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Paulo Jorge Pereira

Especial Dia Mundial do Livro: Inês Henriques lê "Manifestos", de Almada Negreiros

Pintou, desenhou, escreveu poesia, ensaios, romance e peças de teatro, um provocador que viveu intensamente e assumiu-se como um dos principais nomes do Movimento Modernista em Portugal: Almada Negreiros e o seu "Manifestos" são as propostas de hoje, apresentadas por Inês Henriques.



Artista plástico e escritor, inconformado, rebelde, personalidade marcante da arte e da literatura em Portugal, José Sobral de Almada Negreiros nasceu a 7 de abril de 1893 na roça da Saudade, em Trindade, São Tomé e Príncipe. O pai, António, era tenente de cavalaria e administrava o concelho de São Tomé; a mãe, Elvira, herdara fortuna do pai, dono de terras e exportador de cacau, mas viria a morrer no parto do que teria sido o terceiro filho quando Almada tinha apenas três anos. A mudança para Lisboa iria acontecer em 1900, quando o pai foi indigitado para vice-cônsul e responsável pelo pavilhão das colónias na Exposição Universal de Paris. Com o irmão, António, Almada acabou em regime de internato no Colégio Jesuíta de Campolide, fundado pelo padre Rademaker em 1858 (atual Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa), daqui saindo somente após a instauração da República, a 5 de outubro de 1910.

A veia artística de Almada Negreiros revela-se logo em 1911, ano dos primeiros desenhos humorísticos, alguns publicados no jornal A Sátira, quando já estuda na Escola Internacional. De 1912 é A Paródia, jornal que ilustra e escreve na instituição escolar, seguindo-se as primeiras exposições. "O humor é tão importante que foi o elo com que se passou do século XIX para o XX", dirá, muitos anos mais tarde, em entrevista à RTP que mencionarei adiante.

Colabora com jornais e revistas, inicia-se na poesia, desenha cartazes e, em 1915, escreve "A Engomadeira". Conhece Luís de Montalvor, Mário de Sá-Carneiro, Santa Rita Pintor, Raul Leal e José Pacheco e participa no primeiro número da revista Orpheu ao lado de alguns destes nomes e com Fernando Pessoa. À crítica feita pelo médico e escritor Júlio Dantas sobre a revista reage com a publicação do famoso Manifesto anti-Dantas, pouco depois da estreia da peça que aquele escreveu, sob o título "Soror Mariana de Alcoforado". Ganha relevo no Modernismo e no Futurismo, integra a revista Portugal Futurista com nomes como Amadeo de Souza-Cardoso, Santa Rita Pintor, Mário de Sá-Carneiro, entre outros, e destaca-se na conferencia Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do século XX. De 1917 é ainda "K4 O Quadrado Azul" e, no ano seguinte, envolve-se de corpo e alma no bailado com o grupo de Helena de Castelo Melhor.

Em 1919 vive e trabalha em Paris, mas logo regressa a Lisboa e, em 1921, intervém na conferência A Invenção do Dia Claro. Volta a participar em jornais, revistas e exposições, escreve "Nome de Guerra" e, da análise aos painéis de Nuno Gonçalves, resulta um artigo seu no Diário de Notícias: "A questão dos painéis; a história de um acaso de uma importante descoberta e do seu autor". Madrid acolhe-o em 1927 e será aí que irá escrever duas peças com dedicatória a Sarah Affonso, futura mulher, também ela um nome maior da arte moderna e última aluna de Columbano Bordalo Pinheiro no curso de pintura em Belas Artes: "Deseja-se Mulher" e "SOS". Volta à capital portuguesa em 1932 e desenvolve diversos trabalhos. Em março de 1934 casa-se com Sarah Affonso e, no ano seguinte, nasce o primeiro filho (José Afonso, que terá uma irmã, Ana Paula, a partir de 1942). Nunca deixa de exercer intensa atividade multidisciplinar e colabora com o arquiteto Pardal Monteiro em obras como a igreja de Nossa Senhora de Fátima e no edifício do jornal Diário de Notícias.

