De 7 de fevereiro é a leitura de "Remodelações Governamentais", de Mário-Henrique Leiria. A proposta de dia 22 de fevereiro foi "Roseira de Espinho", de Nuno Júdice. No dia 7 de março propôs "Método de Caligrafia para a Mão Esquerda", de António Cabrita. No Especial dedicado ao Dia Mundial do Teatro, a 27 de março, apresentou "Memórias", de Raul Brandão. De 30 de março é a leitura de um trecho da obra "Rebeldes", de Sándor Márai. A 10 de abril propôs "O Amante da Minha Mãe", de Urs Widmer. De 21 de abril é a leitura de um trecho do conto "A Primavera", escrito por Bruno Schulz. Do Especial dedicado ao 25 de Abril constaram poemas de Sara Duarte Brandão. A 2 de maio propôs "A Musa Irregular", de Fernando Assis Pacheco. "Ravel", de Jean Echenoz, é de 6 de junho.
"Tristia", de António Cabrita, foi a sua leitura a 9 de junho.
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