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Paulo Jorge Pereira

Agostinho Costa Sousa lê "O Poeta", de Manoel de Barros

O trabalho literário de Manoel de Barros já por aqui passou noutras ocasiões e hoje regressa com "O Poeta", numa leitura proporcionada por Agostinho Costa Sousa.



Nome grande da poesia do Brasil e da lusofonia, Manoel Wenceslau Leite de Barros nasceu em Cuiabá, no Mato Grosso, a 19 de dezembro de 1916. Faria estudos num colégio interno de Campo Grande (Mato Grosso do Sul) e, mais tarde, já no Rio de Janeiro, chegaria ao estatuto de bacharel em Direito (1941), além de se filiar na Juventude Comunista (afastou-se depois de Luís Carlos Prestes, então líder do Partido Comunista, manifestar apoio ao presidente Getúlio Vargas). Antes, porém, reagindo contra a obra do Padre António Vieira e com influência de autores como Arthur Rimbaud, estreou-se na vida literária com a obra "Poemas Concebidos sem Pecados" (1937). Viajou por Bolívia, Peru ou Nova Iorque, alargando a dimensão da sua escrita poética ao mesmo tempo que cresciam os seus conhecimentos - aproveitou a oportunidade de viver durante um ano na Big Apple para realizar formações em Cinema e Pintura. Assim se tornaria um apreciador de Federico Fellini, Charlie Chaplin, Akira Kurosawa, Luís Buñuel (e, muito mais tarde, Jim Jarmusch), mas também de pintores como Picasso, Chagall, Braque ou Van Gogh. Destes universos chegaria parte da sua inspiração para a escrita de diversos poemas.

Quando voltou ao Brasil conheceu a jovem Stella da Silva e com ela se casou - teriam três filhos: Pedro (morreu em 2013), João (vítima de um acidente aéreo em 2005) e Martha, esta mais tarde administradora dos direitos da obra do pai.

Criador de gado na sua fazenda em pleno pantanal, a partir de 1960 dedicou-se mais a esta faceta da sua vida, embora não deixasse de escrever e publicar. Entre as mais de três dezenas de livros que publicou incluem-se, além da já citada obra de estreia, "Face Imóvel" (1942), "Poesias" (1946), "Compêndio Para Uso dos Pássaros" (1961), "Gramática Expositiva do Chão" (1969), "Matéria de Poesia" (1974), "Arranjos para Assobio" (1982), "O Guardador de Águas" (1989) - agraciado com o Prémio Jabuti de Poesia pela Câmara Brasileira do Livro -, "Concerto a Céu Aberto para Solos de Árvores" (1991), "O Livro das Ignorãças" (1993), "Livro Sobre Nada" (1996), com ilustrações de Wega Nery, "Retrato do Artista Quando Coisa" (1998), com ilustrações de Millôr Fernandes, "Exercícios de Ser Criança" (1999), "O Fazedor de Amanhecer" (2001), Prémio Jabuti para Ficção, "Memórias Inventadas" (2003), ilustrado pela filha, Martha Barros, "Poemas Rupestres" (2004), "Escritos em Verbal de Ave" (2011) e "Portas de Pedro Viana" (2013).

Nos últimos seis meses de vida, o seu estado de saúde tornou-se instável e deixou-o muito debilitado. Internado a 24 de outubro de 2014, o poeta foi submetido a uma operação para desobstrução dos intestinos, mas o quadro clínico complicou-se e, a 13 de novembro, com 97 anos, Manoel de Barros não resistiu e faleceu.

A obra do escritor brasileiro passou por aqui em estreia a 4 de outubro de 2020, por iniciativa de Mazé Torquato Chotil, com um trecho do livro "Memórias Inventadas". A 10 de setembro de 2021, Amílcar Mendes trouxe o poema "Árvore".


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Em 1996, na entrevista que deu ao Estado de São Paulo, o poeta afirmou: "Exploro os mistérios irracionais dentro de uma toca que chamo 'o lugar de ser inútil'." E ainda: "Não uso computador para escrever. Sempre acho que na ponta do meu lápis tem um nascimento."