A década de 40 fica assinalada pela conquista de diversos prémios e pela intensificação da parceria com Pardal Monteiro, seja na Gare Marítima de Alcântara ou com os dois trípticos na Gare Marítima da Rocha Conde de Óbidos. Começa os anos 50 com exposições e a primeira versão do retrato de Fernando Pessoa (1954) que, até 1969, data do encerramento do espaço de reunião da revista Orpheu, esteve no restaurante Irmãos Unidos, no Rossio, cujo dono era o pai de Alfredo Guisado, poeta que integrou a publicação (o retrato seria comprado em leilão no ano de 1970 e, pouco depois, adquirido por Jorge de Brito que o entregou à Câmara de Lisboa, figurando desde a inauguração, em 1993, na Casa Fernando Pessoa, onde também está a placa que António Guilherme, irmão de Alfredo, mandou construir para assinalar a estreia da revista em 1915). A segunda versão do retrato foi pintada por Almada para a Fundação Gulbenkian em 1964.

Os anos 60 são de exposições, escrita, desenhos, pinturas e respostas a encomendas como a do painel "Começar" para a Fundação Gulbenkian, onde ainda figura.

Morreu a 15 de junho de 1970. Cerca de um ano antes, a 25 de maio de 1969, gravou no Teatro Villaret uma entrevista para o programa Zip-Zip, de Raul Solnado e Carlos Cruz, cujos cerca de 25 minutos de duração podem ser vistos no arquivo da RTP.


Almedina


Almada Negreiros foi um dos nomes mais importantes da arte em Portugal no século passado, sendo autor de obra que atravessa diversas disciplinas.

Inês Henriques é presença regular aqui no blog. A paixão e o carinho pelos livros têm acompanhado a sua vida. Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas (Estudos Portugueses e Franceses), escolheu o Jornalismo como profissão e o Desporto como área de atuação. Realizado o curso profissional no CENJOR, foi estagiária na Agência Lusa, à qual voltaria mais tarde, e trabalhou no jornal A Bola antes de entrar na redação do Portal Sapo. Neste contexto, a proximidade do desporto adaptado levou-a a escrever "Trazer o Ouro ao Peito - a fantástica história dos atletas paralímpicos portugueses", publicado em 2016. Agora, apesar de já não estar no universo profissional do Jornalismo, continua atenta a essa realidade ao mesmo tempo que tem sempre um livro para ler. E vários autores perto do coração. Aqui no blog, estreou-se a 27 de abril de 2020 com "Perto do Coração Selvagem", de Clarice Lispector; voltou a 10 de maio e leu um excerto de "A Disciplina do Amor", de Lygia Fagundes Telles; no último dia de maio apresentou parte de "351 Tisanas", obra de Ana Hatherly; a 28 de junho, propôs literatura de cordel, com um trecho do livro "Clarisvânia, a Aluna que Sabia Demais", escrito por Luís Emanuel Cavalcanti; a 22 de agosto apresentou um excerto da obra "Contos de Amor, Loucura e Morte", escrita por Horacio Quiroga; a 15 de setembro leu um trecho de "Em Açúcar de Melancia", de Richard Brautigan; a 18 de novembro voltou com "Saudades de Nova Iorque", de Pedro Paixão, e na quinta-feira, 10 de dezembro, prestou a sua homenagem a Clarice Lispector no dia em que a escritora faria 100 anos, lendo um conto do livro "Felicidade Clandestina". Três dias mais tarde apresentava "Os Sete Loucos", de Roberto Arlt.

A 3 de janeiro leu um trecho de "Platero e Eu", de Juan Ramón Jiménez. No dia 8 foi a vez de ter o seu livro em destaque por aqui, quando li um excerto de "Trazer o Ouro ao Peito". A 23, a Inês voltou e leu um trecho do livro "O Torcicologologista, Excelência", de Gonçalo M. Tavares e no dia 1 de fevereiro foi uma das participantes no Especial dedicado ao Dia Mundial da Leitura em Voz Alta com "Papéis Inesperados", de Julio Cortázar.

