Nobel da Literatura em 1962, John Steinbeck é um dos nomes maiores da História da Literatura e Agostinho Costa Sousa propõe uma das suas obras como leitura para hoje: "Viagens com o Charley".
É de 1939 a mais famosa obra de John Ernest Steinbeck que, além de adaptada ao Cinema com realização de John Ford e Henry Fonda à frente do elenco, também lhe garantiu o Prémio Pulitzer em 1940: "As Vinhas da Ira", história da família Joad que mostra as dificuldades da vida de milhões de trabalhadores em época de profunda crise económica e social, conhecida como Grande Depressão. Mas, apesar do êxito, chegou a ser banida de escolas e bibliotecas sob acusações de ser um livro obsceno.
Nascido em 1902, a 27 de fevereiro, na cidade de Salinas, o escritor publicaria cerca de três dezenas de obras num percurso com vários êxitos e revelou paixão pela leitura ainda como estudante. Iria passar pela Universidade de Stanford, interessado em Literatura Inglesa, mas sairia sem completar os estudos superiores. Face às dificuldades económicas após o casamento com Carol Henning teve o apoio dos pais e trabalhou no jornal American, em Nova Iorque.
Em 1929 publicou o primeiro livro, intitulado "A Taça de Ouro", seguindo-se "Pastagens do Céu" (1932), "A um Deus Desconhecido" e "O Potro Vermelho" (ambos de 1933). Até "As Vinhas da Ira", não deixou de trabalhar e publicar: "O Milagre de São Francisco" ("Tortilla Flat", no original, de 1935) - o seu primeiro sucesso, cuja passagem a Cinema, em 1942, teve Spencer Tracy, Hedy Lamarr e John Garfield como atores principais -, "Batalha Incerta" (1936), "Ratos e Homens" (1937, com outra versão de 1992, protagonizada por Gary Sinise e John Malkovich) e "O Longo Vale" (1938). A sua proximidade de jornalistas e intelectuais de esquerda, assim como o facto de ser filiado na Liga de Escritores Americanos, de tendência comunista, levaram-no mais tarde a queixar-se de perseguição do FBI durante a fase negra do Macarthismo, entre 1950 e 1957.
John Steinbeck abrandou um pouco o ritmo durante a década de 40, altura em que se divorciou da primeira mulher (1941), casou-se com Gwyndolyn Conger (1942), trabalhou como correspondente de guerra para o New York Herald Tribune e como colaborador do Office of Strategic Services, antepassado da CIA (1943). "Noite sem Lua" (1942), "Bairro da Lata" (1945), "A Pérola" e "Os Náufragos do Autocarro" (duas obras de 1947) são alguns exemplos do seu trabalho literário. Escreveu ainda "Viva Zapata!" para o grande ecrã, filme de Elia Kazan com Marlon Brando e Anthony Quinn. Deste ano de 47 é também a primeira viagem do escritor à então União Soviética, acompanhado pelo fotógrafo Robert Capa - a experiência daria origem ao livro "A Russian Journal". No ano seguinte, deixa Gwyndolyn e irá casar-se com Elaine Scott em 50.
E é no começo dos anos 50 que assinala novo êxito também adaptado à 7.ª Arte, com o estreante James Dean como protagonista e Kazan outra vez a realizar: "A Leste do Paraíso" é de 1952 e ganhou estatuto de clássico. Escreve depois "Um Dia Diferente" (1954),"O Breve Reinado de Pepino IV" (1957) e "Correspondente de Guerra" (1958). De março a outubro de 1959 vive com a mulher, em Inglaterra, aquele que classificam como o mais feliz período das suas vidas. De 1960 é a obra hoje aqui proposta por Agostinho Costa Sousa, "Travels with Charley: In Search of America", resultado de uma viagem do escritor pelos EUA com o seu cão chamado Charley. Para Thomas, filho mais velho do autor e irmão de John Steinbeck IV, sabendo que estava doente, o pai terá pretendido ver o país uma última vez. E 1961 assinala a publicação do seu último livro, "O Inverno do Nosso Descontentamento", do qual resultaria um telefilme com Donald Sutherland, Teri Garr e Tuesday Weld em 1983.
Em 1966 visita Tel Aviv com a mulher, conhecendo o local onde o seu tio-avô fora assassinado. O facto de ser um fumador durante décadas começa a debilitar-lhe a saúde e o escritor acaba por ser vítima de falha cardíaca a 20 de dezembro de 1968.
