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  • Paulo Jorge Pereira

Especial 25 de Abril/50 Anos: Agostinho Costa Sousa lê "O Povo Vencido Jamais Será Unido", de Capicua

No dia em que se celebram os 50 anos da Revolução que derrubou a ditadura, Agostinho Costa Sousa apresenta como proposta "O Povo Vencido Jamais Será Unido", de Capicua, nome pelo qual é mais conhecida a rapper Ana Matos Fernandes.



Uma invulgar sensibilidade não apenas para a música, mas também para as questões sociais e políticas, em aliança com um agudo sentido crítico e o domínio total de diferentes linguagens: assim é Capicua, nome artístico da rapper Ana Matos Fernandes, cujo trabalho musical ganhou merecido relevo a partir de 2012. Mas, bem antes de conquistar espaço mediático, houve um percurso: nascida no Porto, Ana Matos Fernandes nunca perdeu de vista a paixão pelo universo musical, embora atribuísse prioridade à formação. Licenciada em Sociologia no ISCTE, iria doutorar-se na área da Geografia Humana em Barcelona. E só então se dedicou às primeiras experiências de música: Syzygy (2006); Mau Feitio (2007) e Capicua goes Preemo (Mixtape Vol.1), este em 2008.

O álbum homónimo sai em 2012 e aí o seu trabalho atinge a dimensão de fenómeno, celebrado na imprensa e nos palcos, não só em Portugal, mas também à escala internacional. De 2013 é Capicua goes West (Mixtape Vol.2), seguindo-se Sereia Louca (2014) e Medusa (2015). A convite da Câmara do Porto, entre 2014 e 2018 integra, ao lado de André Tentugal, Vasco Mendes e Gisela Borges, a direção artística do projeto OUPA! que, passando de modo sucessivo pelo Bairro do Cerco, por Ramalde e Lordelo, ganha forma em diferentes manifestações artísticas: residências, oficinas de escrita, vídeo, produção de música, entre outras.

No auge da popularidade, em entrevista ao Diário de Notícias, a 11 de abril de 2015, deixa bem explícita a forma como se posiciona e a importância que assume para si a luta pela afirmação e emancipação no feminino. "Há sempre uma enorme expectativa em relação às mulheres. Não basta sermos boas naquilo que fazemos, temos de ser bonitas e nunca partir uma unha e ainda temos de ter tempo para ir ao ginásio e só comer alface", sublinha. Desengane-se, porém, quem pretender encontrar em Capicua o sumário dessa visão: "Eu não sou essa pessoa", vinca. "E não tenho de viver com o peso dessa expectativa. Não só não me sinto culpada em não ser essa pessoa como tenho orgulho em ser como sou. O que é espantoso é que esta coisa tão simples que é seres tu própria é algo subversivo nas mulheres. Esta atitude despojada de fazer a minha música e dizer o que tenho a dizer é subversiva na nossa sociedade", conclui.

Em 2019, uma nova faceta surge na vida da intérprete: o filho, Romeu, nasce em fevereiro. Ainda assim, Capicua prossegue o seu trabalho musical e Madrepérola aparece em 2020, numa fase em que o percurso já está também marcado por diversas colaborações, salientando-se, claro, o nome de Sérgio Godinho nessa lista. Mas também escreve canções para outras intérpretes: Gisela João, Clã, Ana Bacalhau, Camané e Aline Frazão são alguns exemplos e, mais recentemente, Aldina Duarte, que confessou em público o fascínio e a admiração pela capacidade incomum da parceira musical.

Entretanto, além de colecionar prémios, é ainda convidada para escrever como cronista na revista Visão e no Jornal de Notícias, além da participação no programa radiofónico Duas de Letra (Antena 3). A sua intervenção pública cresce, assim como o respeito pelo modo como escreve sobre temas como a violência doméstica, a misoginia, as desigualdades sociais, a discriminação, o racismo, a xenofobia e outros.

De 2021 é a escrita da peça "A Tralha" e, no ano seguinte, publica o livro "Aquário", antes de escrever "Cor-de-Margarida", neste caso para leitores mais jovens, em 2023.


A voz de Capicua não se limita a canções e distribui-se por diferentes meios, universos e temáticas, destacando-se o combate às desigualdades e injustiças sociais.