A 13 de fevereiro apresentou um excerto do livro "Girl, Woman, Other", de Bernardine Evaristo, participando a 8 de março no Especial dedicado ao Dia Internacional da Mulher com a leitura de um trecho do livro "A Ilha de Circe", de Natália Correia. A 5 de maio participou, com Armando Liguori Junior, no Especial dedicado ao Dia Mundial da Língua Portuguesa. No dia 22 de maio, ao lado de Raquel Laranjeira Pais e Rui Guedes, contribuiu para o Especial dedicado ao Dia do Autor Português. A 1 de junho interveio no Especial do Dia Mundial da Criança com "Ulisses", de Maria Alberta Menéres.

A 7 de agosto, Inês Henriques leu um pouco da obra de estreia de Duarte Baião, "Crónicas do Desassossego". Chico Buarque e "Essa Gente" estiveram na sua leitura a 17 deste mês e, no dia 20, foi a vez de um pedaço do livro "À Noite Logo se Vê", de Mário Zambujal. "Sobre o Amor", de Charles Bukowski, foi a sua leitura de 7 de setembro, seguindo-se "Na América, Disse Jonathan", dois dias mais tarde. No domingo, dia 12, foi "Dom Casmurro", de Machado de Assis, a sua escolha para ler. Dia 15 foi o escolhido para apresentar "Coração, Cabeça e Estômago", de Camilo Castelo Branco. "Flores", de Afonso Cruz, foi a sua proposta no passado dia 17. A 21 de setembro apresentou "Normal People", de Sally Rooney. A 30 de setembro revelara a mais recente leitura: "Sartre e Beauvoir: A História de uma Vida em Comum", de Hazel Rowley. "Desamor", de Nuno Ferrão, surgiu a 20 de novembro, seguindo-se, além da já mencionada em cima leitura de "Amor Portátil", também a obra "Niketche: Uma História de Poligamia", de Paulina Chiziane, no dia 13, e ainda "Olhos Azuis, Cabelo Preto", de Marguerite Duras, no dia 22. Na véspera de Natal, Pedro Paixão e "A Noiva Judia" foram os convidados na leitura de Inês Henriques. A 1 de fevereiro, Dia Mundial da Leitura em Voz Alta, apresentou um trecho de "Todas as Crónicas", de Clarice Lispector. "Platero e Eu", de Juan Ramón Jiménez, que aqui estivera em janeiro de 2021, regressou no sábado, dia 12 de fevereiro. Dois dias depois começava a leitura de excertos do livro "A Nossa Necessidade de Consolo é Impossível de Satisfazer", do sueco Stig Dagerman, que se concluiu a 19 de fevereiro. A 28, o regresso às leituras por aqui fez-se com um excerto de "Pedro Lembrando Inês", de Nuno Júdice. "Um, Ninguém e Cem Mil", de Luigi Pirandello, foi a leitura proposta no dia 4 de março. "Putas Assassinas", de Roberto Bolaño, surgiu a 10 de março. Herberto Helder e "A Menstruação Quando na Cidade Passava", do livro "Poemas "Completos", foram a leitura seguinte. No dia 19, a proposta recaiu sobre "A Noite e o Riso", de Nuno Bragança.