Livros do Brasil
Steinbeck também escreveu para Cinema, além de ter 17 dos seus livros adaptados ao grande ecrã. "As Vinhas da Ira" somaram 14 milhões de exemplares vendidos até 2014.
Agostinho Costa Sousa reside em Espinho e socorre-se da frase de Antón Tchekhov: "A medicina é a minha mulher legítima, a literatura é ilegítima" para se apresentar. Estreou-se a ler por aqui a 9 de maio de 2021 com "A Neve Caindo sobre os Cedros", de David Guterson, seguindo-se "As Cidades Invisíveis", de Italo Calvino, a 16 do mesmo mês, mas também leituras de obras de Manuel de Lima e Alexandra Lucas Coelho a 31 de maio. "Histórias para Uma Noite de Calmaria", de Tonino Guerra, foi a sua escolha no dia 4 de junho. No dia 25 de julho, a sua escolha recaiu em "Veneno e Sombra e Adeus", de Javier Marías, seguindo-se "Zadig ou o Destino", de Voltaire, a 28. O regresso processou-se a 6 de setembro, com "As Velas Ardem Até ao Fim", de Sándor Márai. Seguiram-se "Histórias de Cronópios e de Famas", de Julio Cortázar, no dia 8; "As Palavras Andantes", de Eduardo Galeano, a 11; "Um Copo de Cólera", de Raduan Nassar, a 14; e "Um Amor", de Sara Mesa, no dia 16. A 19 de setembro, a leitura escolhida foi "Ajudar a Estender Pontes", de Julio Cortázar. A 17 de outubro, a proposta centrou-se na poesia de José Carlos Barros com três poemas do livro "Penélope Escreve a Ulisses". Três dias mais tarde leu três poemas inseridos na obra "A Axila de Egon Schiele", de André Tecedeiro.
A 29 de novembro apresentou "Inquérito à Arquitetura Popular Angolana", de José Tolentino de Mendonça. De dia 1 do mês seguinte é a leitura de "Trieste", escrito pela croata Dasa Drndic e, no dia 3, a proposta foi um trecho do livro "Civilizações", escrito por Laurent Binet. No dia 5, Agostinho Costa Sousa dedicou atenção a "Viagens", de Olga Tokarczuk. A 7, a obra "Húmus", de Raul Brandão, foi a proposta apresentada. Dois dias mais tarde, a leitura foi dedicada a um trecho do livro "Duas Solidões - O Romance na América Latina", com Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa. Seguiu-se "O Filho", de Eduardo Galeano, no dia 20. A 23, Agostinho Costa Sousa trouxe "O Vício dos Livros", de Afonso Cruz. Voltou um mês mais tarde com "Esta Gente/Essa Gente", poema de Ana Hatherly. No dia 26 de janeiro, apresentou "Escrever", de Stephen King. Quatro dias mais tarde foi a vez de Maria Gabriela Llansol com "O Azul Imperfeito". "Poemas e Fragmentos", de Safo, e "O Poema Pouco Original do Medo", de Alexandre O'Neill, foram outras recentes participações. Seguiram-se "Se Isto É Um Homem", de Primo Levi, e "Se Isto É Uma Mulher", de Sarah Helm. No dia 18 de março, a leitura proposta foi de um excerto de "Augustus", de John Williams. A 24, Agostinho Costa Sousa leu "Silêncio na Era do Ruído", de Erling Kagge; a 13 de abril, foi a vez do poema "Guernica", de Rui Caeiro e, no dia 20, apresentou um pouco de "Great Jones Street", de Don DeLillo.
No Especial dedicado ao 25 de Abril, a sua escolha foi para "O Sangue a Ranger nas Curvas Apertadas do Coração", escrito por Rui Caeiro, seguindo-se "Ararat", de Louise Glück, no Dia da Mãe e do Trabalhador, a 1 de maio. "Ver: Amor", de David Grossman, foi a proposta de dia 17. No dia 23, a leitura proposta trouxe Elias Canetti com um pouco da obra "O Archote no Ouvido".