Agostinho Costa Sousa reside em Espinho e socorre-se da frase de Antón Tchekhov: "A medicina é a minha mulher legítima, a literatura é ilegítima" para se apresentar. Estreou-se a ler por aqui a 9 de maio de 2021 com "A Neve Caindo sobre os Cedros", de David Guterson, seguindo-se "As Cidades Invisíveis", de Italo Calvino, a 16 do mesmo mês, mas também leituras de obras de Manuel de Lima e Alexandra Lucas Coelho a 31 de maio. "Histórias para Uma Noite de Calmaria", de Tonino Guerra, foi a sua escolha no dia 4 de junho. No dia 25 de julho, a sua escolha recaiu em "Veneno e Sombra e Adeus", de Javier Marías, seguindo-se "Zadig ou o Destino", de Voltaire, a 28. O regresso processou-se a 6 de setembro, com "As Velas Ardem Até ao Fim", de Sándor Márai. Seguiram-se "Histórias de Cronópios e de Famas", de Julio Cortázar, no dia 8; "As Palavras Andantes", de Eduardo Galeano, a 11; "Um Copo de Cólera", de Raduan Nassar, a 14; e "Um Amor", de Sara Mesa, no dia 16. A 19 de setembro, a leitura escolhida foi "Ajudar a Estender Pontes", de Julio Cortázar. A 17 de outubro, a proposta centrou-se na poesia de José Carlos Barros com três poemas do livro "Penélope Escreve a Ulisses". Três dias mais tarde leu três poemas inseridos na obra "A Axila de Egon Schiele", de André Tecedeiro.

A 29 de novembro apresentou "Inquérito à Arquitetura Popular Angolana", de José Tolentino de Mendonça. De dia 1 do mês seguinte é a leitura de "Trieste", escrito pela croata Dasa Drndic e, no dia 3, a proposta foi um trecho do livro "Civilizações", escrito por Laurent Binet. No dia 5, Agostinho Costa Sousa dedicou atenção a "Viagens", de Olga Tokarczuk. A 7, a obra "Húmus", de Raul Brandão, foi a proposta apresentada. Dois dias mais tarde, a leitura foi dedicada a um trecho do livro "Duas Solidões - O Romance na América Latina", com Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa. Seguiu-se "O Filho", de Eduardo Galeano, no dia 20. A 23, Agostinho Costa Sousa trouxe "O Vício dos Livros", de Afonso Cruz. Voltou um mês mais tarde com "Esta Gente/Essa Gente", poema de Ana Hatherly. No dia 26 de janeiro, apresentou "Escrever", de Stephen King. Quatro dias mais tarde foi a vez de Maria Gabriela Llansol com "O Azul Imperfeito". "Poemas e Fragmentos", de Safo, e "O Poema Pouco Original do Medo", de Alexandre O'Neill, foram outras recentes participações. Seguiram-se "Se Isto É Um Homem", de Primo Levi, e "Se Isto É Uma Mulher", de Sarah Helm. No dia 18 de março, a leitura proposta foi de um excerto de "Augustus", de John Williams. A 24, Agostinho Costa Sousa leu "Silêncio na Era do Ruído", de Erling Kagge; a 13 de abril, foi a vez do poema "Guernica", de Rui Caeiro e, no dia 20, apresentou um pouco de "Great Jones Street", de Don DeLillo.

No Especial dedicado ao 25 de Abril, a sua escolha foi para "O Sangue a Ranger nas Curvas Apertadas do Coração", escrito por Rui Caeiro, seguindo-se "Ararat", de Louise Glück, no Dia da Mãe e do Trabalhador, a 1 de maio. "Ver: Amor", de David Grossman, foi a proposta de dia 17. No dia 23, a leitura proposta trouxe Elias Canetti com um pouco da obra "O Archote no Ouvido".