Agostinho Costa Sousa reside em Espinho e socorre-se da frase de Antón Tchekhov: "A medicina é a minha mulher legítima, a literatura é ilegítima" para se apresentar. Estreou-se a ler por aqui a 9 de maio de 2021 com "A Neve Caindo sobre os Cedros", de David Guterson, seguindo-se "As Cidades Invisíveis", de Italo Calvino, a 16 do mesmo mês, mas também leituras de obras de Manuel de Lima e Alexandra Lucas Coelho a 31 de maio. "Histórias para Uma Noite de Calmaria", de Tonino Guerra, foi a sua escolha no dia 4 de junho. No dia 25 de julho, a sua escolha recaiu em "Veneno e Sombra e Adeus", de Javier Marías, seguindo-se "Zadig ou o Destino", de Voltaire, a 28. O regresso processou-se a 6 de setembro, com "As Velas Ardem Até ao Fim", de Sándor Márai. Seguiram-se "Histórias de Cronópios e de Famas", de Julio Cortázar, no dia 8; "As Palavras Andantes", de Eduardo Galeano, a 11; "Um Copo de Cólera", de Raduan Nassar, a 14; e "Um Amor", de Sara Mesa, no dia 16. A 19 de setembro, a leitura escolhida foi "Ajudar a Estender Pontes", de Julio Cortázar. A 17 de outubro, a proposta centrou-se na poesia de José Carlos Barros com três poemas do livro "Penélope Escreve a Ulisses". Três dias mais tarde leu três poemas inseridos na obra "A Axila de Egon Schiele", de André Tecedeiro.

A 29 de novembro apresentou "Inquérito à Arquitetura Popular Angolana", de José Tolentino de Mendonça. De dia 1 do mês seguinte é a leitura de "Trieste", escrito pela croata Dasa Drndic e, no dia 3, a proposta foi um trecho do livro "Civilizações", escrito por Laurent Binet. No dia 5, Agostinho Costa Sousa dedicou atenção a "Viagens", de Olga Tokarczuk. A 7, a obra "Húmus", de Raul Brandão, foi a proposta apresentada. Dois dias mais tarde, a leitura foi dedicada a um trecho do livro "Duas Solidões - O Romance na América Latina", com Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa. Seguiu-se "O Filho", de Eduardo Galeano, no dia 20. A 23, Agostinho Costa Sousa trouxe "O Vício dos Livros", de Afonso Cruz. Voltou um mês mais tarde com "Esta Gente/Essa Gente", poema de Ana Hatherly. No dia 26 de janeiro, apresentou "Escrever", de Stephen King. Quatro dias mais tarde foi a vez de Maria Gabriela Llansol com "O Azul Imperfeito". "Poemas e Fragmentos", de Safo, e "O Poema Pouco Original do Medo", de Alexandre O'Neill, foram outras recentes participações. Seguiram-se "Se Isto É Um Homem", de Primo Levi, e "Se Isto É Uma Mulher", de Sarah Helm. No dia 18 de março, a leitura proposta foi de um excerto de "Augustus", de John Williams. A 24, Agostinho Costa Sousa leu "Silêncio na Era do Ruído", de Erling Kagge; a 13 de abril, foi a vez do poema "Guernica", de Rui Caeiro e, no dia 20, apresentou um pouco de "Great Jones Street", de Don DeLillo.

No Especial dedicado ao 25 de Abril, a sua escolha foi para "O Sangue a Ranger nas Curvas Apertadas do Coração", escrito por Rui Caeiro, seguindo-se "Ararat", de Louise Glück, no Dia da Mãe e do Trabalhador, a 1 de maio. "Ver: Amor", de David Grossman, foi a proposta de dia 17. No dia 23, a leitura proposta trouxe Elias Canetti com um pouco da obra "O Archote no Ouvido".

A 31 de maio surgiu com "A Borboleta", de Tonino Guerra. A 5 de junho trouxe um excerto do livro "Primeiro Amor, Últimos Ritos", de Ian McEwan. A 17, a escolha recaiu sobre "Hamnet", de Maggie O'Farrell. A 10 de julho, o trecho selecionado saiu da obra "Ofuscante - A Asa Esquerda", do romeno Mircea Cartarescu. No dia 19 de julho apresentou "Uma Caneca de Tinta Irlandesa", de Flann O'Brien. A 31 de julho leu um trecho da obra "Por Cuenta Propia - Leer y Escribir", de Rafael Chirbes. No dia 8 de agosto foi a vez de "No Entres Docilmente en Esa Noche Quieta", de Ricardo Menéndez Salmón. A 15 de agosto apresentou "Julio Cortázar y Cris", de Cristina Peri Rossi. Uma semana mais tarde, a leitura foi de um trecho da obra "Música, Só Música", de Haruki Murakami e Seiji Ozawa. De 12 de setembro é a sua leitura de um poema do livro "Do Mundo", cujo autor é Herberto Helder. "Instruções para Engolir a Fúria", de João Luís Barreto Guimarães, foi a leitura a 16 de setembro e já aqui regressou. A 6 de outubro leu um trecho da obra "Jakob, O Mentiroso", de Jurek Becker.