A 31 de maio surgiu com "A Borboleta", de Tonino Guerra. A 5 de junho trouxe um excerto do livro "Primeiro Amor, Últimos Ritos", de Ian McEwan. A 17, a escolha recaiu sobre "Hamnet", de Maggie O'Farrell. A 10 de julho, o trecho selecionado saiu da obra "Ofuscante - A Asa Esquerda", do romeno Mircea Cartarescu. No dia 19 de julho apresentou "Uma Caneca de Tinta Irlandesa", de Flann O'Brien. A 31 de julho leu um trecho da obra "Por Cuenta Propia - Leer y Escribir", de Rafael Chirbes. No dia 8 de agosto foi a vez de "No Entres Docilmente en Esa Noche Quieta", de Ricardo Menéndez Salmón. A 15 de agosto apresentou "Julio Cortázar y Cris", de Cristina Peri Rossi. Uma semana mais tarde, a leitura foi de um trecho da obra "Música, Só Música", de Haruki Murakami e Seiji Ozawa. De 12 de setembro é a sua leitura de um poema do livro "Do Mundo", cujo autor é Herberto Helder. "Instruções para Engolir a Fúria", de João Luís Barreto Guimarães, foi a leitura a 16 de setembro e já aqui regressou. A 6 de outubro leu um trecho da obra "Jakob, O Mentiroso", de Jurek Becker.
"Rebeldes", de Sándor Márai, foi a leitura do dia 11. Mircea Cartarescu e "Duas Formas de Felicidade" surgiram dois dias mais tarde. Seguiu-se "Diários", do poeta Al Berto, a 17 de outubro. Três dias mais tarde propôs "A Herança de Eszter", de Sándor Márai. A 2 de novembro apresentou "Os Irmãos Karamazov", de Fiódor Dostoiévski. Data de 22 de novembro a leitura de "Nicanor Parra: Rey y Mendigo", de Rafael Gumucio. A 30 de novembro leu "Schiu", de Tonino Guerra. No passado dia 12 trouxe "Montaigne", de Stefan Zweig. Recuperei a sua leitura do poema "Instruções para Engolir a Fúria" no dia 16 quando o autor, João Luís Barreto Guimarães, foi distinguido com o Prémio Pessoa. A 23 apresentou um excerto de "Silêncio na Era do Ruído", de Erling Kagge. No dia 6 de janeiro a escolha recaiu sobre "Lições", de Ian McEwan. A 16 de janeiro apresentou "Stalinegrado", de Vasily Grossman. No dia 30 leu um excerto da obra "A Biblioteca à Noite", de Alberto Manguel. De 7 de fevereiro é a leitura de "Remodelações Governamentais", de Mário-Henrique Leiria. A proposta de dia 22 de fevereiro foi "Roseira de Espinho", de Nuno Júdice. No dia 7 de março propôs "Método de Caligrafia para a Mão Esquerda", de António Cabrita. No Especial dedicado ao Dia Mundial do Teatro, a 27 de março, apresentou "Memórias", de Raul Brandão. De 30 de março é a leitura de um trecho da obra "Rebeldes", de Sándor Márai. A 10 de abril propôs "O Amante da Minha Mãe", de Urs Widmer. De 21 de abril é a leitura de um trecho do conto "A Primavera", escrito por Bruno Schulz. Do Especial dedicado ao 25 de Abril constaram poemas de Sara Duarte Brandão. A 2 de maio propôs "A Musa Irregular", de Fernando Assis Pacheco. "Ravel", de Jean Echenoz, é de 6 de junho.
"Tristia", de António Cabrita, foi a sua leitura a 9 de junho. A 23 leu "Foi Ele?", de Stefan Zweig. No dia 7 de julho trouxe "Cartas 1955-1964, volume II", de Julio Cortázar. "Uma Faca nos Dentes", de António José Forte, chegou a 21 de julho. De 30 de agosto é a leitura de um trecho da obra "Servidão Humana", de Somerset Maugham. "Nosotros", de Manuel Vilas, foi a leitura no dia 18. De 22 de setembro é a leitura da obra "A Religião da Cor", de Jorge Sousa Braga. "Exercícios de Humano", de Paulo José Miranda, foi a leitura de 11 de outubro. A 17, "Flores Silvestres", de Abbas Kiarostami, foi a proposta. "Uma História de Xadrez", de Stefan Zweig, foi a leitura de 7 de novembro. Manoel Barros e "O Poeta" surgiram a 13. "A Saga/Fuga de J.B.", de Gonzalo Torrente Ballester, foi a leitura de dia 27. De 11 de dezembro é a leitura de "Uma Arquitetura", de Luiza Neto Jorge.
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