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  • Paulo Jorge Pereira

Inês Henriques lê "A Noite e o Riso", de Nuno Bragança

De origem aristocrática e com intervenção nas Brigadas Revolucionárias, Nuno Bragança, autor do argumento do célebre filme "Os Verdes Anos", de Paulo Rocha, é hoje escolhido por Inês Henriques na leitura de um trecho da obra "A Noite e o Riso".



Corria-lhe nas veias sangue aristocrático, pois Nuno Manuel Maria Caupers de Bragança era descendente do rei D. Pedro II, sendo familiar dos duques de Bragança, herdeiros do trono. Nascido a 12 de fevereiro de 1929, iria passar de Agronomia para Direito e licenciar-se em 1957. Por esta altura já dera os passos iniciais no mundo literário, escrevendo para o Encontro, jornal da Juventude Universitária Católica. Admirador da vida noturna e da boémia, praticante de boxe e de caça submarina, admirado por mulheres e delas admirador, empenhou-se também na crítica de cinema e, ao lado de nomes como Alçada Baptista, João Bénard da Costa, Mário Murteira, Pedro Tamen ou Alberto Vaz da Silva, esteve na fundação da emblemática revista O Tempo e o Modo, em 1963. É também desta altura a associação ao realizador Paulo Rocha, assumindo Nuno Bragança a escrita do argumento do filme "Os Verdes Anos", com Rui Gomes, Isabel Ruth e Ruy Furtado nas interpretações, Carlos Paredes na inesquecível música e António Cunha Telles como produtor.

Mas a sua aventureira vida teria outras marcas como, por exemplo, a de ter integrado o Movimento de Ação Revolucionária (MAR) e as Brigadas Revolucionárias. Amigo do poeta e político Manuel Alegre, é com Gérard Castello Lopes, Augusto Cabrita e Fernando Lopes que cuida do documentário "Nacionalidade Português" em 1970. Tema? A emigração. Estreia? Apenas em 1973. Após a Revolução irá dedicar-se às artes dramáticas no teatro A Comuna, à escrita jornalística (Jornal de Letras) e à política (apoiante de Maria de Lourdes Pintassilgo).

Com a depressão a exercer efeitos devastadores durante muito tempo, álcool e comprimidos formaram a mistura que lhe foi fatal a 7 de fevereiro de 1985, cinco dias antes de completar 56 anos.

"A Noite e o Riso", de que hoje é apresentado aqui um excerto por Inês Henriques, foi o primeiro livro que publicou, em 1969. Seguiram-se "Directa" (1977), "Square Tolstoi" (1981), "Estação" (1984) e, já a título póstumo, em 1990, "Do Fim do Mundo". A sua obra, incluindo a peça de rádio "a Morte da Perdiz", deu origem a um só livro intitulado "Obra Completa. 1969-1985", editado em 2009 pelas Publicações D. Quixote.

Casou-se por duas vezes - com Maria Leonor da Fonseca de Matos e Góis Caupers e com Maria Madalena Batalha Pestana -, deixou descendência e, em 2008, a sua vida valeu um documentário de João Pinto Nogueira.


D. Quixote


De 2008 é o documentário "U Omãi qe Dava Pulus", realizado por João Pinto Nogueira e tendo como tema central a história da vida do escritor.