"Rebeldes", de Sándor Márai, foi a leitura do dia 11. Mircea Cartarescu e "Duas Formas de Felicidade" surgiram dois dias mais tarde. Seguiu-se "Diários", do poeta Al Berto, a 17 de outubro. Três dias mais tarde propôs "A Herança de Eszter", de Sándor Márai. A 2 de novembro apresentou "Os Irmãos Karamazov", de Fiódor Dostoiévski. Data de 22 de novembro a leitura de "Nicanor Parra: Rey y Mendigo", de Rafael Gumucio. A 30 de novembro leu "Schiu", de Tonino Guerra. No passado dia 12 trouxe "Montaigne", de Stefan Zweig. Recuperei a sua leitura do poema "Instruções para Engolir a Fúria" no dia 16 quando o autor, João Luís Barreto Guimarães, foi distinguido com o Prémio Pessoa. A 23 apresentou um excerto de "Silêncio na Era do Ruído", de Erling Kagge. No dia 6 de janeiro a escolha recaiu sobre "Lições", de Ian McEwan. A 16 de janeiro apresentou "Stalinegrado", de Vasily Grossman. No dia 30 leu um excerto da obra "A Biblioteca à Noite", de Alberto Manguel. De 7 de fevereiro é a leitura de "Remodelações Governamentais", de Mário-Henrique Leiria. A proposta de dia 22 de fevereiro foi "Roseira de Espinho", de Nuno Júdice. No dia 7 de março propôs "Método de Caligrafia para a Mão Esquerda", de António Cabrita. No Especial dedicado ao Dia Mundial do Teatro, a 27 de março, apresentou "Memórias", de Raul Brandão. De 30 de março é a leitura de um trecho da obra "Rebeldes", de Sándor Márai. A 10 de abril propôs "O Amante da Minha Mãe", de Urs Widmer. De 21 de abril é a leitura de um trecho do conto "A Primavera", escrito por Bruno Schulz. Do Especial dedicado ao 25 de Abril constaram poemas de Sara Duarte Brandão. A 2 de maio propôs "A Musa Irregular", de Fernando Assis Pacheco. "Ravel", de Jean Echenoz, é de 6 de junho.

"Tristia", de António Cabrita, foi a sua leitura a 9 de junho. A 23 leu "Foi Ele?", de Stefan Zweig. No dia 7 de julho trouxe "Cartas 1955-1964, volume II", de Julio Cortázar. "Uma Faca nos Dentes", de António José Forte, chegou a 21 de julho. De 30 de agosto é a leitura de um trecho da obra "Servidão Humana", de Somerset Maugham. "Nosotros", de Manuel Vilas, foi a leitura no dia 18. De 22 de setembro é a leitura da obra "A Religião da Cor", de Jorge Sousa Braga. "Exercícios de Humano", de Paulo José Miranda, foi a leitura de 11 de outubro. A 17, "Flores Silvestres", de Abbas Kiarostami, foi a proposta. "Uma História de Xadrez", de Stefan Zweig, foi a leitura de 7 de novembro. Manoel Barros e "O Poeta" surgiram a 13. "A Saga/Fuga de J.B.", de Gonzalo Torrente Ballester, foi a leitura de dia 27.

De 11 de dezembro é a leitura de "Uma Arquitetura", de Luiza Neto Jorge. "Viagens com o Charley", de John Steinbeck, foi lido no dia 29. A 5 de janeiro trouxe "A Gaivota", de Sándor Márai. A leitura de 15 de janeiro foi "En Esta Noche, En Este Mundo", de Alejandra Pizarnik. De 23 de janeiro é a leitura de um excerto da obra "O Pêndulo de Foucault", de Umberto Eco. A 5 de fevereiro trouxe "O Mal de Montano", de Enrique Vila-Matas. De 26 de fevereiro é a leitura de um trecho da obra "A Pesca à Linha - Algumas Memórias", de António Alçada Baptista. A 14 de março propôs "Servidão Humana", de Somerset Maugham. De 25 de março é "Nítido Nulo", de Vergílio Ferreira. A 16 de abril propôs "Diário Volúvel", de Enrique Vila-Matas. "Vozes", de Antonio Porchia, foi a leitura a 22 de abril.

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