A 2 de abril, aqui se recuperara a sua leitura de um trecho da obra "Em Açúcar de Melancia", de Richard Brautigan. No dia seguinte homenageou a falecida Lygia Fagundes Telles com um trecho da obra "A Disciplina do Amor" e a 23 aqui recuperei a sua leitura de "Novas Cartas Portuguesas", de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa. No Especial dedicado ao 25 de Abril, Inês Henriques apresentou um excerto da obra "Os Filhos da Madrugada", de Anabela Mota Ribeiro. A 5 de maio, no Especial dedicado ao Dia Mundial da Língua Portuguesa, propôs "Manual de Pintura e Caligrafia", de José Saramago. A 6 de junho leu "A Sangrada Família", de Sandro William Junqueira. No dia 1 de agosto, a escolha recaiu no japonês Junichiro Tanizaki com um excerto da obra "A Confissão Impudica". De 10 de outubro é a homenagem à nova Nobel da Literatura, Annie Ernaux, com um excerto do livro "Uma Paixão Simples". De 10 de outubro é a homenagem à nova Nobel da Literatura, Annie Ernaux, com um excerto do livro "Uma Paixão Simples". A 21 de outubro leu "Para Onde Vão os Guarda-Chuvas", de Afonso Cruz. De 14 de novembro, no Especial Centenário de José Saramago, é a recuperação da sua leitura de um excerto da obra "Manual de Pintura e Caligrafia". No Especial 1.000 Leituras de dia 23, "A História de Roma", de Joana Bértholo, foi a sua escolha. No dia 28 trouxe um pouco do livro "A Carne", cuja autora é Rosa Montero. O último dia de 2022 mostrou-a a ler um trecho da obra "Lavoura Arcaica", de Raduan Nassar. Voltou a 10 de fevereiro e leu um pouco do livro "Um Bom Homem É Difícil de Encontrar", de Flannery O'Connor. No dia 14 de fevereiro, a leitura proposta foi "Falha", de Sarah Kane. A 8 de março, no Especial sobre o Dia Internacional da Mulher, leu "Os Anos", de Annie Ernaux. E, a 21, quando aqui surgiu o Especial dedicado ao Dia Mundial da Poesia, cá esteve a ler "What's in a Name", de Ana Luísa Amaral. "A Cerimónia do Adeus", de Simone de Beauvoir, foi a sua proposta de 31 de março. A 26 de abril leu um excerto de "Sopro", de Tiago Rodrigues. De 9 de maio é o regresso de "351 Tisanas", de Ana Hatherly. "Na América, Disse Jonathan", de Gonçalo M. Tavares, voltou a 26 de maio. "A Solidão dos Inconstantes", de Raquel Serejo Martins, foi a proposta de 12 de junho. Camilo Castelo Branco e o seu "Coração, Cabeça e Estômago" voltaram a 26 de junho.

A 30 de junho leu "Garden Party", de Katherine Mansfield. A 5 de julho voltou "Sobre o Amor", de Charles Bukowski. "Karen", de Ana Teresa Pereira, é de 28 de julho. A 7 de agosto chegou "Um Crime Delicado", de Sérgio Sant'Anna. "Neverness", uma vez mais de Ana Teresa Pereira, foi a sugestão de 20 de agosto. Maria Gabriela Llansol foi a autora selecionada para as leituras seguintes: "Cantileno", a 25 de agosto (e que hoje volta), e "O Sonho é um Grande Escritor", a 1 de setembro. "Pedro Lembrando Inês", de Nuno Júdice, voltou a 8 de setembro. De 13 de setembro é a sua homenagem no centenário de Natália Correia com a "Poesia Reunida". "A Casa do Incesto", de Anaïs Nin, foi a leitura de 2 de outubro. A 16 de outubro trouxe uma primeira leitura da obra de Ana Cássia Rebelo com "Babilónia". A segunda apresentou um trecho da obra "Ana de Amsterdam", no dia 23. De 6 de novembro é a leitura de um trecho de "Dano e Virtude", cuja autora é Ivone Mendes da Silva. A 24 leu "Todos os Dias uma Carta", de Maria Gabriela Llansol. De 9 de dezembro é a sua leitura de um trecho do meu segundo romance, intitulado "Filho da PIDE". A 26 de dezembro trouxe "Desassossego das Crónicas", de Duarte Baião.

De 18 de janeiro é o regresso de "Em Açúcar de Melancia", de Richard Brautigan. A 2 de fevereiro voltou "Todas as Crónicas", de Clarice Lispector. "Os Anos", de Annie Ernaux, foi a leitura que voltou a 14 de fevereiro. De 24 de fevereiro é a recuperação de "Filho da PIDE". A 1 de março trouxe "No Jardim do Ogre", de Leïla Slimani. O Especial de dia 17 homenageou o poeta Nuno Júdice com "Pedro Lembrando Inês". A 21 de março, no Especial dedicado ao Dia Mundial da Poesia, voltou "What's in a Name", de Ana Luísa Amaral. "A Pessoa Deslocada", de Flannery O'Connor, foi de novo leitura a 9 de março. "As Longas Tardes de Chuva em Nova Orleães", de Ana Teresa Pereira, veio a 5 de abril. "Cantileno", de Maria Gabriela Llansol, foi a leitura a 9 de abril.

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