A paixão e o carinho pelos livros têm acompanhado a vida de Inês Henriques. Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas (Estudos Portugueses e Franceses), escolheu o Jornalismo como profissão e o Desporto como área de atuação. Realizado o curso profissional no CENJOR, foi estagiária na Agência Lusa, à qual voltaria mais tarde, e trabalhou no jornal A Bola antes de entrar na redação do Portal Sapo. Neste contexto, a proximidade do desporto adaptado levou-a a escrever "Trazer o Ouro ao Peito - a fantástica história dos atletas paralímpicos portugueses", publicado em 2016. Agora, apesar de já não estar no universo profissional do Jornalismo, continua atenta a essa realidade ao mesmo tempo que tem sempre um livro para ler. E vários autores perto do coração. Inês Henriques tem presença regular e já está na casa das dezenas em participações aqui no blog. Estreou-se a 27 de abril de 2020 com "Perto do Coração Selvagem", de Clarice Lispector; voltou a 10 de maio e leu um excerto de "A Disciplina do Amor", de Lygia Fagundes Telles; no último dia de maio apresentou parte de "351 Tisanas", obra de Ana Hatherly; a 28 de junho, propôs literatura de cordel, com um trecho do livro "Clarisvânia, a Aluna que Sabia Demais", escrito por Luís Emanuel Cavalcanti; a 22 de agosto apresentou um excerto da obra "Contos de Amor, Loucura e Morte", escrita por Horacio Quiroga; a 15 de setembro leu um trecho de "Em Açúcar de Melancia", de Richard Brautigan; a 18 de novembro voltou com "Saudades de Nova Iorque", de Pedro Paixão, e na quinta-feira, 10 de dezembro, prestou a sua homenagem a Clarice Lispector no dia em que a escritora faria 100 anos, lendo um conto do livro "Felicidade Clandestina". Três dias mais tarde apresentava "Os Sete Loucos", de Roberto Arlt. A 3 de janeiro leu um trecho de "Platero e Eu", de Juan Ramón Jiménez. No dia 8 foi a vez de ter o seu livro em destaque por aqui, quando li um excerto de "Trazer o Ouro ao Peito". A 23, a Inês voltou e leu um trecho do livro "O Torcicologologista, Excelência", de Gonçalo M. Tavares e no dia 1 de fevereiro foi uma das participantes no Especial dedicado ao Dia Mundial da Leitura em Voz Alta com "Papéis Inesperados", de Julio Cortázar. A 13 de fevereiro apresentou um excerto do livro "Girl, Woman, Other", de Bernardine Evaristo, participando a 8 de março no Especial dedicado ao Dia Internacional da Mulher com a leitura de um trecho do livro "A Ilha de Circe", de Natália Correia. A 5 de maio participou, com Armando Liguori Junior, no Especial dedicado ao Dia Mundial da Língua Portuguesa. No dia 22 de maio, ao lado de Raquel Laranjeira Pais e Rui Guedes, contribuiu para o Especial dedicado ao Dia do Autor Português. A 1 de junho interveio no Especial do Dia Mundial da Criança com "Ulisses", de Maria Alberta Menéres. No passado dia 7 de agosto, Inês Henriques leu um pouco da obra de estreia de Duarte Baião, "Crónicas do Desassossego". Chico Buarque e "Essa Gente" estiveram na sua leitura a 17 deste mês e, no dia 20, foi a vez de um pedaço do livro "À Noite Logo se Vê", de Mário Zambujal. "Sobre o Amor", de Charles Bukowski, foi a sua leitura de 7 de setembro, seguindo-se "Na América, Disse Jonathan", dois dias mais tarde. No domingo, dia 12, foi "Dom Casmurro", de Machado de Assis, a sua escolha para ler. Dia 15 foi o escolhido para apresentar "Coração, Cabeça e Estômago", de Camilo Castelo Branco. "Flores", de Afonso Cruz, foi a sua proposta no passado dia 17. A 21 de setembro apresentou "Normal People", de Sally Rooney. A 30 de setembro revelara a mais recente leitura: "Sartre e Beauvoir: A História de uma Vida em Comum", de Hazel Rowley. "Desamor", de Nuno Ferrão, surgiu a 20 de novembro, seguindo-se, além da já mencionada em cima leitura de "Amor Portátil", também a obra "Niketche: Uma História de Poligamia", de Paulina Chiziane, no dia 13, e ainda "Olhos Azuis, Cabelo Preto", de Marguerite Duras, no dia 22. Na véspera de Natal, Pedro Paixão e "A Noiva Judia" foram os convidados na leitura de Inês Henriques. A 1 de fevereiro, Dia Mundial da Leitura em Voz Alta, apresentou um trecho de "Todas as Crónicas", de Clarice Lispector. "Platero e Eu", de Juan Ramón Jiménez, que aqui estivera em janeiro de 2021, regressou no sábado, dia 12 de fevereiro. Dois dias depois começava a leitura de excertos do livro "A Nossa Necessidade de Consolo é Impossível de Satisfazer", do sueco Stig Dagerman, que se concluiu a 19 de fevereiro. A 28, o regresso às leituras por aqui fez-se com um excerto de "Pedro Lembrando Inês", de Nuno Júdice. "Um, Ninguém e Cem Mil", de Luigi Pirandello, foi a leitura proposta no passado dia 4. "Putas Assassinas", de Roberto Bolaño, surgiu a 10 de março. Herberto Helder e "A Menstruação Quando na Cidade Passava", do livro "Poemas "Completos", foram a leitura seguinte.


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