A 31 de maio surgiu com "A Borboleta", de Tonino Guerra. A 5 de junho trouxe um excerto do livro "Primeiro Amor, Últimos Ritos", de Ian McEwan. A 17, a escolha recaiu sobre "Hamnet", de Maggie O'Farrell. A 10 de julho, o trecho selecionado saiu da obra "Ofuscante - A Asa Esquerda", do romeno Mircea Cartarescu. No dia 19 de julho apresentou "Uma Caneca de Tinta Irlandesa", de Flann O'Brien. A 31 de julho leu um trecho da obra "Por Cuenta Propia - Leer y Escribir", de Rafael Chirbes. No dia 8 de agosto foi a vez de "No Entres Docilmente en Esa Noche Quieta", de Ricardo Menéndez Salmón. A 15 de agosto apresentou "Julio Cortázar y Cris", de Cristina Peri Rossi. Uma semana mais tarde, a leitura foi de um trecho da obra "Música, Só Música", de Haruki Murakami e Seiji Ozawa. De 12 de setembro é a sua leitura de um poema do livro "Do Mundo", cujo autor é Herberto Helder. "Instruções para Engolir a Fúria", de João Luís Barreto Guimarães, foi a leitura a 16 de setembro e já aqui regressou. A 6 de outubro leu um trecho da obra "Jakob, O Mentiroso", de Jurek Becker.

"Rebeldes", de Sándor Márai, foi a leitura do dia 11. Mircea Cartarescu e "Duas Formas de Felicidade" surgiram dois dias mais tarde. Seguiu-se "Diários", do poeta Al Berto, a 17 de outubro. Três dias mais tarde propôs "A Herança de Eszter", de Sándor Márai. A 2 de novembro apresentou "Os Irmãos Karamazov", de Fiódor Dostoiévski. Data de 22 de novembro a leitura de "Nicanor Parra: Rey y Mendigo", de Rafael Gumucio. A 30 de novembro leu "Schiu", de Tonino Guerra. No passado dia 12 trouxe "Montaigne", de Stefan Zweig. Recuperei a sua leitura do poema "Instruções para Engolir a Fúria" no dia 16 quando o autor, João Luís Barreto Guimarães, foi distinguido com o Prémio Pessoa. A 23 apresentou um excerto de "Silêncio na Era do Ruído", de Erling Kagge. No dia 6 de janeiro a escolha recaiu sobre "Lições", de Ian McEwan. A 16 de janeiro apresentou "Stalinegrado", de Vasily Grossman. No dia 30 leu um excerto da obra "A Biblioteca à Noite", de Alberto Manguel. De 7 de fevereiro é a leitura de "Remodelações Governamentais", de Mário-Henrique Leiria. A proposta de dia 22 de fevereiro foi "Roseira de Espinho", de Nuno Júdice. No dia 7 de março propôs "Método de Caligrafia para a Mão Esquerda", de António Cabrita. No Especial dedicado ao Dia Mundial do Teatro, a 27 de março, apresentou "Memórias", de Raul Brandão. De 30 de março é a leitura de um trecho da obra "Rebeldes", de Sándor Márai. A 10 de abril propôs "O Amante da Minha Mãe", de Urs Widmer. De 21 de abril é a leitura de um trecho do conto "A Primavera", escrito por Bruno Schulz. Do Especial dedicado ao 25 de Abril constaram poemas de Sara Duarte Brandão. A 2 de maio propôs "A Musa Irregular", de Fernando Assis Pacheco. "Ravel", de Jean Echenoz, é de 6 de junho.

"Tristia", de António Cabrita, foi a sua leitura a 9 de junho. A 23 leu "Foi Ele?", de Stefan Zweig.

No dia 7 de julho trouxe "Cartas 1955-1964, volume II", de Julio Cortázar. "Uma Faca nos Dentes", de António José Forte, chegou a 21 de julho. De 30 de agosto é a leitura de um trecho da obra "Servidão Humana", de Somerset Maugham. "Nosotros", de Manuel Vilas, foi a leitura no dia 18. De 22 de setembro é a leitura da obra "A Religião da Cor", de Jorge Sousa Braga. "Exercícios de Humano", de Paulo José Miranda, foi a leitura de 11 de outubro. A 17, "Flores Silvestres", de Abbas Kiarostami, foi a proposta. De 7 de novembro é "Uma História de Xadrez", de Stefan Zweig.

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